Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.

Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.

Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.

Jalal al-Din Husain Rumi - Poema Sufi

Faltam-te pés para viajar?

Viaja dentro de ti mesmo,

E reflete, como a mina de rubis,

Os raios de sol para fora de ti.

A viagem conduzirá a teu ser,

transmutará teu pó em ouro puro.

Morgenstern?! Ao final do Blog!


quinta-feira, 24 de maio de 2012

BIDI - 21 de maio de 2012 - Autres Dimensions



Pergunta: refutar e dizer: "Pai, entrego o meu espírito em suas mãos, porque tudo está consumado", facilita a Dissolução?
Desde quando o Pai tem mãos? Desde quando você tem algo para dar para alguém? Ao pronunciar essa frase, você se afasta de sua própria Dissolução no Absoluto, já que você considera que existe um Pai (onde quer que ele esteja situado). Você mantém então o Si.

O Abandono do Si não repõe, o que quer que seja, ao Pai mas se repõe em outra coisa (além de toda forma, de todo nome e de toda definição). Não há nada a fazer: ficar tranquilo, passivo. Tudo acontece sem nenhuma intenção, sem nenhuma prece, porque a prece considera que há alguma coisa exterior.

É o princípio mesmo e o fundamento de todas as religiões que os levam a criar, a conceitualizar, algo de inacessível. O Pai: é a Fonte. A Fonte não é o Absoluto.

Agora, você faça como quiser.

Pergunta: o Arcanjo Anael nos tinha dito para dizer essa frase, no momento final.
Para experimentar o Si, para estabelecer o Si, mas não o não-Si. Para criar uma identificação, chamada Comunhão. Mas a Comunhão não é a Dissolução.

Fusionar, não é ser fundido. Há uma diferença. O nome mesmo que você criou, cria uma demanda e uma falta. O Absoluto não pode ser nenhuma falta.

Pergunta: você disse, "Nada pode durar do que está inscrito no tempo deste mundo exceto, o que não se move, que está imóvel". E isso se revelará somente pela refutação e pelo interrogatório de "Quem sou eu"?
Encontre-me algo que não se move, neste mundo que gira ao redor de outra coisa. É uma visão do espírito. O Centro não pode ser neste mundo. Ele está em toda parte, além do Todo.

O tempo é o espaço. Desde que você tenha saído do tempo, da ilusão, que é acreditar que existe um tempo separado de um espaço, e um espaço separado de um tempo, criando a distância. Isso não existe.

O Centro não está em nenhum tempo. Ou então, ele é todos os tempos, mas no espaço (que é o tempo).

A separação do tempo e do espaço participa da ilusão.
Quando você é o Absoluto, o tempo não existe. Ele é o espaço e, nesse espaço você não tem mais pessoas, você não é mais uma pessoa, você não é mais um indivíduo, e onde você não é mais um indivíduo: você é o Centro, o Absoluto. E ali você percebe (além de toda percepção já que você se fundiu), o azul noite e os bilhões de estrelas. Ali, você não se move. E você está em nenhum lugar e em todo lugar.

Você não pode ser limitado a qualquer tempo ou qualquer espaço. Só o ego sustenta o tempo porque o que se move, o que é efêmero, está inscrito no tempo, sempre (que isso seja o saco de comida, seus pensamentos, seus afetos, quaisquer que eles sejam).

Pergunta: é desejável passar pela Fusão com meu Pai e a Dissolução nele mesmo para se tornar Um, e somente após isso, encarar o Absoluto?
Encarar o Absoluto não permite ser Absoluto. O que há é que desde que você solte tudo o que você acredita ser (e mesmo o Si) você penetra na não-consciência (ou a-consciência).

Os mecanismos de Dissolução são, antes de tudo, o Abandono do Si, o Abandono do Eu Sou. A partir desse momento, manifesta-se o Duplo. Qualquer que ele seja, não o personifique (mesmo se ele está personificado), porque esse encontro permite o Absoluto.

Se você fosse capaz de fundir-se com um rebento de grama, você viveria exatamente a mesma coisa. Mas, por razões de conveniência, você escolhe, em geral, um deus (qualquer que ele seja), um molde ou um outro Ser. Na verdade, você não o escolhe: ele é aquele que se manifesta pela sua própria ressonância, como uma imagem em espelho.

Enquanto você não realizou o Si (se for esse o caso), é preferível escolher uma imagem. Mas chega um momento em que a imagem, ela mesma, deve se fundir (como você se funde).

Não há nenhuma necessidade de entidade, nem de você, aliás. É necessário sair da visão que restabelece tudo, a si mesmo. O pensamento é assim (o mental também), faz com que você tenha necessidade de vê-los. Tanto que você acredita ver, através de algo exterior a você, você não se vê. E por uma razão: nada deve voltar a si mesmo, é necessário dar o Si.

Enquanto existe uma experiência, enquanto existe uma sede de experiência, enquanto existe uma contemplação do Si, do Eu Sou, o Absoluto não é desvelado. Mas, para muitos, isso é muito difícil. Assim, nesses casos, permaneça no Si. Mas, de qualquer forma, mantenha-se tranquilo. Pois quem joga o jogo de querer jogar alguma coisa? Seja o espectador, se você não pode sair do teatro. Mas não seja aquele representa o papel.

Esqueça-se, totalmente. O que quer que lhe diga seu ego (que é o nada [néant], que é terrível), não é verdade.

Pergunta: se no Si, ainda há modelos, crenças, devemos fazer uma introspecção, a fim de desalojá-los quando eles se escondem no inconsciente, a fim de refutá-los?

Ou esperar até que eles apareçam no decorrer da experiência? A refutação não deve se referir ao que você procura. Se você procura, no Eu, o que é inconsciente, o que acontece? Você lhe dá um peso, uma verdade que não existe.

O que aflora, que remonta, como o pensamento, deve ser refutado, mas não vá procurar o que não apareceu. Senão, você recai do Si no Eu, você mantém a personalidade.

Nenhuma ação sobre a personalidade permite sair da personalidade. É o ego que acredita nisso. A refutação é se interessar pelo que se manifesta no Si ou, eventualmente, no eu, mas não vale a pena entrar no eu. Senão, você lhe concede crédito, você o revaloriza, você joga o jogo da dualidade, considerando que você é uma sombra. Mas você não é uma sombra de si mesmo: você é Luz e Amor. Nada mais.

Tudo o que aparece na consciência é uma sombra. Por que ir acordar o que dorme e não existe? Para torná-lo consciente? E manter o eu?

Pergunta: minhas atividades, meu trabalho, são incompatíveis com a revelação do Absoluto, isso alimenta a dualidade, a ilusão mesmo, o confinamento?

Você se dá conta do número de eu que você pronunciou (meu trabalho, minha atividade)? Quem lhe disse para deixar o que quer que seja? Quem te pediu isso? Comece já por suprimir os eu, os me. Você está identificado.

Além do corpo, você se identifica com suas ações, sua vida. Você não pode colocar fim a sua vida, já que você não é a sua vida. Não é por suprimir o que é aparente, dessa forma, que você vai podar, que você vai encontrar o que quer que seja.

Eu te convido a reescutar sua pergunta para ver quantas vezes há minha vida, me, meu, eu. Não há senão isso. Refuta isso e não se ocupe. Você não é o que acontece. Deixe viver a vida que se vive. Deixe o trabalho se fazer. Você não é o trabalho que se faz. É isso que eu digo. Eu não disse que se deveria deixar o que quer que seja.

Não há nenhum obstáculo ao Absoluto, se não você mesmo.

Pergunta: você poderia falar da linguagem e do silêncio, em sua relação com o Absoluto?
A linguagem é qualidade própria desse saco de comida. A consciência é uma secreção desse saco, tanto que vocês a nomeiam. Mesmo o eu Sou: que é que ele se torna quando esse saco não está mais ali? Você acha que você vai poder tocar clarim: "Eu Sou", do outro lado, sem um corpo? É uma ilusão.

Depois, o silêncio e a linguagem. O que é a linguagem? O espaço entre dois silêncios. Não há silêncio. Há somente o fato de permanecer tranquilo porque, quem pode dizer que ele é no silêncio? Você pode fazer o silêncio das palavras. Você pode fazer o silêncio dos sentidos. Mas o corpo ainda está sempre ali e você está sempre nele. Isto é apenas uma primeira fase da introspecção, que vai te fazer viver o Si ou uma aproximação do Si.

O Absoluto não tem o que fazer da linguagem. Ele não tem o que fazer do silêncio. Porque mesmo o Eu Sou é um som. Um som primordial, aquele que aparece também no Absoluto, nesse azul escuro e nas estrelas (que não o são).

Claro que você pode trabalhar sobre o Si, reforçá-lo, pela meditação, pelo silêncio. Mas tudo isso são apenas jogos. A linguagem é um obstáculo. O mais importante é permanecer tranquilo.

Se você se esquece de si mesmo, o Absoluto está ali: sem nada buscar, sem nada pedir, sem buscar zonas de sombra, sem buscar uma Fusão (que se produz por si mesma).

Deixe esse corpo viver sua vida. Deixe-o falar se ele quiser. Deixe-o fazer silêncio, se ele quiser. Mas você não é nem a linguagem, nem o silêncio. Isso pertence à ilusão.

A linguagem é criada pelo saco de comida: é uma interface de consciência. O silêncio também.

Pergunta: uma expansão do vazio, uma paz, um êxtase, permitem ao Absoluto se revelar se esquecemos completamente esse estado?
Sim. A partir do momento que você considera que você não é a experiência que você vive, a partir do momento em que você refutar essa experiência (sem querer se extrair, mas constatando), então, o Absoluto está ali. E você não poderá mais falar de uma experiência.

A experiência aparece sempre ao Si, ou à Presença, ou ao Eu Sou. Porque se não há observador que vive a experiência, o que restaria como experiência? Nada. É o Si que joga ele mesmo e com ele mesmo. Isso é muito sedutor porque a consciência é apenas uma experiência. E mais as experiências aparecem, mais a consciência se alimenta. Como você quer, neste caso, chegar a ser o que você É?

Há experiências que você não pode reproduzir. E, além disso, esse tipo de experiência ocorre sempre de repente, sem aviso, sem isso você não a viveria, por medo. Aí também, não se extraia de nada. Refute-a, permanecendo tranquilo.

De alguma forma, deixe vir e você vai constatar que há algo que está por trás do observador, atrás daquele que diz: "Eu vivi uma experiência e um êxtase". Ali, você está no caminho certo, porque você permanece tranquilo.

Se você aceitar que não é você que vive a experiência (mas o Si), então, o Absoluto está ali.

Pergunta: Uma de suas intervenções pareceu-me límpida. Mas eu creio compreender que o Absoluto se revela a nós, somente quando nós não compreendemos mais nada. O que é isso?

O dia em que você compreender que você não pode compreender nada, o Absoluto vai estar lá.

Vá além do que é compreendido porque compreender, é tomar, é se apropriar, é se justificar, é se explicar.


O Absoluto não pode ser, nem compreendido, nem justificado, nem explicado. E isso não é uma experiência.

Apreenda (como na pergunta anterior), que há sempre uma consciência que observa. Vá além do observador. Você não é aquele que olha a peça, nem mesmo a poltrona onde está sentado. Afaste-se do teatro, para compreender que não há teatro. Mas o fato de sair não é uma ação: é uma imobilidade total onde você é o Centro, por toda parte. É o meio da roda.

O que eu digo não é para ser compreendido. Exatamente. Quando isso aparece como límpido, isso não é mais o cérebro. Às vezes é o Si. É o imediatismo do que você apreendeu que cria a sensação, mas vá além dos sentidos. Vá além do que é compreendido.

Aceite que deste lado aqui (onde você está), você é ignorante e que todo o conhecimento é ignorância. Deixe seus conhecimentos e ali, nesse momento, você considerará (porque é a Verdade total) que você é ignorante. Porque eu poderia lhe perguntar: diga-me quem É você? O que você responderia? O que você compreende.

O Absoluto é imóvel (que ele esteja nesta forma (efêmera) ou que ele não esteja em nenhuma parte). Não há mais experiência, nem compreensão. É um estado, além de todo estado.

Uma vez que você compreende alguma coisa, você tem a impressão de que isso aparece como claro e que você o conhece. E então, você não pode conhecer o que está exterior a você. É necessário superar isso.

O Absoluto não é uma compreensão, pelo contrário. Não é mais uma experiência. Não é mais um estado. É o Último.

Pergunta: eu vivi a Fusão com a natureza. O resto ao redor era apenas um cenário. Então o Véu da ilusão se rompeu e apareceu a brancura da Luz. O que foi?

Isso se chama a infinita Presença. Este é o momento(como você diz) quando o Véu é rompido. É, de alguma forma (se é que posso colocar dessa maneira), a antecâmara do Absoluto. Simplesmente, isso foi (como você diz) uma experiência. Para o Si é uma etapa. É respeitável. A única coisa a realizar, não é comemorar, lembre-se, dessa experiência, mas, aí também, observar, além da experiência e da memória da experiência.

Quem é você? Coloque-se a questão: quem sou eu? Sou o observador que viu este Véu da ilusão que se rompeu? Sou a luz que eu vi?

Você não pode ver o que você É, de nenhuma maneira, quando a experiência pode se reproduzir. Se ela se reproduz (e ela se reproduzirá), vá além do que você observa. Esta é a única maneira de fazer desaparecer o observador. Como você o disse: é um cenário. Mas vá além do cenário também. Esta é uma fase preliminar.

O que quero dizer é: esqueça essa experiência, ela já teve o seu efeito. Ela terá ainda mais efeito.

Lembre-se: você não é jamais as experiências que você vive, mesmo se a consciência está ávida dessas experiências (e se possível luminosas e não sombrias).

Eu te aconselho então, a superar a experiência.

Pergunta: a memória, que se liquefaz é uma ajuda para superar o jogo mental ou é um jogo, uma recuperação do ego?
Não. O ego necessita da memória. Olhe a criança que é virgem. Não é afetada por qualquer memória, pelo menos, muito jovem.

A memória está relacionada com o tempo e com sua separação do espaço. Você tem a memória do que você era antes?

A memória não te presta nenhuma ajuda. Então, alegre-se. Você verá que se a sua memória desaparece, o que resta? O Absoluto.

A memória pertence a este mundo. Ela faz parte da experiência. Não é Vida. Então, alegre-se.


Pergunta: eu não experimento mais os estados de Beatitude que me ajudavam a viver. Devo renunciar a esses estados, para estar no Absoluto? Tenho a impressão de perder o contato com o que eu chamava o Divino. Isso significa que eu devo refutar este estado, pode ser o Si?

Se você os refutou (ou que você não os tenha refutado), você percebe que não está mais aí. Você mesmo disse que era uma ajuda, para suportar. Mas o Absoluto não precisa de nenhuma ajuda, nem de ser suportado pelo que quer que seja. Porque é o que você É.

O Absoluto é Beatitude. E não viver a experiência de Beatitude. Então, é claro, que isso deve desaparecer da experiência para que isso se torne, realmente, o que você É.

Eu disse: a Vibração, o Samadhi, as saídas do corpo, tudo isso representa o quê? O Si, a consciência. Ir além da consciência: é não ter mais consciência, nem memória, nem Vibração, nem nada. Quando isso chega, você se desola (e é o Si que se desola), se você aquiesce, tudo se desenvolverá, por si, sem esforço. Isso provará, de qualquer maneira, que você renunciou. Há, realmente, um Abandono do Si.

Você construiu o Eu Sou. Você vivenciou o Eu Sou. É tempo de superar isso. É isso que se produziu. Então, acolha. E você não terá mais necessidade de suportar a vida. A vida se desenrolará. Você estará aqui (nesse corpo) mas, também, em toda parte. Você não será mais afetado por esse tipo de experiência ou seu desaparecimento.

Você não deve se alimentar da Luz, mas Ser a Luz. É isso que você É. Então, o ego vai inventar sombras, projeções, experiências. Ele chama isso o Divino. Mas, quando isso desaparece, você está maduro.

Pergunta: o que são os Lellas do Senhor?

É um jogo. É a cena de teatro. A vida é jogo. Então, às vezes, vocês têm papéis de comédia, às vezes de carrasco, às vezes papéis de vítima. Às vezes vocês estão contentes, às vezes vocês estão infelizes. Mas são esses jogos, justamente, que mantém a consciência e o Eu Sou ou o Ego.

Os Lellas do Senhor: é ir além, isto é, já reconhecer o que se passa. É considerar que o mundo não é mais real do que você. É o cenário que está ali, que permite à consciência se manifestar. Porque, sem manifestação, não haveria consciência (qualquer que seja essa manifestação).
Porque a manifestação é sempre uma expressão e uma projeção, exterior (qualquer que seja o exterior).

Então, são jogos. A consciência joga de se observar. O Absoluto não é consciente.

Pergunta: ignorar seus pensamentos é uma maneira de dar ainda mais peso a seu mental?

Absolutamente não.

Pergunta: o que eu não teria identificado, que alimentaria meu eu e que eu teria de conhecer hoje?

Se algo não está lá, se sua consciência não o vê, porque você quer que eu
te responda de maneira precisa sobre teu inconsciente? Você quer que eu alimente o quê?

Coloque-se a questão: o que você está ainda em vias de olhar, se não teu próprio umbigo?

Não é necessário jogar com os medos. Não há nada para cavar porque, se você cava um buraco: você cai dentro.
É, de algum modo, lógico. Não vá buscar o que não te pede nada.

Pergunta: como se manter calmo, imóvel e tranquilo?
Fique tranquila. O que você quer que eu diga mais? Porque se eu lhe der algo para fazer (um conselho), você estará ainda menos tranquila.

Você persegue um objetivo que não pode existir. Saia de si mesma. Aí também, não olhe o umbigo e esse corpo que tem necessidade de se mover. Ele expressa um medo. Então você quer saber qual é esse medo? Isso não serve de nada senão para reforçar o ego.

Esqueça-se, você também. Você participa do movimento porque você está identificada com o movimento. Tanto que você acredita que você é o movimento desse corpo que se move sem parar ou desses pensamentos que saem, como você quer ficar tranquila?

E se você se opuser a isso, coloque-se a questão: quem se opõe? Sempre o eu. O Absoluto não se opõe a nada: ele É, além do Ser. É o não-ser, o não-Si.

Então, nenhuma técnica do Si ou do eu pode solucionar o que você me pergunta. É você que deve mudar de ponto de vista. É você que deve se deslocar do movimento. Porque se eu adiciono um outro movimento: o que acontece? O Absoluto está ainda menos ali. Então, eu não posso alimentá-la.

Pergunta: viver a Dissolução, Fusão, Dissolução com a Mônada, corresponde a realizar a Dissolução do Si? Isto realizado, não é, então viver as condições ideais do Absoluto?
Não há nenhuma condição para o Absoluto. O Absoluto não é uma etapa, nem uma realização. No entanto, o Sol, um ramo de erva, pode permitir realizar isso mais facilmente, porquê? Porque a consciência não é mais dependente desse saco de comida. Ela se projeta, ela mesma, existente fora desse saco, é o “Eu Sou”, o Si.

Agora, o erro seria acreditar que há condições, pré-requisitos: não há nenhum. Você busca através de conceitos (portanto, através do mental) porque você tem necessidade de colocar conceitos e se apoiar neles. Isso sempre será parte da experiência.

Uma vez que você busca, você já está no erro, porque não há nada a buscar. Procurar, é deixar de estar tranquilo, é jogar o jogo da experiência.

Ora, toda experiência deve cessar. Então mesmo o que é chamado Mônada ou Duplo ou ramo de erva, chega a você quando você está pronto. Não é você que vai para ele, sem isso, é um desejo, é ainda uma experiência. Não se ocupe mais disso, pare de colocar conceitos ou condições.

Você não pode sair com uma reflexão, é impossível: toda reflexão é um espelho do eu ou do Si, nada mais.

Pergunta: devemos nos regozijar quando não vivemos nenhuma experiência?

Sim, e mesmo quando você dormir.

Pergunta: Eu já saí do teatro, mas para encontrar um segundo cenário. O que aconteceu?
Não se alegre: substituir um teatro por um outro teatro não serve para nada. É mais uma experiência, como você mesmo o disse. Então, é preciso cessar as experiências. Claro, elas se produzem porque a consciência não é senão experiências, quaisquer que elas sejam.

Substituir um teatro por um outro teatro, não serve para nada. Há um momento em que todos esses jogos devem cessar. É a avidez que cria a experiência. Você constatará que é no momento em que não há nenhuma avidez, nenhuma expectativa, nenhum desejo, que tudo acontece. Mas não uma experiência.

O Absoluto não se nutre de nenhuma experiência. Ele as contém, isso não é a mesma coisa. É necessário dissipar a avidez, o desejo.

Ainda uma vez, fique tranquilo, não se canse de sair de um teatro para entrar em outro teatro. Que ele seja mais bonito ou menos bonito, não muda nada. Toda experiência é da ordem da avidez ou do desejo. Consciente ou inconsciente: isso não tem nenhuma importância.

O desejo é sempre a expressão, seja do saco de comida, seja da alma, mas isso não é senão um desejo. A partir do instante em que não há mais nenhum desejo, o Absoluto está ali, porque
é o que você É.

Você não É um desejo e ainda menos uma experiência. É só quando você aceitar deixar tudo: o Abandono do Si. Mas enquanto o Si vive experiências, mesmo se ele se reaproxima ou dá a impressão de se reaproximar, o Absoluto não está ali. Em todo caso, você, não está ali. O Absoluto, ele sempre esteve ali.

Pergunta: isso não estava ligado a uma vontade de experimentar, mas ocorreu de forma espontânea, quando entrei no som.

E depois? A experiência, mesmo que não lhe interessar, é apenas uma projeção dentro de sua consciência. O som leva ao Absoluto, senão, leva a uma experiência. Transcenda a experiência. E não me diga que você não quis, porque nada acontece se você não desejar nada.

A palavra avidez é apenas porque se há experiência, há desejo. Ou então, a experiência deve ser, justamente, a perda de toda referência, e não uma outra referência.

Não há movimento no Absoluto. Qualquer experiência não surge de nenhuma parte, ela é construída em algum lugar. Que você veja elefantes rosa ou um teatro não muda nada: é sempre uma projeção. É somente quando o cenário desaparece totalmente, que o Si desaparece também, não antes.

Pergunta: quando se apreende que é necessário permanecer tranquilo, não há então mais perguntas a colocar?

Você É Absoluto?

Não. Eu não sei. Sim, certamente.
O que se move nessas respostas, senão o ego? Eu já respondi a uma questão, longamente, sobre alguém que não tinha questão. A questão não é mais do que a resposta e contudo isso não é um jogo.

Pergunta: Como deixar tudo e se Abandonar à Simplicidade?

Reconhecendo o que você É: Absoluto. Não há nada a deixar. Quem coloca a questão, senão o ego. Quem acredita que deve deixar alguma coisa?

Ficar tranquilo, é não deixar nada: é refutar. Enquanto você procura o que quer que seja para deixar, é que você considera, é claro, que há alguma coisa para deixar. O que você quer deixar, uma vez que você já É, deixado?

Pergunta: você poderia voltar sobre a noção de Absoluto, inclusive a necessidade de não negar a ilusão?

Conceber que você é uma ilusão, porque efêmero, não significa para tanto desaparecer o efêmero: ele desaparecerá por si mesmo.

Você não precisa colocar fim a esse corpo: ele é programado para desaparecer. É mudar de ponto de vista, simplesmente. Mudar de ponto de vista, exprime a Verdade e a Realidade.

Enquanto você se atribui esse corpo, esses pensamentos, essa vida, você está no ponto de vista desse corpo, dessa vida, desses pensamentos ou nessa experiência. Mas você não é nem a experiência, nem o corpo, nem o pensamento porque tudo isso passa.

Aceite simplesmente isso, você não tem nenhum meio de agir sobre a ilusão porque, a partir do instante em que numerosas consciências existem, elas criam uma ilusão comum que vocês chamam de mundo.

Viva o que você tem a viver, com entusiasmo, com paixão, se você quiser, mas não seja isso. Não há nada de incompatível no que eu disse, exceto para o ego.

Você não É esse corpo, não mais do que você não É esse mundo. Ele não existe, então por que você está aí inserido? Quem é responsável por essa inserção? Seus pais?
Sua consciência? Quem?

Se você chega a ver, sem ver, além de tudo isso, então mudando de ponto de vista (eu não te peço para crer no que eu digo, mas de por sua consciência no lugar certo), então o cenário desaparecerá, a Luz estará ali. E na etapa dita Última, você realizará que você é isso e que a ilusão está incluída nisso. Não é senão o jogo da consciência.

O Absoluto não pode se ver ele mesmo. É isso que você É.

Pergunta: se não se encontrar o Absoluto em nossa vida, o que acontece depois?
A consciência existe ainda e, portanto, ela se projetará.

Pergunta: Você precisou que o silêncio é uma questão. Você pode responder?
Sim. As palavras que, hoje, podem parecer desprovidas de sentido, o ponto de vista, o olhar. E sobretudo "ficar tranquilo": tudo está contido nisso. O Absoluto é Isso.

Pergunta: colocar sua consciência no lugar certo é colocá-la no nível do Absoluto?
Não, a lance. Colocar a consciência é uma atenção. Eventualmente, você pode se servir do som. Você se apoia sobre o Eu Sou, mas isso não é o Eu Sou, é o não Si.

Mudar de olhar é, justamente, não colocar a consciência em nenhuma parte. É não mais colocá-la, não mais experimentar. De alguma maneira, entrar no silêncio da consciência. O ponto de vista mudará por si mesmo, sem ter necessidade de colocar o que quer que seja.

Pergunta: devemos deixar o som nos penetrar?
Mas você é o Som. Se você considera que um som te penetra, você encara o som, exterior a você. Assim, o ponto de vista e o olhar não são bons.

Pergunta: é normal ter a impressão que meu corpo não me pertence?
Mas como você quer que seu corpo te pertença?

Pergunta: quando se tem a impressão de não mais existir, é uma experiência do Absoluto?
Você mesmo tem a resposta: é uma experiência. O Absoluto não é uma experiência. Isso começa a voltar. Você está aí. Você sempre esteve aí.

Apreenda e solte tudo. Não há nada a soltar.

Pergunta: quando se sente...
Quem sente?

Pergunta: ... uma presença à esquerda, como viver essa ressonância?
Mas ela está lá, já que você a percebe. Nesse face a face (que é um lado a lado), o que vai se passar? O Absoluto.

A partir do instante em que você não é mais você, e que você É o que está ao seu lado, nesse face a face, você realiza que não há ninguém em face e ninguém ao lado uma vez que
nem um nem o outro são verdadeiros. É, justamente, essas condições que realizam, para vocês, o que vocês São. É uma descoberta e não uma experiência porque, quando isso É, em um momento, você percebe. Depois, você sente. E depois, você Vibra. E depois, você Fusiona. E depois, há o Absoluto. Que não está em um depois, sempre esteve aí.

Simplesmente, sua consciência não está suficientemente deslocalizada e quando ela estiver suficientemente deslocalizada, ela desaparecerá.

Tudo isso lhes foi explicado pelos Arcanjos, pelos Anciãos, pelas Estrelas. Eu lhes digo a mesma coisa. O Absoluto não conhece distância. De qualquer tipo, o face a face entre o Si e o Duplo, vem por fim à distância. Isso não é uma experiência.

Pergunta: e se tivermos vivido uma experiência de Fusão com o Duplo, mas que é parcial?

É como um exame, existem exames parciais, você compreende?

Não.
Tanto melhor.

Pergunta: tornar-se o Som e o tremor, ao mesmo tempo, é certo?

De um certo ponto de vista, podemos dizer que você decola. Então, fique tranquilo. Mas isto é certo. É a Presença Infinita. Precisamos ir além, mas está bem.

Não temos outras perguntas, agradecemos.

Então, façamos silêncio. Isto foi uma felicidade para BIDI. E felicidade para vocês, mesmo se vocês não compreendem.

BIDI os saúda e diz até outra vez.


Mensagem de BIDI no site francês:
http://www.autresdimensions.com/article.php?produit=1467
21 de maio de 2012
(Publicado em 23 de maio de 2012)
Tradução para o português: Ligia Borges
http://minhamestria.blogspot.com/

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