Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.

Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.

Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.

Jalal al-Din Husain Rumi - Poema Sufi

Faltam-te pés para viajar?

Viaja dentro de ti mesmo,

E reflete, como a mina de rubis,

Os raios de sol para fora de ti.

A viagem conduzirá a teu ser,

transmutará teu pó em ouro puro.

Morgenstern?! Ao final do Blog!


sexta-feira, 11 de maio de 2012

BIDI - 8 de maio de 2012 - Autres Dimensions - 1ª Parte

Observação pessoal: Como dizia nossas avós: "Saco vazio não pára em pé", parodiando a primorosa imagem do "saco de comida" do qual fala Bidi, que de qualquer maneira quer ser "gostoso"! AHAHAH  As imagens acima são uma representatividade da alimentação semanal de alguns países do mundo, afinal somos o que nos "alimentamos" (físico e mentalmente). Fonte das imagens: http://pijamasurf.com/2012/05/impresionantes-fotos-muestran-de-que-se-alimenta-cada-pais/


Pergunta: Por que o meu mental não encontra perguntas para vos fazer?
No que tu enuncias, tu partes do princípio que o mental tem um peso já que tu reconheces que ele não tem perguntas a fazer. E portanto, da mesma forma, queres fazer crer a ti mesmo que tu não tens mais mental, já que tu atribuis ao teu próprio mental o fato de não fazer perguntas. E portanto, da mesma forma, tu lhe dás um peso, uma consistência, mesmo que ele esteja silencioso.

Isso quer dizer que ele “está de olho”. De olho no momento mais oportuno para ressurgir. A tua pergunta podia não estar ligada à atividade do teu mental. Assim formulada, tu sabes pertinentemente que, alguma parte em ti, está à espreita do teu mental, no repouso, por agora, amordaçado pelo Si, amordaçado mesmo pelo sentido da tua experiência.

Assim, afirmar que o mental não tem perguntas a fazer, estipula, de qualquer forma, que o mental está lá mas que ele está em repouso. O truque é saber quem é o mestre a bordo de quem tu és.

Será que o mental espreita à procura e que espera ressurgir ou, então, será que tu ultrapassaste, transcendeste o mental?

O Si estabeleceu-se de maneira poderosa, o mental não pode mais nada e, neste momento, o que se passa? O teu mental não pode dirigir mais nada. Não pode mais dirigir nada ou controlar, tu tomaste o controle do teu próprio mental e, portanto, tu não o vês mais.

A ausência de perguntas que tu enuncias é, portanto, o reconhecimento implícito de que o teu mental não existe. Apreende bem que, assim, o mental não é o acusado. Tu deves tornar-te e ser o mestre do teu próprio mental. Não o considerar como silencioso já que, de qualquer forma, estando encarnado ele te servirá, mesmo que seja só para andar, falar, exprimi-lo em todas as atividades vulgares da tua vida.

Apreende bem que o mental não é um obstáculo senão a partir do instante em que é ele que dirige o que tu crês ser. O que é Absoluto, e numa forma, tem necessariamente um mental. Este não está mais à espreita (de olho), não está mais silencioso.

A prova: eu me exprimo através deste canal de uma forma um pouco particular. O que isso quer dizer? Quer dizer que existe o mental mas que ele não pode nada contra o poder e a integridade do Absoluto. Não tenho que o observar, onde quer que ele esteja, porque eu sei pertinentemente que ele está ao serviço do Absoluto e que ele não está mais aí para negar, de qualquer forma, o Absoluto.

Pode ser também, no seio das nossas entrevistas, que exista, em ti, um medo de ser abusado, assaltado pelas tuas próprias perguntas? Lembra-te do que eu dizia ontem (ndr: ver intervenção de BIDI de 7 maio 2012 [parte 1] e [parte 2]): a partir do momento em que a pergunta dá uma resposta que não é compreendida, tu estás no caminho certo, porque o mental não se pode alimentar.

O que te prova que, quando ele está silencioso, ele não se alimenta à revelia de ti mesmo? O que te prova que ele não vai ressurgir (como é o teu caso) em momentos totalmente inoportunos, esperando que tu soltes a tua própria guarda, a tua própria consciência, para ressurgir? E vocês todos conhecem isso.

Enquanto o Absoluto não é revelado, enquanto não é atualizado e vivido, na totalidade, mesmo nessa forma, o que se passa? O mental vai ressurgir nos momentos mais abruptos, eu diria, onde a vossa consciência está em vias de subir, se podemos empregar esta expressão.

É exatamente o que se passa para muitos seres, tendo realizado o Si, tendo despertado, de qualquer modo, as vossas estruturas desse saco de comida.

Eu não quero, por exemplo, senão o chacra do Coração. O chacra do Coração está ligado ao Amor mas está ligado também ao mental, já que ele foi subdividido em mental inferior e mental superior (ou, se preferes, mental e Supramental, assim foi nomeado por um dos Anciãos) (ndr: ver as intervenções de SRI AUROBINDO incluindo a de 2 de agosto de 2010). E vocês fazem todos a experiência da passagem de um ao outro. Expressões humorísticas vos foram dadas, por outro lado, pelo Comandante dos Anciãos (ndr: O. M. AÏVANHOV). Eu não vou voltar aí, mas é exatamente isso.

O mental não é um inimigo. É preciso nivelá-lo para o atualizar. Para o ver, não para o refutar, simplesmente, mas mais para o fazer quebrar, como eu o exprimi ontem.

Quando o mental quebra, o que se passa? Vocês se sentem perdidos. Vocês não têm mais compreensão. Vocês não têm conhecimento. Do ponto de vista da personalidade vocês experimentam aquilo que é chamado de ignorância. E eu vos digo que a ignorância, nesse aspecto ilusório, é o que vos conduz, da maneira mais segura, a ser Absoluto.

O mental não pode desaparecer porque ele está ligado, de maneira indissolúvel, a essa saco de comida, a esse corpo, a essa história que não é vocês. Portanto, é importante vê-lo pelo que ele é.

Saibam que vocês não podem destrui-lo, nem mesmo controlá-lo, mas vocês podem, como eu disse, tornar-se o mestre. Mas esta noção de mestria não é um controle. Esta noção de mestria não é um constrangimento. Uma vez que está nivelado e atualizado, da mesma maneira, o princípio da pesquisa e da refutação vai fazê-lo quebrar. Nesse momento, não se ocupem mais dele. É a única forma de aí chegar. Não há outra.

Todos aqueles que, entre vocês, creem que meditando, obtendo a calma mental, eles vão chegar a qualquer coisa, se enganam. O mental é útil, e a sua memória também, para agir na ilusão, para viver, como vocês dizem, na ilusão. Ele é parte integrante do que é ilusório. Mas enquanto a vossa forma existir, não há nenhum meio de o fazer desaparecer na totalidade.

Mesmo nos momentos do Samadhi, ele está à espreita, pronto para ressurgir para vos tomar o vosso próprio alimento. Se vocês aceitam isso, vocês compreendem que não têm que lutar contra ele. Que vocês também não têm que o combater. Vocês têm simplesmente que o ver como ele é. Tal como ele é.

Foi nesse sentido que ontem vos disse: «trata-se de ver o que é o mais importante» (ndr: ver intervenção de BIDI de 7 Maio 2012 [parte 1] e [parte 2]). E o que é o mais importante, se encontra mesmo no enunciado da vossa pergunta. E certamente, se não há pergunta, aí também é preciso encontrar o que isso significa.

Assim, portanto, a ausência de pergunta prova simplesmente que o teu próprio mental se escondeu. Tão bem escondido que tu deves aperceber-te, por ti mesmo, que nos momentos de paz ele ressurge e se alimenta nesses momentos. Não na falsa paz da meditação. Não na falsa paz do samadhi, porque no samadhi há sempre um observador. Quem observa? Quem olha? Quem te olha a viver esta experiência (que não é a Última) se não o mental, ele mesmo, que vai traduzir, ao nível da consciência, o que tu vives em impressões, que te permite justamente descriminar o que é da ordem da Alegria e o que não é da ordem da Alegria.

Tu sabes perfeitamente identificar os momentos em que estás em paz e os momentos em que estás contrariado pela tua própria vida. De que te serve isso? Enquanto tu oscilas entre um estado e outro, enquanto tu vives uma experiência e o seu contrário, onde está o Absoluto? Ele não está revelado. Tu permaneces na experiência.

É preciso mudares o ponto de vista. É preciso aceitares que tens um mental e que és, no seio da ilusão, o teu próprio mental. Este observador que permite passar do Eu ao Si mas que se torna um obstáculo na passagem do Si ao Não Si.

Eu te convido, portanto, a olhar o enunciado da tua pergunta. Onde está o medo? Ele está no enunciado da pergunta. Reflita sobre isso. É muito simples. Não compliques. E sobretudo não faças nada. Vá para além do que observa. Vá para além do que olha.

A partir desse instante, o mental não terá mais lugar para se esconder. Ele não beneficiará das tuas meditações. Ele não beneficiará dos teus Alinhamentos. E, também, a partir desse instante, tu apreenderás a inutilidade de meditar. O Alinhamento é outra coisa porque é o que vos liga uns aos outros, na Liberdade. Mas não a meditação em si.

Mesmo se isso conduz à Alegria e ao Samadhi, tu constatas perfeitamente que tu não estás aí 24 horas sobre 24. Portanto, este estado muda. E se ele muda, isso significa o quê? Que tu estás ainda na ilusão. Só a ilusão muda. O Real não muda. O Absoluto não muda. Estás consciente disso? Tu tens noção do tamanho do jogo que o teu mental joga com Tu (contigo)? O Tu que emprego sendo o Não Si.

Só observando e vendo o jogo do teu próprio mental tu chegas a controlá-lo, sem querer, simplesmente permanecendo tranquilo, não fazendo nada. Aí, ele não poderá mais esconder-se, ele não poderá mais aparecer e fazer irrupções nos momentos em que tu te sentes em paz. Ele não terá mais influência sobre ti. Ele não terá mais ação sobre ti. Mas tu, tu terás uma ação sobre ele, não porque tu queres agir contra ele, mas porque tu te estabeleces também no Eu e no Si.

Nesse momento, nada mais mudará para ti. O que quer que se desenrole, o que quer que se passe. Tudo se desenrolará na perfeição. Tu não terás mais que te preocupar com uma qualquer ação / reação desta ilusão. A tua vida se desenrolará com facilidade.

O que quer que aconteça a esse corpo, tu não serás mais parte interessada naquilo que lhe acontece. O que quer que diga o mental. E também, ele não poderá dizer grande coisa enquanto tu não o autorizares a dizeres. Tu o terás nivelado.

Reflete bem, não na minha resposta, mas no porquê desta pergunta que nasceu em ti. Que quiseste tu mostrar ou demonstrar, que não é verdade? Tu, tu és Verdade. Então, vá para essa Verdade. Torna-te imóvel. Permaneça tranquilo. Fique em Paz. Mas não a paz que flutua. Junta-te à Paz Suprema, aquela que não pode ser alterada, de nenhuma forma, pelas circunstâncias da tua vida ou pela ação do teu próprio mental.

Pergunta: Eu esqueci tudo o que nos foi ensinado (como as Marchas Celestes) e eu tenho muita dificuldade em compreender as canalizações. Então, eu me deixo viver. E a Onda da Vida vem até ao chacra da raiz. Devo continuar a me deixar viver?
Mas a resposta está compreendida na tua pergunta. Certamente.

Tu compreendeste tudo: não é preciso compreender nada. As cascas de cebola foram colocadas. Vocês construíram qualquer coisa. O que foi construído deve ser desconstruído, não unicamente sobre este mundo mas também em vocês.

Tu subiste as escadas. Tu tinhas a impressão que havia uma escada e depois percebeste que não há escada. Que tudo já lá está. Então, continue a permanecer tranquilo. O que era ontem não é hoje. E o que se passa, neste caso, quando há uma capitulação? Capitular, é perder a cabeça. Não é mais servir-se da cabeça para o que quer que seja.

Eu vos disse que a busca espiritual é uma fraude total. Mas era preciso consciencializar isso. Era preciso vivê-lo. Tu falas das Marchas Celestes. Efetivamente, isso foi vivido. Vocês falam da Realização do Si. Efetivamente, vocês realizaram o Si, para muitos de vocês. Vocês foram denominados os Ancoradores e as Sementes da Luz. É verdade.

Hoje, vocês passam para outra coisa. Isso não quer dizer que isso não era verdade mas que é uma verdade que muda e, como toda verdade que muda, ela é relativa. Vocês são Absoluto. Que querem vocês fazer do relativo?

O único relativo que te resta: eu te convido a contar simplesmente o número de «eu» que tu colocaste na pergunta. Tu colocaste o eu antes de Ti. Portanto, em alguma parte, a Onda da Vida nasceu, como tu dizes, mas tu ainda observas a Onda da Vida porque tu colocas «eu» em cada início de frase. O interesse da tua pergunta está aí.

Certamente tu compreendeste que não há nada a compreender. Certamente que tu te encontras no seio do Absoluto, se é que podemos falar assim. Ainda te falta refutar todos os «eu». Tu ainda crês seres um eu. Tu ainda crês na tua pessoa.

Falta agora a etapa última, que não é mais uma etapa, que é o Absoluto. Aceite não ser esse eu. E tu verás que a Onda da Vida correrá sem nenhum problema. Tu não terás mais necessidade de a observar: tu te tornarás a Onda da Vida, o mesmo é dizer Absoluto.

Nada te impede, exceto os «eu» que tu colocas no início de cada frase. Tu tens prazer a te observar. Tu tens prazer em te ver. Quem faz isso? Não és tu. Quem age assim? São os últimos fragmentos do teu ego. Vê-os. Não os julgues. Não os condenes. Não lhe dês nenhum peso. Não lhe dês nenhuma confiança, nenhum crédito. Vê-o simplesmente. A partir desse instante, tu serás então capaz de te tornar o que tu És. É muito rápido.

Eu diria mesmo que isso não depende de um tempo que escoa. Já está lá. Tu és isso. Tu não és «eu». Compreende o que eu digo e se tu não compreendes, eu diria, tanto melhor. Tu Estás ai. Não procures compreender mas esquece o eu. Totalmente.

Tu não és aquele que observa. Tu estás para além do que é observado, do que observa. Tu ficas atrás, se o podemos dizer, de tudo isso. O teu lugar não é aí. Capitula. Abandona toda a tendência do eu, toda a tendência do Si. Sai disso: isso não dura.

É tão efêmero como o teu saco de comida. Tu não és esse saco. Entretém-no, certamente, deixa-o fazer o que ele tem a fazer mas tu não és o que é para fazer. Compreende bem que não há senão isso para realizar. Enfim. E também tu perceberás que isso não é uma Realização porque não há nada a escalar, nem nada a descer. Não há montanha. Não há caverna. Vê isso. E tudo serás isso para além de toda montanha e de toda caverna. E sobretudo para além de todo jogo de identificação.

O que eu te digo é um encorajamento ao que tu És, a isso. O teu eu não tem nada a dizer, nem mesmo a ser. Aceita. Refuta esse eu. Refuta essa pessoa que tu crês ser. Sem falsa Humildade. Sem falsa Simplicidade. Tu és Absoluto. É a verdadeira Simplicidade, a verdadeira Humildade: não ser mais nada, aqui, nesta ilusão. Estar nesse corpo. Mas tu não és esse corpo. Servir-se das suas ferramentas. Mas tu não és essas ferramentas.

A Onda Vida nasceu para ti. Ela sempre esteve aí. Então, sê o que tu és. Não há nada a se tornar. É o ego e o Si que se exprimem assim. Tu és o Não Si. E tudo se torna claro. Tu apreendeste que tu não podias fazer nada. Desde o instante em que apreendeste que não podes fazer nada, o eu capitula cada vez mais. Então não o ponhas à frente.

Tu estás atrás de todos esses eu. Não é por isso que ele está à frente. Ele não está em parte nenhum, exceto sobre este mundo. Tu és tudo exceto a ilusão do eu. Tu És Absoluto. Tu É o Parabrahman.

Não procures libertar-te porque tu estás Libertado. Não te afastes do que tu És. Tu apreendeste que não há nada a compreender. Não critiques nem julgues o que tu viveste: foi necessário para ti.

Eu te diria: deixa-te levar. Tu não tens nada a levar, tu mesmo. Tu já levas esse saco de comida. Já está bem. Deixa viver o efêmero. Não procures matá-lo: ele se matará sozinho, no momento que vem. Tu, tu não dependes de um momento, nem de um tempo, nem de um espaço. Vive o que tu És. Não há nada a se tornar. Há apenas a ver os eu que restam e rir. Prossigamos.

Pergunta: Foi dito: «ama e faz o que te satisfaz». É o quê amar? É o quê o Amor Vibral? Eu sei que este amor está no interior de mim. Eu procuro há muito tempo a porta de acesso a este Amor que eu sou mas eu esqueci o manual de usuário.

A primeira coisa a fazer é parar de procurar já que tu És isso. Tu És Amor. Como podes tu ousar imaginar procurar aquilo que tu És? Apercebe-te do ridículo.

Tu És o Amor. Tu não és a projeção do Amor, nem a projeção da qualquer coisa a procurar. É preciso capitular, aí também.

Crer que tu deves procurar, em qualquer parte, uma porta (mesmo se existir uma Porta Estreita), é uma ilusão. É a tua Personalidade que te leva a negar o que tu És, te fazendo procurar, ao teu redor, o que tu És. É mesmo a estupidez da personalidade. Não a tua, mas de todas as personalidades.

Tu vais desgastar-te. E quando tu estiveres desgastado, tu consciencializarás que não há consciência. Portanto, pára de procurar. Pára de te cansar. Ama, sim. Se tu colocas a pergunta do que é este amor, ninguém te pode responder, já que é o que tu És.

Como posso eu dizer-te o que tu És? Como posso eu por em equação, em significado, em conteúdo, o que tu já És? Não há melhor frase do que dizer-te «tu és isso». Mas o ego vai fazer o filtro, a barragem. Ele vai-te dizer: «isso não é verdade, é preciso que eu procure». E quanto mais tu procuras, menos encontras.

Há marcadores. Os Anciãos e as Estrelas os deram a vocês. A Onda da Vida que chega ao períneo, nesse saco. Tu não tens nada a procurar. Justamente. É preciso saberes, sem compreender, que não há nada a procurar, que não há nada a ser. «Ama e faz o que te satisfaz».

E se tu me dizes que te satisfaz procurar o Amor, como podes tu amar? Tu não poderás jamais sair de ti, o suficiente, praticando assim. Capitule. Renuncie. Abandone toda a busca, todo o estado. Não procures mais nada. Permaneça tranquilo, imóvel.

Agindo assim, tu alimentas indefinidamente o mental e as experiências. Aceite permanecer tranquilo. Aceite nada fazer. O Amor estará aí. Tu serás isso e, nesse momento, tu poderás fazer o que te satisfaz porque tu perceberás que aquilo que te satisfaz, nesse momento, não tem nada a ver com uma busca espiritual, mas antes viver cada instante como o instante presente que conduz ao instante Eterno.

Tu estarás na Paz mas não a paz da meditação ou da experiência: a Paz Suprema. Aquela que não depende de nada e não é tributária de nada e, sobretudo, não é uma busca.

É tão simples que o ego não pode aceitar. Enquanto tu procuras, tu escaparás ao que tu És. É o paradoxo aparente da pessoa, da personalidade. Considera que tu és efêmero e que mesmo essa procura é efêmera e, sobretudo, que ela não serve para nada.

O Amor Vibral, é a Paz Suprema. É o momento em que não há mais vazio, que tudo é pleno, sem se colocar perguntas, sem nada procurar. Nesse momento, A Onda da Vida pode ser o que tu És. Não procures a Onda da Vida. Não procures nada. Pára de procurar. Coloca-te em ti mesmo.

Tudo está em ti. Enquanto tu permaneces numa busca, tu projetas para o exterior. Quer seja um amor, quer seja uma aquisição. Não há nada a adquirir que tu não sejas já. Aceite e, sobretudo, não o compreendas porque é incompreensível.

Quem quer compreender, senão o ego? Coloca-te aí. Em Paz. O Amor Vibral não tem necessidade do ego. Ele já é o que tu És. A Paz e a Tranquilidade são essenciais.

O «faz o que te satisfaz» é fazer tudo, exceto procurar o que tu És. Ocupa esse saco de comida como tu quiseres, como tiveres necessidade, mas não o alimentes com a espiritualidade. Não o alimentes mais de uma busca ou de uma pesquisa.

Aceite simplesmente viver o que a vida te dá a viver. É tudo. Mas tu não és o que vives. Aligeira-te. Largue todos os fardos. Nenhum fardo é Eterno. Portanto, todo o fardo é efêmero e pertence à ilusão.

Não há carma, exceto para a personalidade. Não há busca, exceto para o ego. Tudo o que foi construído deve desaparecer. Não é uma perda. Bem pelo contrário. Então, não há nenhum luto a fazer. Não há nada a empreender. Apenas estar no Não Ser.

Não te gabes de ser. Não te gabes da experiência. Isso foi útil e teve um tempo, no seio da linearidade. Mas tu não és essa linearidade. Tu não estás separado de nada. Tu não te afastaste do teu Centro. É o ego que te diz isso. O ego te fará crer, permanentemente, que há uma falta, qualquer que seja essa falta, porque é a maneira que ele tem de manter o medo e de o impedir de capitular.

Nenhum obstáculo existe, exceto tu mesmo naquilo que tu não és. Nenhuma circunstância é um obstáculo. O único obstáculo é o teu ponto de vista. Saia de todo limite. Não há nenhum limite, exceto para o ego e a pessoa.

Apreenda, sem compreender. Aceite sem compreender. Esqueça a tua cabeça. Esqueça a tua vida, se tu queres ser isso. Como diria o Comandante: «pare de pedalar, não há pedais e, ainda por cima, não há bicicleta».

E na sua expressão: «o que é que yoyota», senão é a cabeça? O Coração é imutável. O que tu és é imutável. Não depende de nenhuma circunstância, de nenhuma busca, de nenhuma Realização e de nenhuma Iluminação. E, sobretudo, de nenhum tempo. E ainda menos de nenhuma vida. É o que tu És. Tu És isso. Nada mais.

Pergunta: Durante os meus dias, eu esqueço de refutar os pensamentos ou outros. Durante as meditações eu refuto, então, tudo, de forma global. É este um bom método?

Tu não podes refutar tudo em bloco porque o ego vai se apropriar disso. É preciso refutar, justamente, os detalhes. Tu não podes fazer um pacote de todos os detalhes porque isso não passa: o mental não poderá, assim, quebrar.

É simplesmente uma questão de refutar tudo o que passa, tudo o que é efêmero, mas tu não podes refutar, num bloco, a totalidade, porque entras na negação e na rejeição.

Não é questão de rejeitar o que quer que seja, mas de por cada coisa no seu lugar. O que é efêmero, não é Real. O que muda, não é Real.

Eu o disse ontem, eu o redigo. É preciso que olhes, pacientemente, cada detalhe que se apresenta: não os vás procurar. Isso necessita, de qualquer modo, da posição do observador que se instala no Si.

Tu não podes, de imediato, refutar o Si. Vê do que é que ele é constituído. Tu não podes refutar uma globalidade, porque se eu te disser para refutar o mundo, será que o mundo desaparece? Não é o mundo que deve desaparecer: és tu que desapareces do mundo, para aí voltar, uma vez que tu passaste, se o podemos dizer, mas não antes.

Portanto, tu és obrigado a olhar, objetivamente, com o ponto de vista do eu ou do Si, aí onde se encontra o mental. Isso o providencia, se tu lhe dizes que tu refutas tudo de maneira global: ele sabe muito bem que isso não é verdade.

É, justamente, nesses acontecimentos quotidianos, que tu deves colocar, a ti mesmo, estas perguntas: é isto Verdade? Se não o mental se aproveitará e ele não terá nenhuma ação, a pesquisa não será realizada. Tu não podes chegar à conclusão antes de realizar a pesquisa.

Há uma lógica (na personalidade, no Si) desta pesquisa. Da mesma forma que as cascas de cebola foram colocadas e que é preciso retirá-las, também tu deves desconstruir, pacientemente, tu também, tudo o que é do domínio do efêmero. Mas tu não podes desconstruir tudo de uma vez, porque o mental é maligno.

Em que momento saberás tu que és isso? Tu não te colocarás mais a pergunta porque tu o serás. Ver por ti mesmo que a pesquisa e a refutação global não conduzem a nada e, sobretudo, não ao Absoluto.

É preciso ir para aquilo que te é apresentado pela vida, pelas meditações. A negação, a rejeição não é a refutação: a isso o mental adapta-se bem. Não é questão de adaptar o mental mas de o perturbar, de o perturbar nos seus fundamentos, no seu funcionamento, nos seus mecanismos. É a única maneira de o nivelar, na totalidade, de o ver. É preciso fazê-lo trabalhar, não para aderir a isso, mas para se servir d’ ele mesmo.

Faça-o trabalhar, faça-o trabalhar para refutar na tua pesquisa. Essa pesquisa não é uma palavra vã, é mesmo um princípio fundamental que foi descrito nos fundamentos da Unidade e da não-dualidade e do Absoluto.

Certamente, o teu mental vai te dizer que isso não serve para nada, que é estéril, que isso não conduz a parte nenhuma. Mas certamente, que isso não conduz a parte nenhuma, para ele. Ele não quer essa pesquisa, ele não quer que tu refutes o que quer que seja, então, ele te sugeriu refutar tudo em bloco.

Isso não é possível, é preciso ver as camadas, uma por uma, pacientemente. E este pacientemente não está inscrito num tempo longo ou num tempo curto: está fora do tempo. Desta forma, tu estás seguro de ter um resultado e, portanto, de ser isso. Tudo não podes perder, é impossível.

O conjunto deste mundo, o conjunto da Maya vos mantem pelo apego, pelo medo, pela falta, pela dúvida. Comece a olhar o que é o medo. Eu disse ontem que era uma secreção química. Comece a olhar o que é a dúvida. Comece a olhar de onde vem o medo, se não é o desaparecimento do efêmero, da morte, do nada.

Mas certamente que isso não és Tu, que é a pessoa que pensa assim. Mas é preciso que tu vejas a pessoa no trabalho, totalmente. Refutar a pessoa não é rejeitá-la para longe: ele voltará como um boomerang.

É como se tu tivesses um puzzle [quebra-cabeça] para construir: tu queres ver o puzzle construído, antes de o construir. É preciso olhar peça por peça para ver como elas se parecem. Eu não te posso dar o número de peças porque cada um tem peças diferentes e um jogo diferente, mas esse número acabou, ele não é extensível, são os funcionamentos.

Ver os funcionamentos, olhá-los e refutá-los, um por um. Tu não podes refutar a totalidade do mecanismo enquanto ele não se vir nas suas peças constituintes. É efetivamente, o que tu poderias nomear, do ponto de vista da personalidade, um jogo mental, mas é exatamente isso o que é, o que vos proponho.

Isso não é um acesso ao Si ou à Realização do Si, é Ser o que vocês São, para além de toda Realização, para além de todo orgulho, para além de toda espiritualidade, para além de toda armadilha, a fim de ultrapassar as experiências de todos os jogos [ je(ux) – jogos do eu ] possíveis, e de vos estabelecer na Permanência, na Imanência, bem para além de toda Transcendência, bem para além de todo jogo [ je(u) – jogo do eu ].

Compreendam bem, que não é uma questão de compreender os funcionamentos, de ver como eles se articulam e como eles funcionam: simplesmente de os ver, um por um, peça do puzzle por peça do puzzle. É isso, a pesquisa. É isso, a refutação.

Examina e olha o que é permanente e tu terás a surpresa de constatar que nada é permanente neste mundo, nem tu, nesse corpo. Mesmo um acontecimento passa. Tudo passa e, portanto, tudo trespassa. Tudo está destinado a morrer. Tu não és o que morre, tu não podes encontra-lo, tu não podes senão Ser.

Elimina, portanto, o que não é o Ser. Se tu partes desse princípio e tu aplicas estas instruções, não pode existir nenhuma dúvida. É seguro e certo que o teu mental não poderá sobreviver a esta pesquisa: ele não poderá sobreviver ao que quer que seja, se isso não for ao que tu És.

Certamente, isso pode passar por episódios, que tu vais nomear o nada, ou que o teu mental vai chamar estúpidos, ou por raiva. Mais uma razão. O que se manifesta, nesse momento, és Tu? Será que uma raiva é eterna? Será que o julgamento localizado é eterno? Não, já que ele desaparece desde que faças outra coisa, a cólera também.

O que quer que se passe nesse processo de pesquisa ou de refutação, aprecia-o, olhe o que te sugere, nesse momento, o teu mental, ele mesmo, que não és Tu. E aí, tu o verás em ação.

A pesquisa trará os seus frutos, ela traz sempre os seus frutos. Mas quem realizou esta pesquisa? Quem ousou realizar essa pesquisa? Aquele que realiza a pesquisa terá sempre o resultado, o único, o Último. É tudo isso que vos quer evitar de viver as espiritualidades, as religiões, as crenças. Eles querem vos fazer aderir ao que não é Verdade, eles querem vos satisfazer dessas crenças, dessas adesões a ritos, a rituais, a símbolos, para satisfazer o ego e impedir que vocês realizem, vocês mesmos, a vossa pesquisa.

O mental está escondido. Ele se crê mesmo espiritual, de momento. Ele está ávido de conhecimento. A pesquisa conduz à ignorância e quando tu te tornas ignorante, tu És isso, o Absoluto.

O único Conhecimento: o que tu És, Eternidade, o que tu És de todo o tempo, de todo o espaço, para além de todo filtro, de toda projeção.

A pesquisa deve ser séria, o mental gosta muito do que é sério, do que é lógico. É preciso estar por dentro para o ver, não é preciso fugir. Aceitem-no. Na refutação, vê-o pelo que ele é: qualquer coisa que não dura, qualquer coisa que te vai submeter, em permanência, a coisas novas, uma sede nova, uma satisfação nova. Mas nada dura, tudo para, exceto o Absoluto.

Aqui está o que é o princípio da pesquisa. Aqui está como o realizar. Não te coloques a questão de saber que ela para. Não te coloques a questão de saber se ela está completa. Porque no momento em que ela estiver completa, tu verás isso, o mesmo é dizer, o que tu És, a Evidência.

A pesquisa te mostrará que as respostas são extremamente simples, nada disso existe, mas tu não podes passar de imediato para a afirmação que nada disso existe, é preciso penetrar os funcionamentos, é preciso vê-los face a face, é preciso apreendê-los, aceitá-los.

Tu perceberás, efetivamente, que nesse momento, o teu mental vai estar furioso. Ele vai dizer-te que o que fazes é estúpido e não serve para nada. Mas certamente que isso não lhe serve para nada. Ele vai por com raiva. Ele vai te por nas reações porque ele não conhece senão a ação / reação. Se isso se produz, tu estás às portas do que tu És, às portas do Absoluto. Não há porta, mas o teu mental e a tua pessoa vão compreendê-lo. Jogue o jogo. Tu não és o jogo e tu não és o que joga, mas faça-o.

Para o resto, mantem-te tranquilo, não procures nada e tu constatarás que a paz vai aumentar, que o rir vai aumentar, qualquer que seja a raiva, quaisquer que sejam os pontapés que te vai dar, troçando de ti. Não o escutes. Continue a pesquisa, vá até o fim e não te ponhas a questão de onde é a chegada: tu o saberás com antecedência, sem o procurar.

Não procures compreender, também não, mas faça-o. A pesquisa tem sempre resultados. Todo o mundo gostava de realizar o Si, viver a Luz, viver num mundo melhor, se transformar. Mas já, falar de transformação, quer dizer o quê? Quer dizer simplesmente que tu estás instalado no eu porque o eu pensa sempre que ele se vai melhorar, que ele se vai transformar, que ele vai melhorar mas o que tu És, está lá, de toda a Eternidade. Ele É independente do tempo, independente do espaço, independente desse corpo e, sobretudo, independente do teu mental.

Se tu observas com lógica, o que se passa sobre esse mundo, tu não és senão projeção. Esse mundo é já uma projeção mas, vocês mesmos, continuam a projetar desejos espirituais ou psíquicos ou ainda, mais perversos, vocês suprimem o desejo pela meditação, vos extraindo do mundo crendo não estar nele, mas vocês estão nele ainda mais.

Não é o movimento de retração do mundo que é importante: não há nada a retirar desse mundo porque se vocês quiserem daí retirar qualquer coisa, vocês lhe dão peso, consistência, vocês mantêm a Ilusão.

Toda a fraude espiritual está aí: de vos fazer crer que vocês vão melhorar, beneficiar, evoluir, subir a qualquer parte. Mas como o que é Eterno e Perfeito, o que tu És, pode mudar uma vírgula do que ele É? É o ego que age assim.

Todo o conhecimento não é senão uma hipocrisia. Não sejam mais hipócritas, olhem as coisas de frente, elas não existem. Desembaracem-se de tudo o que vos embaraça, em consciência.

Não é preciso, para isso, matar ninguém, nem detestar ninguém. Deixem os outros livres. Desde o instante em que impedem qualquer um de ser Livre, vocês estão, vocês mesmos, na ausência da Liberdade.

Não há nenhum elo que se mantenha. Não há nenhuma responsabilidade que se mantenha. Deixem fazer o que deve ser feito. Obedeçam às leis do vosso país, mas vocês não são essas leis.

Ocupem-se de vocês, realizem essa pesquisa, vão até ao fim dessa pesquisa. Não se coloquem questões. Permaneçam tranquilos, totalmente tranquilos. Considerem isso como um jogo e vocês perceberão, no fim das contas, que não há jogo e vocês rirão de vocês mesmos, do mundo (mas não rir ridicularizando), rir da Verdade que não depende de nenhum fato deste mundo, de nada, absolutamente nada do que sustenta este mundo: a projeção.

Nesse momento, vocês pararão de projetar, vocês serão Plenos e Verdadeiros e Simples e Humildes, Transparentes. Totalmente.

Eis como se faz a pesquisa, ponto por ponto. Não serve de nada ver a linha constituída por pontos, é preciso ver ponto por ponto.

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Mensagem de BIDI no site francês:
http://www.autresdimensions.com/article.php?produit=1433
08 de maio de 2012
(Publicado em 09 de maio de 2012)
Tradução para o português: Cristina Marques e António Teixeira
http://minhamestria.blogspot.com

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