Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.

Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.

Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.

Jalal al-Din Husain Rumi - Poema Sufi

Faltam-te pés para viajar?

Viaja dentro de ti mesmo,

E reflete, como a mina de rubis,

Os raios de sol para fora de ti.

A viagem conduzirá a teu ser,

transmutará teu pó em ouro puro.

Morgenstern?! Ao final do Blog!


quarta-feira, 13 de março de 2013

Pensador, Pensamento e Amor - J.Krishnamurti




I- "O pensamento deve existir para nossas vidas funcionarem. Mas internamente, psicologicamente como o pensamento gera dor, sofrimento e este constante impulso para o prazer – trazendo suas próprias frustrações, desapontamentos, raiva, ciúme e inveja – o pensamento não tem absolutamente espaço nessa dimensão, nesse nível. 

Se a pessoa puder de fato fazer isto: só exercer o pensamento quando ele é absolutamente necessário, e no restante do tempo, observar, olhar. De modo que o pensamento que é sempre velho, que agora impede a real experiência de olhar, possa se afastar e seria possível viver totalmente nesse momento, que é sempre o “agora”."



II- "Nosso problema é, não é, que nossas vidas são vazias, e não conhecemos o amor; conhecemos sensações, conhecemos publicidade, conhecemos demandas sexuais, mas não existe amor. 

E como este vazio vai ser transformado, como a pessoa vai encontrar essa chama sem fumaça? Certamente, essa é a questão, não é?"




III- "Assim, o que chamamos de nosso amor é uma coisa da mente. Olhem para vocês mesmos, senhores e senhoras, e verão que o que estou dizendo é obviamente verdade; de outra forma, nossas vidas, nosso casamento, nossas relações seriam inteiramente diferentes; teríamos uma nova sociedade. Nós nos vinculamos a um outro, não pela fusão, mas por contrato, que é chamado amor, casamento. 

O amor não se funde, ajusta – ele não é pessoal nem impessoal, é um estado de ser. O homem que deseja se fundir com algo maior, unir-se com outro, está evitando miséria, confusão, mas a mente está ainda separada, o que é desintegração. O amor não conhece fusão nem difusão, ele não é pessoal nem impessoal, é um estado de ser que a mente não pode encontrar – ela não pode descrevê-lo, dar-lhe um termo, um nome, mas a palavra, a descrição, não é amor. 

Só quando a mente está quieta ela poderá conhecer o amor, e esse estado de quietude não é uma coisa a ser cultivada. O cultivo é ainda a ação da mente; disciplina é ainda produto da mente, e uma mente que é disciplinada, controlada, subjugada, uma mente que está resistindo, explicando, não pode conhecer o amor."




IV - Entrevistador: 

Senhor, o amor pode ter um objeto?

Krishnamurti: 

Quem está fazendo a pergunta? Pensamento ou amor? O amor não está fazendo esta pergunta. Quando você ama, você ama – não pergunta “Existe um objeto, ou não objeto, ele é pessoal ou impessoal?”. 

Oh, você não sabe o que ele significa, a beleza dele! Nosso amor, como ele é, é uma provação: nossa relação um com o outro é tal conflito. Nosso amor se baseia na sua imagem de mim e na minha imagem de você. Olhe para isto muito cuidadosamente, para a relação entre estas duas imagens isoladas que dizem uma para a outra “Nós amamos”. 

As imagens são o produto do passado, das memórias, memórias do que você me disse e do que eu disse a você; e esta relação entre as duas imagens deve inevitavelmente ser um processo isolador. É isso que chamamos relação. Estar em relação significa estar em contato não só fisicamente o que não é possível quando existe uma imagem, quando existe o processo auto-isolador do pensamento, que é o “eu” e o “você”. 

Nós dizemos: “O amor tem um objeto? Ou o amor é divino ou profano?” – entende? Senhor, quando você ama, você não está dando nem recebendo.





V- "Olhe para uma coisa que você viu e é de fato maravilhosamente bela: uma estátua, um poema, um lírio no lago, ou um gramado bem cuidado. E quando você vê tal pedaço de beleza, – não, não, quando você vê isso, não pedaço – quando você vê tal beleza o que acontece? Naquele momento a própria majestade da montanha faz você esquecer-se de si mesmo. Certo? Você já esteve nessa posição? Quando você vê que você não existe, apenas aquela grandeza existe. 

Mas alguns instantes depois ou um minuto depois todo o ciclo começa, a confusão, o tagarelar. Assim, a beleza está onde você não está. Compreendeu isto? Compreendeu senhor? Oh, que multidão! A tragédia disto. A verdade está onde você não está. Beleza, amor está onde você não está. Porque nós não somos capazes de olhar para esta coisa extraordinária chamada verdade."



VI- "O pensamento será sempre limitado pelo pensador que é condicionado. O pensador é sempre condicionado e nunca está livre. Se o pensamento ocorre, imediatamente a ideia acompanha. 

A ideia a fim de atuar está destinada a criar mais confusão. Sabendo de tudo isto, é possível agir sem a ideia? Sim. Este é o caminho do amor. O amor não é uma ideia; não é uma sensação; não é uma memória; não é um sentimento de transferência, um artifício de autoproteção. Só podemos estar cônscios do caminho do amor quando compreendemos todo o processo da ideia.

Ora, é possível abandonar os outros caminhos e conhecer o caminho do amor, que é a única redenção? Nenhum outro caminho, político ou religioso, resolverá o problema. Isto não é uma teoria que você tem que ponderar e adotar em sua vida; deve ser real...

...Quando você ama, existe ideia? Não aceite isto; apenas olhe, examine, entre nisto profundamente porque todo outro caminho nós tentamos, e não há resposta para a miséria. Os políticos podem prometê-la. 

As chamadas organizações religiosas podem prometer felicidade futura, mas nós não a temos agora e o futuro é relativamente sem importância quando estou faminto. Nós tentamos todos os outros caminhos; só podemos conhecer o caminho do amor se conhecermos o caminho da ideia e abandonarmos a ideia, o que é agir."
 

Fonte: https://www.facebook.com/pages/Krishnamurti-Brasil