Pergunta: Eu ainda não cheguei a
extrair a minha consciência do sono de sonho. Ela permanece aprisionada nas
experiências da minha personalidade. O que é que eu devo viver ou como
proceder?
Quem trabalha enquanto tu sonhas? Quando tu dormes, tu sabes que tu dormes? Ser-te-ia necessário para isso, permanecer lúcido. Prosseguir a dissolução é, precisamente, permanecer lúcido, não mais estar no sonho (o que alguns chamaram Turiya), que não é o Absoluto.
Do ponto do Absoluto (se é que eu possa falar assim) o estado de vigília ou de sono não muda nada. São ilusões, tanto um como o outro. A tua vida passa, o teu corpo passa, o sonho passa, então isso não é eterno e de nenhuma forma ligado ao eu sou.
Turiya (ou o eu sou, a Presença) é uma etapa. Isto é o que é construído além da personalidade e que deve apagar-se, por desconstrução ou de preferência por dissolução no momento oportuno.
Se a tua consciência, assim que tu a vês, está presa nesta realidade, isso significa simplesmente que o momento, no sentido linear, não veio. Dentro do que foi dito (para continuar um trabalho de dissolução), foi-te dado um prazo? Não. A consciência viverá, no teu caso, o que é para viver para ela antes de desaparecer.
O apego, ao que tu és, em certos modelos de crença, aprisiona-te tão seguramente quanto o resto. Eu poderia falar-te de Krishna, de Buda: eu os conheci de outra forma senão por seus escritos, de outra forma senão por suas crenças, de outra forma senão pelas religiões ou através de um ideal, de uma história? Tu precisas, mesmo, matar isso. Não de modo ativo, porque não há nada para fazer desaparecer, mas simplesmente refutar, aí também. Ir além disso.
Contanto que tu adiras a qualquer outra coisa senão o Absoluto, o Absoluto está fechado para ti, porque a crença afasta-te dele.
Cristo é Turiya. Ele é um modelo, mas, como já foi dito (mesmo por Buda): num dado momento, tu deves matar o modelo. O único obstáculo está aí.
Há, através da adesão a uma crença, um ideal a ser perseguido. Este ideal a perseguir inscreveu-te em um tempo e o tempo parece longo. Remove o ideal, não haverá mais tempo. Remove a crença, tu não terás mais a necessidade de tempo.
São as crenças que impedem a dissolução, seja o teu modelo o mais ideal, seja encontrada em sonho, seja encontrado de maneira mística. Porque os que o conhecem, realmente, de maneira mística, tem apenas um objetivo: fusionar, se Casar com ele (ou com ela, se é uma outra entidade). Daí nasce a dissolução. Como disseram a vocês os Anciãos: Comunhão, Fusão e Dissolução, nessa ordem, dentro de Turiya.
Então tu não podes considerar um modelo como exterior a ti. Como ele é considerado como um ideal exterior, um modelo a adquirir, tu manténs a Comunhão, tu impedes a Fusão e ainda mais a Dissolução. Eis o obstáculo.
Esquece tudo: todos os modelos, todos os quadros, todas as crenças. Esquece até mesmo o teu pai e a tua irmã. É a única maneira de viver a Dissolução. Ou então fusiona com o Cristo, ou ainda fusiona com o teu pai, ou ainda fusiona com a tua irmã, mas fusiona com algo a fim de que isso não tenha mais existência exterior ao que tu és. Aí, tu viverás a Dissolução, mas não antes porque há persistência da ideia de alguma coisa de exterior, que tem uma existência autônoma, no exterior de ti.
Mas como foi dito, até mesmo pelos Arcanjos: o mundo está em ti. Os Arcanjos estão em ti, eu estou em ti, porque tu és absoluto. Como tu te colocas uma distância em um papel ou uma função, exteriores a ti (no Cristo, no teu pai, na tua irmã ou no que tu quiseres), existe uma distância e, portanto, não pode haver a menor Dissolução. Não pode existir mais do que a persistência de um nível. O Absoluto não é um nível. É simples, aí também.
Como há uma projeção em um ideal, religioso ou outro, vocês não podem ser vocês mesmos, mesmo com o que vocês têm nomeado o Duplo. O Duplo não é feito para ser visto, ele é feito para se Dissolver. É uma ajuda para o Absoluto, mas não é uma finalidade porque ambos são os mesmos.
Não projeta nada no exterior. O que tu És não tem que ser projetado: já está em ti (mesmo o Cristo, mesmo o teu pai). Não há nada de exterior ao que tu És. O que é exterior é uma mera projeção da consciência, um sonho, assim como o estado de vigília. Se tu aceitas isso, a Dissolução é adquirida, porque ela sempre esteve aí. É simplesmente o teu olhar, a tua maneira de ver, o teu ponto de vista, derivado de tuas crenças e de teus afetos. Não há nada mais que isso. Este é o único obstáculo.
Pergunta: Eu vivo estados caóticos. A refutação me permite tomar uma distância, mas o mental, as emoções e a vontade estão sempre muito presentes. Como pedir a ajuda das Estrelas, dos Anciãos ou dos Arcanjos sem fazer salvadores exteriores? Como estar em Comunhão com eles, sem que seja uma projeção do meu mental?
É preciso primeiramente que tu aceites que não há personalidade, que não há nada exterior. O que tem necessidade de ajuda senão, como tu disseste, a personalidade que precisa de um salvador? Mas desde o momento em que não há personalidade, quem haveria para salvar? Quem haveria para ajudar?
Muda de visão, visto que tudo já está em ti, absolutamente tudo. Aí também, não imagines o que quer que seja de exterior em ti criando uma distância, ainda maior, entre o que tu És e o que se projeta.
O caos é um sinal muito bom, porque o caos assinala uma reorganização, além de toda ordem, na Liberdade.
A aparência da personalidade passa pela sua própria morte. A Luz Dissolve a personalidade, que não tem existência alguma. Não dês peso ao que não existe. Tu não és nem o teu mental, nem esta personalidade. Tu crês neles. Aí está o problema.
Como testemunha da refutação, tu estabeleces perfeitamente de onde vêm as denúncias. Como estas denúncias podem ser atuantes, mesmo vendo-as, se tu não lhes deres o teu consentimento? E esse consentimento vem da incapacidade temporária para não ser isso.
Não há culpabilidade. Qual é esta culpabilidade? Aquela de ser mal, atribuídas às causas exteriores, a uma causalidade, a eventos que sobrevindos. Porque através disto, exprime-se o quê? O sentimento (eu digo bem, sentimento, porque não é verdade) de solidão. A necessidade de completude. A procura, no exterior, de uma completude, para pôr fim a uma solidão que não existe.
É a personalidade quem te leva através de suas desilusões, a acreditar que tu estás sozinho. Os afetos e os sentimentos que retornam, olhados pelo que eles são: alguma coisa que passa e que não és tu.
Não confundas a refutação com o fato de não vê-los. Refutar conduz a ver as coisas e os elementos, tal como eles são, mas não a não mais vê-los. Observes pacientemente que, muitas vezes, tu te serves da refutação, justamente, para não ver. Se tu aceitas isso, a personalidade terá menos peso, o mental ainda menos.
É o mental que te faz acreditar que há solidão, que há isolamento, que é necessário olhar para o exterior. Mesmo o Duplo está em ti, sem isso, como poderia ele existir no Cristo ou em qualquer outro? Não há nada além do Absoluto.
Não te deixes desencorajar com o que te dita o mental, pelo que ele te faz crer. Seria preciso que tu fosses esta personalidade que sofre, que sente falta, que está isolada. Isso não é verdade.
A abundância sempre esteve aí, tudo sempre esteve aí. Não acredites no que te dizem os teus afetos e os teus sentimentos. Não te desvies, mas aceites em vê-los: eles estão aí, mas não és tu. Refutar, não é negá-los.
Tu não és nada do que passa. Tu podes estar segura e certa de que, quando qualquer coisa passa (como um humor ou um sentimento) isso não és tu, mas é secretado por esse saco de comida, ou por tua própria história, pelas tuas próprias feridas. Mas tuas feridas não são as tuas, mesmo se elas te são próprias. Elas se inscrevem em outra coisa além daquilo que tu És, dentro justamente desta personalidade, dentro justamente deste mental.
Se tu te manténs tranquilo, sem pedir uma ajuda, sem projetar uma ajuda, sem imaginar que o que quer que seja não pode vir do exterior, além do que quer que seja que possa vir do exterior, se tu te inclinas sobre o que tu És, no Interior, tu vais aperceber-te que todos os teus recursos estão aí e não dependem nem do peso de um ferimento (real ou suposto), nem de qualquer falta, nem de uma ajuda exterior qualquer.
Compreendas e apreendas que, já, tudo está em ti, sem qualquer exceção. Tu não estás cheia de sofrimento, de sentimentos e de afetos. Tu não estás cheia de nada além do que tu És: Absoluto.
Tu és a fonte de ti mesma. Não há amor exterior. Seja Amor. Não te coloques a questão do teu passado, de tuas feridas, de tuas deficiências: elas não existem. E a ajuda já está aí porque ela não está para vir: ela já está instalada.
Deixa desenrolar-se o que se desenrola. Deixa desenrolar-se. Tu não és o que se desenrola. Permanece no centro, sem perguntar e sem projetar, sem vai e vem, imóvel, aí onde, por agora, tudo te parece vazio e tu verás que isto não é mais do que um olhar do ego, porque na realidade, é aí que está o Absoluto: completamente. Mas para isso, aceita ver esses sentimentos, essas impressões, essas emoções, este sentimento de vazio. Vê-os, mas não os reconhece: eles não te pertencem.
É muito simples, mas, é claro, a personalidade não quer mais o simples. Ela considera orações, pedidos, súplicas, porque ela tem medo de ser insignificante. E ela é. Por isso, ela não tem que ter medo do que ela É. Tu não és insignificante. Tudo o que tu És é significante, além de todo sentido e de toda significação deste mundo. Tu és a eternidade.
Pergunta: A experiência e a escolha de vida que se faz pode nos levar ao Absoluto, mesmo se nós não somos o que fazemos?
Não. O Absoluto não depende de nenhuma escolha, de nenhuma vida, de nenhuma realidade deste mundo. O Absoluto é o mesmo, quer isso seja sobre a cruz do Cristo, quer na criança que morre de fome, quer no velho que morre de velhice, ou aquele que morre com uma bala. Não há diferença nenhuma.
Acreditar que há circunstâncias desta personalidade, precisas (de caminhada espiritual ou outra) que favorecem o cumprimento, se tanto é que se possa falar assim, o estabelecimento do Absoluto, é um erro.
Acreditar que, porque se vai estar livre de todas as necessidades (afetivo, financeiro, moral, familiar, social) será suficiente para ser Absoluto é um erro dramático. O Absoluto não depende de nenhuma condição deste mundo. É um erro.
Nada existe além da personalidade que pode estar satisfeita no fato de não faltar nada, dinheiro, afeto. O Absoluto não tem o que fazer de tudo isso. Não há nenhuma idade, nenhuma condição, nenhum carma, nenhuma situação, que se oponha ao Absoluto, se não vocês mesmos, através de justificativas, de álibis (que não têm), histórias espirituais (que não têm), medos escondidos, evidências escondidas.
Não há caminho para o Absoluto, nenhum. Não há nenhuma maneira de se aproximar do Absoluto por qualquer circunstância de vida. O Si pode dar-lhes a aparência, mas mesmo o Abandono do Si é necessário e indispensável.
Eu diria que, em última análise, seria muito mais fácil para aquele que não tem resistência. Ou seja, aquele cujo corpo se vai, cujas posses se vão, têm mais chance de revelar o Absoluto. Há alguns países onde os seres abandonaram tudo e nunca mais encontraram nada. Há países onde os seres nunca mais pediram nada e eles são Absoluto. Não vejas isso como uma progressão. Não vejas isso como alguma coisa que facilita ou evita. Isso não é verdade.
Só o mental pode acreditar nisso: há circunstâncias favoráveis. Isso é falso. Apenas o Abandono do Si, a mudança de olhar e de perspectiva, o não apego, realizam a Verdade do Absoluto, que sempre esteve aí.
Crer que há uma distância criou distância. Crer que há um caminho criou um caminho. Crer que há indignidade torna-os indignos. Supor que isto está longe o torna longe.
É, no entanto, aí também, extremamente simples: não suponham nada, não aceitem nada. Deixem todo o lugar. Desapareçam.
Enquanto vocês acreditam existir através de um apego, uma pesquisa, um afeto, vocês se afastam do Absoluto. Ele, sempre ele esteve aí, ele nunca se moveu: vocês que se moveram. São vocês que estão afastados, nesta personalidade, nesta ilusão, no si.
Quando nós lhes dizemos para ficar tranquilos e não fazer nada, ocupem-se de sua personalidade, se vocês quiserem (para melhorá-la, para pacificá-la), mas vocês não são isso. Vivam o Samadhi, se isso lhes dá prazer, mas vocês não são isso, não mais.
Através das minhas palavras, eu espero que vocês apreendam um pouco mais sobre o que é a refutação: nem isto nem aquilo. O que os impede de praticar? O que os impede de pôr em prática? O que os faz acreditar que é um jogo mental? O que vocês dizem que é estúpido? Façam-se a pergunta.
Se não é o seu próprio ego, o seu próprio mental, quem lhes vai dizer a cada turno, que “isso não é verdade” que "isso não existe", que "isso não é possível”, que "isso é muito simples, muito fácil." Refutem e vocês verão.
Realizem a sua investigação, mas não procurem a ação / reação deste mundo: ela é sem fim. Não procurem causa, em definitivo, para o que nunca teve causa. Não há início. Não há fim. É uma ilusão total.
Vocês são Eternos, Eternidade. Eternos: sempre presentes. Todo o resto são apenas acessórios, piruetas, espetáculos e fraudes. Vocês querem brincar de ser um bandido ou vocês querem ser Verdadeiros e Transparentes? Vocês querem ser uma Alegria que não desaparece jamais, uma beatitude que não é função das circunstâncias, de seus amores ou de seus desamores, do seu dinheiro ou do seu não dinheiro, de um teto ou de um não teto?
Vocês não têm nenhuma necessidade de prever porque a sua vida prosseguirá da melhor das maneiras, sem nenhum obstáculo, no Absoluto. Aí está a única causa dos sofrimentos aparentes, das necessidades aparentes, das feridas aparentes, das doenças. Não há nenhuma outra.
Se vocês deixarem este saco de comida evoluir por ele mesmo, mantendo-o, sem se colocar perguntas, ele irá muito bem. Do nascimento à morte, ele viveria o que ele tem para viver. Isso é porque vocês estão identificados com ele quer ele esteja doente, quer ele esteja mal e sofrendo, caso contrário, não há razão válida para ser alterado.
Tente isto: refutar este corpo e vocês verão que ele vai se encaixar bem. Porque o ego irá fazê-los crer que refutar, é renegar, é rejeitar: é um erro. Isso é o que lhes diz o seu mental, constantemente. Não há nada, além disso, que os impede de praticar a refutação, ou então para fazê-los considerá-lo sob um lado manhoso, "tudo é ilusão." E de rir, mas não o verdadeiro riso, aquele da ilusão que simula.
Não há outro obstáculo que vocês mesmos. O Absoluto não precisa de vocês. Ele é o que vocês São. Apreendam isso.
Todo o problema é apenas uma questão de posicionamento, de ponto de vista, como eu o disse, isso é um erro de ponto de vista, um erro de visão. Esta é uma visão que está sujeita a sua história, aos seus afetos, às suas emoções, ao seu mental, a tudo o que é ilusório. Ultrapassem esta visão. Vocês não são aquele que vê. Não há nada a ver a este nível.
Se vocês fizerem silêncio de tudo isso, vocês constatarão, com espanto, que o Absoluto já está aí. Ele não tem que aparecer, exceto para a personalidade que se vai. Aí está a Dissolução. Aí está a facilidade. É sair da complexidade. Sair da dificuldade. Sair do conhecimento, o falso, aquele que depende de uma aquisição, de uma crença, de uma reflexão, de uma suposição.
O Absoluto é o conhecimento. Ele faz de vocês um Liberado. Não o conhecimento da personalidade, que não os liberará jamais, que os confinará, cada vez mais, na ação / reação, no sofrimento, na dor.
Sejam Livres. Ousem ser Livres. O que os impede? Claro, há regras e leis que se aplicam a este mundo, mas vocês não São isso. Vocês são a Absoluta felicidade da Luz Eterna do Amor. Nada mais e nada menos. É apenas que vocês tenham acreditado na sua personalidade, no seu papel nesta vida, no seu início e, nesse fim.
Pergunta: Tendo feito a experiência da Onda da Vida, você pode me dizer se há um monte de cascas de cebola a serem removidas para chegar ao Absoluto?
Mas se tu removes todas as cascas e todas as camadas da cebola, o que resta? Nada. Não há nada para remover. Há somente a ver, a refutar. Refutar não é suprimir nada. É aceitar o Absoluto, inclusive, na totalidade. Não exclui nada, mas simplesmente a ilusão é vista pelo que ela é: uma ilusão.
Se a Onda da Vida está aí, não te ocupes de nada, não faças nada, fiques quieto, especialmente, não te ocupes de nada. Tu serás sempre muito mais inapto do que a Onda da Vida. Tu serás mesmo ridículo em relação à ação da Onda da Vida. Torna-te simplesmente esta Onda da Vida, isso é tudo. Não procures nada mais. Não te ponhas a questão de outra coisa. Refuta o que chega e tu verás, por ti mesmo, que mais nada chega.
É a Liberação. É a Liberdade. Não há nada a imaginar trabalhar. Há simplesmente que aceitar o que se manifesta, o que emerge, o que sai. Mas não vás procurar por ti mesmo, sem isso, tu manténs a dualidade e tu escondes a Onda da Vida.
Acreditar que há qualquer coisa para purificar, algo para se livrar, é uma ilusão, aí também. Aceitar isso não é mais ser a personalidade: é deixar trabalhar a Onda da Vida, na totalidade.
É não ser afetado, é não acreditar que há um trabalho, é não imaginar ou supor que há camadas de Sombra. É superar todas estas noções de acreditar que há uma pacificação a realizar, que há um trabalho a conduzir, que há uma purificação do ego ou uma atenuação do ego ou do Si. É sair de todos esses jogos estéreis, todos esses golpes espirituais, justamente.
Vocês estão Liberados porque a Onda da Vida foi Liberada. Não se preocupem mais com todas essas sombras, elas não existem. Não lhes deem mais pesos e consistência. Mudem o olhar. Não há nada de bem, nada de mal, não há nada mais que o Absoluto, Luz, Amor, Verdade. Todo o resto são meros fantasmas mórbidos.
Decidam por si mesmos. Vocês se acham este saco de comida? Vocês se acham esses ferimentos? Vocês se acham esta história? Vocês se acham estes sofrimentos, essas perdas, estas lacunas ou vocês são realmente absolutos? Mostrem-no. Provem-no. Mas prová-lo não é uma ação, muito menos uma demonstração, porque é o que vocês São, todos.
Não adiram mais aos seus próprios pesos: eles não existem. Não há outra solução, não há outra Verdade, exceto o último. E se vocês têm sede de experiências, então, levem suas experiências no Si ou na pessoa, vejam por si mesmos, além simplesmente do desejo, além mesmo da necessidade.
Fiquem na aparência e falta ou encontrem-se no que vocês São, essa plenitude absoluta, aí onde não pode existir nenhum medo e nenhuma falta? Vejam por si mesmos.
Pergunta: Vocês irão aonde os leva a sua Vibração, não façam nada e fiquem tranquilos, são indicações que eu recebo sobre o momento com alguma compreensão, e que se tornam cada vez mais confusas. A dúvida e a confusão manifestam-se invariavelmente. Como o “eu” faz a sabotagem?
Porque tu lhe dás crédito. Tu o deixas jogar. Tu o autorizas a jogar. Tu o autorizas a interrogar-se. Tu o autorizas a duvidar. Tu És isso? Que conclusão?
Nas frases que tu enunciaste, é muito simples. Tu irás aí aonde leva a tua Vibração. Tua Vibração leva-te então a estabelecer-te em alguma coisa. Há então uma deslocalização, que vocês têm nomeado Ascensão. O Absoluto não é Vibração. Isso significa que vocês não irão a nenhuma parte, visto que vocês já estão aí. A confusão vem daí.
Para o “eu”, não há problema: ele desaparece completamente no que está aí. Isto não altera nada além do desaparecimento do “eu”, seja o fato da morte do saco de comida ou a morte do mundo: é a mesma coisa. Se vocês veem aí uma diferença é que vocês estão inseridos neste mundo e vocês estão apegados a este mundo que é projeção e maya, ilusão. Sem isso, este não deve colocar-lhes qualquer problema, qualquer pesquisa, qualquer apreensão para qualquer um.
Aquele que se coloca problema e que tem uma apreensão, é o ego, que duvida, que só existe no mundo, somente pela projeção na ilusão. A Vibração é a certeza de ir aonde ela os leva, no Si, no que é chamado de Dimensões, planetas, sistemas. Aquele que excede a Vibração é Absoluto, aqui mesmo, nesta forma.
Não há princípio de encarnação que permaneça e que seja limitante, salvo para aquele que está no ego e que acredita. A confusão vem daí. É o mental que criou a confusão. A partir do momento em que tu procuras entender frases como estas, sem vivê-las, é claro que isso permanece mental. Não serve para nada lê-las, se não são vividas. Vocês não encontrarão nelas nenhuma satisfação.
Da mesma forma, eu encorajo aqueles que quererão ler-me ou ouvir-me, que não seja aqui, eles param imediatamente, porque isso não serve para nada, para seu ego, sua mente, seu Si. Apenas o Absoluto me interessa. Se o Absoluto não lhes interessa, então sigam o seu caminho. Fiquem Livres para acreditar ou ser o que vocês querem, mas se as minhas palavras os incomoda, se a minha voz os incomoda então vocês estão no bom caminho. Se vocês não entendem nada, então, é perfeito. Se todas as suas marcas voam pelos ares, é mais do que perfeito: a fruta está madura.
Mas não se cansem de ler ou ouvir o que os incomoda, a menos que o masoquismo seja uma parte de sua personalidade. O que eu digo não interessa a todo mundo, é claro, e muito menos àqueles que ainda estão submissos à fraude espiritual ou aos dogmas da personalidade ou ao reflexo do Si. Eu me remeto àqueles que aceitam nada mais compreender, porque o que eu digo só pode ser vivido. Compreender não serve para nada.
Pergunta: Se é inútil fazer mais perguntas, então me diga exatamente o que eu devo ouvir. Por que tu queres ouvir alguma coisa?
Eu jamais disse ouvir, eu disse escutar. O ouvir vem depois. Tu subentendes por aí que te falta alguma coisa que tu não terias ouvido. A única coisa que tu não podes ouvir é a ti mesmo. Tu podes ouvir-te falar, mas tu já ouviste o que tu És? Ou tu crês Ser o que tu pareces nessa forma, neste corpo, nesta vida?
Não há nada para ouvir, do mesmo modo que não há nada a esperar ou a compreender. O Ser não precisa de toda compreensão, de toda expectativa. A única coisa para ouvir, talvez, seja o Som, este Som primordial, que traduz, de alguma forma, na tua Consciência, além da Unidade, o retorno dentro do Absoluto que tu És, de toda Eternidade. Nisto, não é preciso mais ouvir o que te diz a tua cabeça, o que te diga uma autoridade exterior, seja ela a minha, que não tem mais autoridade do que a tua, sobre ti.
É necessário reaprender a ouvir, e por isso, não é preciso ouvir nada, nem não confiar em outra coisa que o silêncio, e no Som Último, traduzindo, em ti, o que se revela e se desvela e que, de fato, sempre esteve aí.
Eu não tenho então, nada para te fazer ouvir, porque mesmo o que eu te digo, mesmo o que eu digo a ti, está simplesmente destinado a te voltar em direção a Ti, e absolutamente nada mais. Como há um desejo de compreender ou de ouvir, o que quer que seja, isso demonstra simplesmente que a Atenção e a Consciência estão voltadas para o exterior, tentando encontrar aí algo para ouvir e entender.
Quem entende é sempre aquele que é efêmero. Quem quer compreender é sempre o que é ainda mais efêmero. O que tu És não é uma compreensão.
O que tu És, é de toda eternidade, desde o instante em que tu concebes e percebes, além de toda concepção e de toda percepção, de maneira mediata, de maneira instintiva (no sentido mais elevado), o que tu És. Tu não tens então nada para ouvir. Há apenas que Ser, além do Ser, além da vontade, além de teus sentidos, além das Vibrações que te são perceptíveis além de toda expectativa.
A partir do momento em que tu te tornas capaz de fazer este Silêncio de tudo o que não é este Som, então, nesse momento, a Verdade eclode além de toda a verdade fragmentada e fragmentária.
O testemunho disso (mas não o testemunho de ti mesmo) é simplesmente uma manifestação, além de toda a manifestação, da qual nada pode ser dito, da qual a Beatitude e o Êxtase, é a abordagem: reflete e testemunha incompleto, assinalando o retorno à tua Eternidade, Imortalidade, à tua origem antes d’A Fonte.
A partir desse momento, não há mais nada para ouvir, não há nada para entender, muito menos esperar, porque tu chegaste de onde tu nunca partiste: tu saíste, definitivamente, da Maya. O que te dá a Maya para viver, para experimentar, é feito sem a intervenção do que tu te tornaste: o Não-ser. A Consciência não pode ser tocada pelo que quer que seja, traduzindo-se, a partir daquele momento, pela não consciência e pelo Não-ser.
Agora, contudo, um corpo ilusório, um espírito ilusório, dando-te apenas a testemunhar este não-ser, pela presença deste corpo, pela presença desses pensamentos que não são o que tu és, mas apenas um reflexo. Estando refletido, tu dás a ver, tu dás a perceber (aqueles que não o são revelados neste momento) uma imagem. Este imagem torna-se como que transparente, não podendo, de alguma forma, ser capturada nem apreendida por aquele que olha através do senso comum, dando um sentimento de estranheza.
E, além disso, resultando em uma interrogação, sobre uma recusa, ou em todo caso, pela perda de um equilíbrio precário, por aquele um que está instalado na personalidade ou no Si. Nesse momento, o trabalho (que se faz sem trabalho), a alquimia que se realiza, está engajada, independentemente de toda vontade, dessa aparência que tu dás a ver, deste testemunho que tu dás, simplesmente pela irradiação do não-ser no seio deste mundo de ilusão.
Assim, a partir desse instante tu podes viver o Absoluto, mantendo esta forma. O único interesse, se é que se pode falar assim, é de dar a ver àquele que não é (por meio de incômodo, através do Amor, através de uma mudança de equilíbrio, seja ele qual for), a capacidade de se fazer a pergunta, mesmo negando o que tu te tornaste no Não-ser.
A partir desse momento, o Absoluto permite àquele que não é Absoluto, instalado no efêmero, a ser perturbado, em todos os sentidos do termo, trabalhando nele de maneira silenciosa, pela recusa, pelo Amor ou por qualquer outra coisa, levando-o a traduzir a sua Consciência em outro lugar [alhures], a colocar-se a questão, mesmo de que está Consciente, de que observa e de que recusa o que é mostrado, dado a ver.
Não há nada para ouvir, mas é o próprio princípio da escuta que permite conectar, de maneira silenciosa e invisível, além de toda Vibração, para se comunicar de alguma forma, os elementos do incomunicável. A melhor maneira de escutar isso, e talvez para ouvir, é fazer o Silêncio de todos os sentidos, de todo desejo, todo o entendimento, de todo Ser.
O que é para reter, e o que é mais importante é justamente o que é perturbado. Aquele que é perturbado tem mais chance de se comunicar com o Absoluto. Esta comunicação não é uma comunicação, nem uma relação: é uma interrogação e, especialmente, o fato de ser perturbado. Não há outra maneira de mover as certezas ilusórias do ego. Não há outra maneira de refutar, inicialmente, o próprio Absoluto, para ver que, finalmente, através da refutação de outros elementos, não pode permanecer precisamente mais do que o que foi refutado do início.
O Absoluto não é nem percepção, nem Vibração, nem conceito. Ele não é nada do que é conhecido. Face ao desconhecido, qual é a reação daquele que crê conhecer-se, no “eu” ou no Si? É a recusa, é a própria negação do que lhe é apresentado, dado a escutar. Deste princípio de não compreensão e da interrogação procede todo o seguinte.
O Absoluto não pode ser conceituado, de modo algum, ele não pode ser abordado, de qualquer forma, pelo que é conhecido, pela inteligência, pelos sentidos, pela Vibração ou por não importa o quê. É precisamente este aspecto perturbador que move um equilíbrio precário, que permitirá, na maioria dos casos, realizar este Absoluto que sempre foi, que sempre é e sempre será. No que quer que se torne este mundo, no que quer que se torne este Corpo, no que quer que se torne este pensamento. Aí está a única Verdade. Ele é a Última Verdade, Absoluta, Total.
Quem trabalha enquanto tu sonhas? Quando tu dormes, tu sabes que tu dormes? Ser-te-ia necessário para isso, permanecer lúcido. Prosseguir a dissolução é, precisamente, permanecer lúcido, não mais estar no sonho (o que alguns chamaram Turiya), que não é o Absoluto.
Do ponto do Absoluto (se é que eu possa falar assim) o estado de vigília ou de sono não muda nada. São ilusões, tanto um como o outro. A tua vida passa, o teu corpo passa, o sonho passa, então isso não é eterno e de nenhuma forma ligado ao eu sou.
Turiya (ou o eu sou, a Presença) é uma etapa. Isto é o que é construído além da personalidade e que deve apagar-se, por desconstrução ou de preferência por dissolução no momento oportuno.
Se a tua consciência, assim que tu a vês, está presa nesta realidade, isso significa simplesmente que o momento, no sentido linear, não veio. Dentro do que foi dito (para continuar um trabalho de dissolução), foi-te dado um prazo? Não. A consciência viverá, no teu caso, o que é para viver para ela antes de desaparecer.
O apego, ao que tu és, em certos modelos de crença, aprisiona-te tão seguramente quanto o resto. Eu poderia falar-te de Krishna, de Buda: eu os conheci de outra forma senão por seus escritos, de outra forma senão por suas crenças, de outra forma senão pelas religiões ou através de um ideal, de uma história? Tu precisas, mesmo, matar isso. Não de modo ativo, porque não há nada para fazer desaparecer, mas simplesmente refutar, aí também. Ir além disso.
Contanto que tu adiras a qualquer outra coisa senão o Absoluto, o Absoluto está fechado para ti, porque a crença afasta-te dele.
Cristo é Turiya. Ele é um modelo, mas, como já foi dito (mesmo por Buda): num dado momento, tu deves matar o modelo. O único obstáculo está aí.
Há, através da adesão a uma crença, um ideal a ser perseguido. Este ideal a perseguir inscreveu-te em um tempo e o tempo parece longo. Remove o ideal, não haverá mais tempo. Remove a crença, tu não terás mais a necessidade de tempo.
São as crenças que impedem a dissolução, seja o teu modelo o mais ideal, seja encontrada em sonho, seja encontrado de maneira mística. Porque os que o conhecem, realmente, de maneira mística, tem apenas um objetivo: fusionar, se Casar com ele (ou com ela, se é uma outra entidade). Daí nasce a dissolução. Como disseram a vocês os Anciãos: Comunhão, Fusão e Dissolução, nessa ordem, dentro de Turiya.
Então tu não podes considerar um modelo como exterior a ti. Como ele é considerado como um ideal exterior, um modelo a adquirir, tu manténs a Comunhão, tu impedes a Fusão e ainda mais a Dissolução. Eis o obstáculo.
Esquece tudo: todos os modelos, todos os quadros, todas as crenças. Esquece até mesmo o teu pai e a tua irmã. É a única maneira de viver a Dissolução. Ou então fusiona com o Cristo, ou ainda fusiona com o teu pai, ou ainda fusiona com a tua irmã, mas fusiona com algo a fim de que isso não tenha mais existência exterior ao que tu és. Aí, tu viverás a Dissolução, mas não antes porque há persistência da ideia de alguma coisa de exterior, que tem uma existência autônoma, no exterior de ti.
Mas como foi dito, até mesmo pelos Arcanjos: o mundo está em ti. Os Arcanjos estão em ti, eu estou em ti, porque tu és absoluto. Como tu te colocas uma distância em um papel ou uma função, exteriores a ti (no Cristo, no teu pai, na tua irmã ou no que tu quiseres), existe uma distância e, portanto, não pode haver a menor Dissolução. Não pode existir mais do que a persistência de um nível. O Absoluto não é um nível. É simples, aí também.
Como há uma projeção em um ideal, religioso ou outro, vocês não podem ser vocês mesmos, mesmo com o que vocês têm nomeado o Duplo. O Duplo não é feito para ser visto, ele é feito para se Dissolver. É uma ajuda para o Absoluto, mas não é uma finalidade porque ambos são os mesmos.
Não projeta nada no exterior. O que tu És não tem que ser projetado: já está em ti (mesmo o Cristo, mesmo o teu pai). Não há nada de exterior ao que tu És. O que é exterior é uma mera projeção da consciência, um sonho, assim como o estado de vigília. Se tu aceitas isso, a Dissolução é adquirida, porque ela sempre esteve aí. É simplesmente o teu olhar, a tua maneira de ver, o teu ponto de vista, derivado de tuas crenças e de teus afetos. Não há nada mais que isso. Este é o único obstáculo.
Pergunta: Eu vivo estados caóticos. A refutação me permite tomar uma distância, mas o mental, as emoções e a vontade estão sempre muito presentes. Como pedir a ajuda das Estrelas, dos Anciãos ou dos Arcanjos sem fazer salvadores exteriores? Como estar em Comunhão com eles, sem que seja uma projeção do meu mental?
É preciso primeiramente que tu aceites que não há personalidade, que não há nada exterior. O que tem necessidade de ajuda senão, como tu disseste, a personalidade que precisa de um salvador? Mas desde o momento em que não há personalidade, quem haveria para salvar? Quem haveria para ajudar?
Muda de visão, visto que tudo já está em ti, absolutamente tudo. Aí também, não imagines o que quer que seja de exterior em ti criando uma distância, ainda maior, entre o que tu És e o que se projeta.
O caos é um sinal muito bom, porque o caos assinala uma reorganização, além de toda ordem, na Liberdade.
A aparência da personalidade passa pela sua própria morte. A Luz Dissolve a personalidade, que não tem existência alguma. Não dês peso ao que não existe. Tu não és nem o teu mental, nem esta personalidade. Tu crês neles. Aí está o problema.
Como testemunha da refutação, tu estabeleces perfeitamente de onde vêm as denúncias. Como estas denúncias podem ser atuantes, mesmo vendo-as, se tu não lhes deres o teu consentimento? E esse consentimento vem da incapacidade temporária para não ser isso.
Não há culpabilidade. Qual é esta culpabilidade? Aquela de ser mal, atribuídas às causas exteriores, a uma causalidade, a eventos que sobrevindos. Porque através disto, exprime-se o quê? O sentimento (eu digo bem, sentimento, porque não é verdade) de solidão. A necessidade de completude. A procura, no exterior, de uma completude, para pôr fim a uma solidão que não existe.
É a personalidade quem te leva através de suas desilusões, a acreditar que tu estás sozinho. Os afetos e os sentimentos que retornam, olhados pelo que eles são: alguma coisa que passa e que não és tu.
Não confundas a refutação com o fato de não vê-los. Refutar conduz a ver as coisas e os elementos, tal como eles são, mas não a não mais vê-los. Observes pacientemente que, muitas vezes, tu te serves da refutação, justamente, para não ver. Se tu aceitas isso, a personalidade terá menos peso, o mental ainda menos.
É o mental que te faz acreditar que há solidão, que há isolamento, que é necessário olhar para o exterior. Mesmo o Duplo está em ti, sem isso, como poderia ele existir no Cristo ou em qualquer outro? Não há nada além do Absoluto.
Não te deixes desencorajar com o que te dita o mental, pelo que ele te faz crer. Seria preciso que tu fosses esta personalidade que sofre, que sente falta, que está isolada. Isso não é verdade.
A abundância sempre esteve aí, tudo sempre esteve aí. Não acredites no que te dizem os teus afetos e os teus sentimentos. Não te desvies, mas aceites em vê-los: eles estão aí, mas não és tu. Refutar, não é negá-los.
Tu não és nada do que passa. Tu podes estar segura e certa de que, quando qualquer coisa passa (como um humor ou um sentimento) isso não és tu, mas é secretado por esse saco de comida, ou por tua própria história, pelas tuas próprias feridas. Mas tuas feridas não são as tuas, mesmo se elas te são próprias. Elas se inscrevem em outra coisa além daquilo que tu És, dentro justamente desta personalidade, dentro justamente deste mental.
Se tu te manténs tranquilo, sem pedir uma ajuda, sem projetar uma ajuda, sem imaginar que o que quer que seja não pode vir do exterior, além do que quer que seja que possa vir do exterior, se tu te inclinas sobre o que tu És, no Interior, tu vais aperceber-te que todos os teus recursos estão aí e não dependem nem do peso de um ferimento (real ou suposto), nem de qualquer falta, nem de uma ajuda exterior qualquer.
Compreendas e apreendas que, já, tudo está em ti, sem qualquer exceção. Tu não estás cheia de sofrimento, de sentimentos e de afetos. Tu não estás cheia de nada além do que tu És: Absoluto.
Tu és a fonte de ti mesma. Não há amor exterior. Seja Amor. Não te coloques a questão do teu passado, de tuas feridas, de tuas deficiências: elas não existem. E a ajuda já está aí porque ela não está para vir: ela já está instalada.
Deixa desenrolar-se o que se desenrola. Deixa desenrolar-se. Tu não és o que se desenrola. Permanece no centro, sem perguntar e sem projetar, sem vai e vem, imóvel, aí onde, por agora, tudo te parece vazio e tu verás que isto não é mais do que um olhar do ego, porque na realidade, é aí que está o Absoluto: completamente. Mas para isso, aceita ver esses sentimentos, essas impressões, essas emoções, este sentimento de vazio. Vê-os, mas não os reconhece: eles não te pertencem.
É muito simples, mas, é claro, a personalidade não quer mais o simples. Ela considera orações, pedidos, súplicas, porque ela tem medo de ser insignificante. E ela é. Por isso, ela não tem que ter medo do que ela É. Tu não és insignificante. Tudo o que tu És é significante, além de todo sentido e de toda significação deste mundo. Tu és a eternidade.
Pergunta: A experiência e a escolha de vida que se faz pode nos levar ao Absoluto, mesmo se nós não somos o que fazemos?
Não. O Absoluto não depende de nenhuma escolha, de nenhuma vida, de nenhuma realidade deste mundo. O Absoluto é o mesmo, quer isso seja sobre a cruz do Cristo, quer na criança que morre de fome, quer no velho que morre de velhice, ou aquele que morre com uma bala. Não há diferença nenhuma.
Acreditar que há circunstâncias desta personalidade, precisas (de caminhada espiritual ou outra) que favorecem o cumprimento, se tanto é que se possa falar assim, o estabelecimento do Absoluto, é um erro.
Acreditar que, porque se vai estar livre de todas as necessidades (afetivo, financeiro, moral, familiar, social) será suficiente para ser Absoluto é um erro dramático. O Absoluto não depende de nenhuma condição deste mundo. É um erro.
Nada existe além da personalidade que pode estar satisfeita no fato de não faltar nada, dinheiro, afeto. O Absoluto não tem o que fazer de tudo isso. Não há nenhuma idade, nenhuma condição, nenhum carma, nenhuma situação, que se oponha ao Absoluto, se não vocês mesmos, através de justificativas, de álibis (que não têm), histórias espirituais (que não têm), medos escondidos, evidências escondidas.
Não há caminho para o Absoluto, nenhum. Não há nenhuma maneira de se aproximar do Absoluto por qualquer circunstância de vida. O Si pode dar-lhes a aparência, mas mesmo o Abandono do Si é necessário e indispensável.
Eu diria que, em última análise, seria muito mais fácil para aquele que não tem resistência. Ou seja, aquele cujo corpo se vai, cujas posses se vão, têm mais chance de revelar o Absoluto. Há alguns países onde os seres abandonaram tudo e nunca mais encontraram nada. Há países onde os seres nunca mais pediram nada e eles são Absoluto. Não vejas isso como uma progressão. Não vejas isso como alguma coisa que facilita ou evita. Isso não é verdade.
Só o mental pode acreditar nisso: há circunstâncias favoráveis. Isso é falso. Apenas o Abandono do Si, a mudança de olhar e de perspectiva, o não apego, realizam a Verdade do Absoluto, que sempre esteve aí.
Crer que há uma distância criou distância. Crer que há um caminho criou um caminho. Crer que há indignidade torna-os indignos. Supor que isto está longe o torna longe.
É, no entanto, aí também, extremamente simples: não suponham nada, não aceitem nada. Deixem todo o lugar. Desapareçam.
Enquanto vocês acreditam existir através de um apego, uma pesquisa, um afeto, vocês se afastam do Absoluto. Ele, sempre ele esteve aí, ele nunca se moveu: vocês que se moveram. São vocês que estão afastados, nesta personalidade, nesta ilusão, no si.
Quando nós lhes dizemos para ficar tranquilos e não fazer nada, ocupem-se de sua personalidade, se vocês quiserem (para melhorá-la, para pacificá-la), mas vocês não são isso. Vivam o Samadhi, se isso lhes dá prazer, mas vocês não são isso, não mais.
Através das minhas palavras, eu espero que vocês apreendam um pouco mais sobre o que é a refutação: nem isto nem aquilo. O que os impede de praticar? O que os impede de pôr em prática? O que os faz acreditar que é um jogo mental? O que vocês dizem que é estúpido? Façam-se a pergunta.
Se não é o seu próprio ego, o seu próprio mental, quem lhes vai dizer a cada turno, que “isso não é verdade” que "isso não existe", que "isso não é possível”, que "isso é muito simples, muito fácil." Refutem e vocês verão.
Realizem a sua investigação, mas não procurem a ação / reação deste mundo: ela é sem fim. Não procurem causa, em definitivo, para o que nunca teve causa. Não há início. Não há fim. É uma ilusão total.
Vocês são Eternos, Eternidade. Eternos: sempre presentes. Todo o resto são apenas acessórios, piruetas, espetáculos e fraudes. Vocês querem brincar de ser um bandido ou vocês querem ser Verdadeiros e Transparentes? Vocês querem ser uma Alegria que não desaparece jamais, uma beatitude que não é função das circunstâncias, de seus amores ou de seus desamores, do seu dinheiro ou do seu não dinheiro, de um teto ou de um não teto?
Vocês não têm nenhuma necessidade de prever porque a sua vida prosseguirá da melhor das maneiras, sem nenhum obstáculo, no Absoluto. Aí está a única causa dos sofrimentos aparentes, das necessidades aparentes, das feridas aparentes, das doenças. Não há nenhuma outra.
Se vocês deixarem este saco de comida evoluir por ele mesmo, mantendo-o, sem se colocar perguntas, ele irá muito bem. Do nascimento à morte, ele viveria o que ele tem para viver. Isso é porque vocês estão identificados com ele quer ele esteja doente, quer ele esteja mal e sofrendo, caso contrário, não há razão válida para ser alterado.
Tente isto: refutar este corpo e vocês verão que ele vai se encaixar bem. Porque o ego irá fazê-los crer que refutar, é renegar, é rejeitar: é um erro. Isso é o que lhes diz o seu mental, constantemente. Não há nada, além disso, que os impede de praticar a refutação, ou então para fazê-los considerá-lo sob um lado manhoso, "tudo é ilusão." E de rir, mas não o verdadeiro riso, aquele da ilusão que simula.
Não há outro obstáculo que vocês mesmos. O Absoluto não precisa de vocês. Ele é o que vocês São. Apreendam isso.
Todo o problema é apenas uma questão de posicionamento, de ponto de vista, como eu o disse, isso é um erro de ponto de vista, um erro de visão. Esta é uma visão que está sujeita a sua história, aos seus afetos, às suas emoções, ao seu mental, a tudo o que é ilusório. Ultrapassem esta visão. Vocês não são aquele que vê. Não há nada a ver a este nível.
Se vocês fizerem silêncio de tudo isso, vocês constatarão, com espanto, que o Absoluto já está aí. Ele não tem que aparecer, exceto para a personalidade que se vai. Aí está a Dissolução. Aí está a facilidade. É sair da complexidade. Sair da dificuldade. Sair do conhecimento, o falso, aquele que depende de uma aquisição, de uma crença, de uma reflexão, de uma suposição.
O Absoluto é o conhecimento. Ele faz de vocês um Liberado. Não o conhecimento da personalidade, que não os liberará jamais, que os confinará, cada vez mais, na ação / reação, no sofrimento, na dor.
Sejam Livres. Ousem ser Livres. O que os impede? Claro, há regras e leis que se aplicam a este mundo, mas vocês não São isso. Vocês são a Absoluta felicidade da Luz Eterna do Amor. Nada mais e nada menos. É apenas que vocês tenham acreditado na sua personalidade, no seu papel nesta vida, no seu início e, nesse fim.
Pergunta: Tendo feito a experiência da Onda da Vida, você pode me dizer se há um monte de cascas de cebola a serem removidas para chegar ao Absoluto?
Mas se tu removes todas as cascas e todas as camadas da cebola, o que resta? Nada. Não há nada para remover. Há somente a ver, a refutar. Refutar não é suprimir nada. É aceitar o Absoluto, inclusive, na totalidade. Não exclui nada, mas simplesmente a ilusão é vista pelo que ela é: uma ilusão.
Se a Onda da Vida está aí, não te ocupes de nada, não faças nada, fiques quieto, especialmente, não te ocupes de nada. Tu serás sempre muito mais inapto do que a Onda da Vida. Tu serás mesmo ridículo em relação à ação da Onda da Vida. Torna-te simplesmente esta Onda da Vida, isso é tudo. Não procures nada mais. Não te ponhas a questão de outra coisa. Refuta o que chega e tu verás, por ti mesmo, que mais nada chega.
É a Liberação. É a Liberdade. Não há nada a imaginar trabalhar. Há simplesmente que aceitar o que se manifesta, o que emerge, o que sai. Mas não vás procurar por ti mesmo, sem isso, tu manténs a dualidade e tu escondes a Onda da Vida.
Acreditar que há qualquer coisa para purificar, algo para se livrar, é uma ilusão, aí também. Aceitar isso não é mais ser a personalidade: é deixar trabalhar a Onda da Vida, na totalidade.
É não ser afetado, é não acreditar que há um trabalho, é não imaginar ou supor que há camadas de Sombra. É superar todas estas noções de acreditar que há uma pacificação a realizar, que há um trabalho a conduzir, que há uma purificação do ego ou uma atenuação do ego ou do Si. É sair de todos esses jogos estéreis, todos esses golpes espirituais, justamente.
Vocês estão Liberados porque a Onda da Vida foi Liberada. Não se preocupem mais com todas essas sombras, elas não existem. Não lhes deem mais pesos e consistência. Mudem o olhar. Não há nada de bem, nada de mal, não há nada mais que o Absoluto, Luz, Amor, Verdade. Todo o resto são meros fantasmas mórbidos.
Decidam por si mesmos. Vocês se acham este saco de comida? Vocês se acham esses ferimentos? Vocês se acham esta história? Vocês se acham estes sofrimentos, essas perdas, estas lacunas ou vocês são realmente absolutos? Mostrem-no. Provem-no. Mas prová-lo não é uma ação, muito menos uma demonstração, porque é o que vocês São, todos.
Não adiram mais aos seus próprios pesos: eles não existem. Não há outra solução, não há outra Verdade, exceto o último. E se vocês têm sede de experiências, então, levem suas experiências no Si ou na pessoa, vejam por si mesmos, além simplesmente do desejo, além mesmo da necessidade.
Fiquem na aparência e falta ou encontrem-se no que vocês São, essa plenitude absoluta, aí onde não pode existir nenhum medo e nenhuma falta? Vejam por si mesmos.
Pergunta: Vocês irão aonde os leva a sua Vibração, não façam nada e fiquem tranquilos, são indicações que eu recebo sobre o momento com alguma compreensão, e que se tornam cada vez mais confusas. A dúvida e a confusão manifestam-se invariavelmente. Como o “eu” faz a sabotagem?
Porque tu lhe dás crédito. Tu o deixas jogar. Tu o autorizas a jogar. Tu o autorizas a interrogar-se. Tu o autorizas a duvidar. Tu És isso? Que conclusão?
Nas frases que tu enunciaste, é muito simples. Tu irás aí aonde leva a tua Vibração. Tua Vibração leva-te então a estabelecer-te em alguma coisa. Há então uma deslocalização, que vocês têm nomeado Ascensão. O Absoluto não é Vibração. Isso significa que vocês não irão a nenhuma parte, visto que vocês já estão aí. A confusão vem daí.
Para o “eu”, não há problema: ele desaparece completamente no que está aí. Isto não altera nada além do desaparecimento do “eu”, seja o fato da morte do saco de comida ou a morte do mundo: é a mesma coisa. Se vocês veem aí uma diferença é que vocês estão inseridos neste mundo e vocês estão apegados a este mundo que é projeção e maya, ilusão. Sem isso, este não deve colocar-lhes qualquer problema, qualquer pesquisa, qualquer apreensão para qualquer um.
Aquele que se coloca problema e que tem uma apreensão, é o ego, que duvida, que só existe no mundo, somente pela projeção na ilusão. A Vibração é a certeza de ir aonde ela os leva, no Si, no que é chamado de Dimensões, planetas, sistemas. Aquele que excede a Vibração é Absoluto, aqui mesmo, nesta forma.
Não há princípio de encarnação que permaneça e que seja limitante, salvo para aquele que está no ego e que acredita. A confusão vem daí. É o mental que criou a confusão. A partir do momento em que tu procuras entender frases como estas, sem vivê-las, é claro que isso permanece mental. Não serve para nada lê-las, se não são vividas. Vocês não encontrarão nelas nenhuma satisfação.
Da mesma forma, eu encorajo aqueles que quererão ler-me ou ouvir-me, que não seja aqui, eles param imediatamente, porque isso não serve para nada, para seu ego, sua mente, seu Si. Apenas o Absoluto me interessa. Se o Absoluto não lhes interessa, então sigam o seu caminho. Fiquem Livres para acreditar ou ser o que vocês querem, mas se as minhas palavras os incomoda, se a minha voz os incomoda então vocês estão no bom caminho. Se vocês não entendem nada, então, é perfeito. Se todas as suas marcas voam pelos ares, é mais do que perfeito: a fruta está madura.
Mas não se cansem de ler ou ouvir o que os incomoda, a menos que o masoquismo seja uma parte de sua personalidade. O que eu digo não interessa a todo mundo, é claro, e muito menos àqueles que ainda estão submissos à fraude espiritual ou aos dogmas da personalidade ou ao reflexo do Si. Eu me remeto àqueles que aceitam nada mais compreender, porque o que eu digo só pode ser vivido. Compreender não serve para nada.
Pergunta: Se é inútil fazer mais perguntas, então me diga exatamente o que eu devo ouvir. Por que tu queres ouvir alguma coisa?
Eu jamais disse ouvir, eu disse escutar. O ouvir vem depois. Tu subentendes por aí que te falta alguma coisa que tu não terias ouvido. A única coisa que tu não podes ouvir é a ti mesmo. Tu podes ouvir-te falar, mas tu já ouviste o que tu És? Ou tu crês Ser o que tu pareces nessa forma, neste corpo, nesta vida?
Não há nada para ouvir, do mesmo modo que não há nada a esperar ou a compreender. O Ser não precisa de toda compreensão, de toda expectativa. A única coisa para ouvir, talvez, seja o Som, este Som primordial, que traduz, de alguma forma, na tua Consciência, além da Unidade, o retorno dentro do Absoluto que tu És, de toda Eternidade. Nisto, não é preciso mais ouvir o que te diz a tua cabeça, o que te diga uma autoridade exterior, seja ela a minha, que não tem mais autoridade do que a tua, sobre ti.
É necessário reaprender a ouvir, e por isso, não é preciso ouvir nada, nem não confiar em outra coisa que o silêncio, e no Som Último, traduzindo, em ti, o que se revela e se desvela e que, de fato, sempre esteve aí.
Eu não tenho então, nada para te fazer ouvir, porque mesmo o que eu te digo, mesmo o que eu digo a ti, está simplesmente destinado a te voltar em direção a Ti, e absolutamente nada mais. Como há um desejo de compreender ou de ouvir, o que quer que seja, isso demonstra simplesmente que a Atenção e a Consciência estão voltadas para o exterior, tentando encontrar aí algo para ouvir e entender.
Quem entende é sempre aquele que é efêmero. Quem quer compreender é sempre o que é ainda mais efêmero. O que tu És não é uma compreensão.
O que tu És, é de toda eternidade, desde o instante em que tu concebes e percebes, além de toda concepção e de toda percepção, de maneira mediata, de maneira instintiva (no sentido mais elevado), o que tu És. Tu não tens então nada para ouvir. Há apenas que Ser, além do Ser, além da vontade, além de teus sentidos, além das Vibrações que te são perceptíveis além de toda expectativa.
A partir do momento em que tu te tornas capaz de fazer este Silêncio de tudo o que não é este Som, então, nesse momento, a Verdade eclode além de toda a verdade fragmentada e fragmentária.
O testemunho disso (mas não o testemunho de ti mesmo) é simplesmente uma manifestação, além de toda a manifestação, da qual nada pode ser dito, da qual a Beatitude e o Êxtase, é a abordagem: reflete e testemunha incompleto, assinalando o retorno à tua Eternidade, Imortalidade, à tua origem antes d’A Fonte.
A partir desse momento, não há mais nada para ouvir, não há nada para entender, muito menos esperar, porque tu chegaste de onde tu nunca partiste: tu saíste, definitivamente, da Maya. O que te dá a Maya para viver, para experimentar, é feito sem a intervenção do que tu te tornaste: o Não-ser. A Consciência não pode ser tocada pelo que quer que seja, traduzindo-se, a partir daquele momento, pela não consciência e pelo Não-ser.
Agora, contudo, um corpo ilusório, um espírito ilusório, dando-te apenas a testemunhar este não-ser, pela presença deste corpo, pela presença desses pensamentos que não são o que tu és, mas apenas um reflexo. Estando refletido, tu dás a ver, tu dás a perceber (aqueles que não o são revelados neste momento) uma imagem. Este imagem torna-se como que transparente, não podendo, de alguma forma, ser capturada nem apreendida por aquele que olha através do senso comum, dando um sentimento de estranheza.
E, além disso, resultando em uma interrogação, sobre uma recusa, ou em todo caso, pela perda de um equilíbrio precário, por aquele um que está instalado na personalidade ou no Si. Nesse momento, o trabalho (que se faz sem trabalho), a alquimia que se realiza, está engajada, independentemente de toda vontade, dessa aparência que tu dás a ver, deste testemunho que tu dás, simplesmente pela irradiação do não-ser no seio deste mundo de ilusão.
Assim, a partir desse instante tu podes viver o Absoluto, mantendo esta forma. O único interesse, se é que se pode falar assim, é de dar a ver àquele que não é (por meio de incômodo, através do Amor, através de uma mudança de equilíbrio, seja ele qual for), a capacidade de se fazer a pergunta, mesmo negando o que tu te tornaste no Não-ser.
A partir desse momento, o Absoluto permite àquele que não é Absoluto, instalado no efêmero, a ser perturbado, em todos os sentidos do termo, trabalhando nele de maneira silenciosa, pela recusa, pelo Amor ou por qualquer outra coisa, levando-o a traduzir a sua Consciência em outro lugar [alhures], a colocar-se a questão, mesmo de que está Consciente, de que observa e de que recusa o que é mostrado, dado a ver.
Não há nada para ouvir, mas é o próprio princípio da escuta que permite conectar, de maneira silenciosa e invisível, além de toda Vibração, para se comunicar de alguma forma, os elementos do incomunicável. A melhor maneira de escutar isso, e talvez para ouvir, é fazer o Silêncio de todos os sentidos, de todo desejo, todo o entendimento, de todo Ser.
O que é para reter, e o que é mais importante é justamente o que é perturbado. Aquele que é perturbado tem mais chance de se comunicar com o Absoluto. Esta comunicação não é uma comunicação, nem uma relação: é uma interrogação e, especialmente, o fato de ser perturbado. Não há outra maneira de mover as certezas ilusórias do ego. Não há outra maneira de refutar, inicialmente, o próprio Absoluto, para ver que, finalmente, através da refutação de outros elementos, não pode permanecer precisamente mais do que o que foi refutado do início.
O Absoluto não é nem percepção, nem Vibração, nem conceito. Ele não é nada do que é conhecido. Face ao desconhecido, qual é a reação daquele que crê conhecer-se, no “eu” ou no Si? É a recusa, é a própria negação do que lhe é apresentado, dado a escutar. Deste princípio de não compreensão e da interrogação procede todo o seguinte.
O Absoluto não pode ser conceituado, de modo algum, ele não pode ser abordado, de qualquer forma, pelo que é conhecido, pela inteligência, pelos sentidos, pela Vibração ou por não importa o quê. É precisamente este aspecto perturbador que move um equilíbrio precário, que permitirá, na maioria dos casos, realizar este Absoluto que sempre foi, que sempre é e sempre será. No que quer que se torne este mundo, no que quer que se torne este Corpo, no que quer que se torne este pensamento. Aí está a única Verdade. Ele é a Última Verdade, Absoluta, Total.
Pergunta: Sinto que a Onda da Vida refluiu em mim. Isto foi acompanhado por uma diminuição da distância que eu tinha em relação à hiperatividade do mental e das emoções. Eu tenho algo para refutar ou a mudar em mim?
O que pode refluir? Eu não entendi o significado dessa palavra. Um fluxo não pode refluir, no que se refere a ele. Um refluxo significa um movimento inverso. O que subiu, não pode recuar ou então não subiu. Isto não se chama um refluxo.
No momento em que, o mental, o eu, ou mesmo o Si, leva sua consciência (a do eu ou a do Si) sobre a Onda da Vida e deseja o que quer que seja, ela para.
Você não pode possuir a Onda da Vida, você não pode desejá-la, caso contrário, não há refluxo, há uma parada, porque nesse momento, o que quis monopolizar, se apropriar, da Onda da Vida, nada mais é do que a personalidade.
A Onda da Vida evolui: ela sobe sem qualquer intervenção da pessoa. A intervenção da pessoa, a faz cessar. Os medos e as dúvidas a fazem cessar. O desejo não pode fazê-la reaparecer e voltar a subir. Eis o sentido das palavras que temos empregado: fique tranquilo e nada faça.
Porque qualquer ação sobre a Onda da Vida que nasce aos pés do Guru (isto é, aos seus próprios pés, o Sat-Guru) é traduzida, para você e para a Onda da Vida, como um desejo de monopolizar, de se apropriar.
Toda apropriação, qualquer que seja, apenas faz desaparecer a Onda da Vida. Da mesma forma que existem barreiras, tudo o que é dúvida, tudo o que é medo, tudo o que é medo de perder o ‘eu’, traduz-se pela parada da Onda da Vida.
Nenhuma culpa, nenhuma responsabilidade a manifestar: simplesmente, aí também, estar consciente, estar lúcido, aceitar mesmo e a Onda da Vida renascerá e tornará a subir. Ela não pode refluir porque sua natureza é subir e não descer. Não pode existir refluxo, existe simplesmente uma falha de alimentação que se produz no momento em que o eu intervém.
A Onda da Vida não é um eu, muito menos uma dissimulação. É o Último. Que restabelece o que tinha sido perdido: o Absoluto.
É necessário, portanto, cessar qualquer noção de busca, qualquer noção de caminho, qualquer noção de algo a adquirir ou a possuir. É por isso que é necessário fazer desaparecer do consciente, assim como no eu e no Si.
A Onda da Vida não necessita de nenhuma atenção. Vocês podem facilitar, mas não desejar. Vocês podem permitir, mas não pedir. O pedido ou o desejo apenas traduzem uma vontade do ego.
O que deve se calar, desaparecer diante da cena, é o ator. Não há ator. Em um dado momento, mesmo o espectador torna-se incômodo, porque o espectador vai atrapalhar o que se desenrola. E o que ocorre, cuja Onda da Vida é o testemunho, é o desaparecimento da pessoa, o desaparecimento do Indivíduo. O Absoluto toma todo o lugar, é claro, no nível do ego ou da pessoa. Este não é um sentimento que aflora, mas um sentimento de desaparecimento.
O que é intolerável para aquele que está ligado à sua forma, ao seu mental, à sua percepção.
O fluxo renascerá porque é inexorável, no momento em que vocês não terão mais o eu, no momento em que vocês não poderão mais manifestar o que quer que seja desse saco de comida, porque não existirá mais, porque o mundo não existirá mais para a consciência.
Portanto, não se faça a pergunta de por que ela parou, pois isso vai também colocar ainda mais distância da Onda da Vida e do Absoluto. Você pode então agir, não sobre o Absoluto e a Onda da Vida, mas, diretamente, sobre as dúvidas e os medos. Isso não quer dizer buscar o porquê existe essa dúvida, o porquê há esse medo, porque o motivo é parte de sua história, na adesão à sua história.
Basta olhar, com objetividade, na face, aceitar que há dúvida e medo, aceitar que você não é nem essa dúvida, nem esse medo, nem essa pessoa. Este é o princípio da investigação e da refutação. Nesse momento, você não tem que se colocar a questão da Onda da Vida, já que ela sempre esteve aí. Ela não se interrompe, salvo pela consciência, a consciência que tem impedido a sua própria Liberação.
A consciência é, em definitivo, até mesmo dentro do eu Sou ou eu Sou Um, o elemento que freia porque no eu Sou, há ainda uma identidade, há ainda um indivíduo, mesmo se ele não está mais separado, mas não está integrado. Se você aceita isso, não se preocupe em ir buscar a causa desse medo, dessa dúvida, mas em olhá-los e aceitá-los para transcendê-los, porque o eu, em sua totalidade, mesmo se ele afirma o inverso, não é senão construído pelo medo.
A partir do momento em que você não busca a causa, a partir do momento em que você não busca explicação, e, ainda menos compreensão, simplesmente ser o observador ou a testemunha, é suficiente para a identificação, para o reconhecimento desse medo, dessa dúvida.
A partir daquele momento, você não volta mais a sua consciência, seu eu, para a Onda da Vida e ela então renasce. Como lhes foi dito, não há estritamente nada a fazer para a Onda da Vida. Há a fazer no nível do que faz, isto é, esse corpo, esses pensamentos. Mas a finalidade não deve ser a Onda da Vida, sem isso, ela não nascerá jamais ou não renascerá jamais.
A Onda da Vida não tem necessidade do eu nem do Si, porque a Onda da Vida se lança e penetra o corpo, a partir do momento em que não exista nenhuma resistência ao Absoluto. Você não pode fazer nada para isso, enquanto o eu está presente, enquanto o Si está presente, porque o eu como o Si vão sempre querer controlar e dominar, o que é impossível para a Onda da Vida.
Há uma mudança de atitude, uma mudança de olhar, uma mudança de consciência, que não pode nem ser conhecida nem aceita pelo eu ou pelo Si. Se você integra isso, se você o aceita, então a Onda da Vida renascerá, mas não antes.
O que está distante não é a Onda da Vida, é você. Apreenda isso, e tudo irá bem, porque tudo está bem. A distância não existirá mais para o eu, porque o eu se apagará por si mesmo. Não o alimente, não alimente as dúvidas e os medos, reconheça-os, simplesmente.
O eu sempre tem tendência a considerar que os medos e as dúvidas são parte do que ele é, mas você não é esse eu, você não é essas dúvidas e esses medos. Você não é nada do que passa e te atravessa. Fique tranquilo.
Pergunta: a alegria, o jogo, as cores, ressonâncias de minha Criança Divina, permitem-me acolher as experiências em doçura, com o Coração. Mas uma resistência física assinala um bloqueio, uma memória relacionada ao meu divórcio. Que tenho eu para refutar?
Mas a própria expressão: "memória", "meu divórcio", prova que você está identificada com ele. Quem se divorciou, senão o Eu? E o que fica imóvel, divorcia um dia de alguma coisa?
O sofrimento expressado é um reflexo do ego, dessa famosa memória que te mostra e demonstra que, quaisquer que sejam as alegrias da Criança Interior, você mora, ali também, visceralmente apegada a sua história. É isto que cria o sofrimento.
A justificativa da Criança Interior, das cores, da alegria e do jogo está alterada pelo quê? Você o diz a si mesma: porque você deu uma consistência ao que é efêmero e, portanto, assim, se cristaliza no saco de comida, o que você lhe atribuiu: o peso da memória. Mas a memória só existe no Eu.
Você está ainda tributária de uma história, porque o seu corpo o manifesta. E se o seu corpo manifesta o que quer que seja, é porque você participa desse jogo. O que fica atravessado na garganta, e que faz crer que há uma história e uma memória, é o que vem alterar o que você É, de toda eternidade, e não é senão a adesão a sua própria história, ao seu próprio jogo, ao seu próprio Si.
Teu corpo te mostra que você está ligada a ele, visceralmente, sem isso, nunca ele teria manifestado a menor dor, o menor sofrimento, ou então, esse sofrimento, qualquer que seja, não poderia ser vivido como um sofrimento.
A atenção e o poder que você dá ao que você viveu (e que você chama memória que viria quebrar, supostamente, a Criança Interior), não existe. O Absoluto não é a Criança Interior: é a Espontaneidade, a Transparência.
A Espontaneidade não pode ser alterada por qualquer história ou qualquer memória. É a personalidade que joga esse jogo, sempre.
Podemos dizer que você deixou se manifestar alguma coisa que, justamente, te permite compreender, porque você vê e você viu, que a Criança Interior está bloqueada por esse divórcio. E, além disso, você disse: "meu divórcio". Você apreende isso?
Você se torna, você mesma, tributária das circunstâncias exteriores que têm mais peso do que o Absoluto. Você fixou, de qualquer maneira, um sofrimento. Você se identificou a esse divórcio, no lugar de aí ver outra coisa, que é a Liberdade.
Há ressentimento, e então, o corpo o diz. Claro, há uma falha: o divórcio. Claro, há uma outra falha: a memória. Mas o que vêm fazer o divórcio e a memória no Absoluto? A Criança Interior é tão frágil para ser alterada por uma história ou memória?
Enquanto isso existe, de uma maneira ou de outra, quer você o queira ou não, isso traduz claramente o apego. Veja-o, mas não o coloque em causa, porque não há outra causa que você mesma, não há inimigo exterior exceto você mesma.
Como é que aquele que não existe e aquela que não existe, que partilhou do mesmo sonho, da mesma ilusão, podem sofrer da ilusão, quando ela para? Qual é o olhar que você põe em cima disso? A falta e o vazio? Ou a Liberdade?
Tudo o que acontece nesta vida, que você Vê, tem um sentido, mas não no nível psicológico. Não pare por aí. Não no sentido de uma memória que cristaliza.
Mas mesmo o que você chama de prova ou sofrimento tem uma única finalidade: vencer as resistências, quaisquer que sejam. O sofrimento nunca é uma punição. Ele nunca vem do exterior, senão do Si. A partir do momento que você aceita e você vê isso, de maneira justa, sem julgamento, nem de você, nem do outro, não há nenhuma razão para que o corpo cristalize, não há nenhuma razão para que o que afeta o corpo afete você. Senão você está apegada a esse corpo.
O que você faz do que é chamado o Amor, do que é chamado o Perdão, da Graça, em relação a você mesma? O que você não perdoou? Que culpa e ressentimento você exprime e por quê? Não na história, não na memória, não em uma explicação, mas, realmente, no que você É, no que está perturbado e te impede de ser Livre.
Se você apreender isso, então você verá claramente, sem justificar a perda de uma Criança Interior ou de uma Espontaneidade ou das cores, porque isso, são pretextos da personalidade que prefere estar na Criança Interior e nas cores, no jogo, mais do que no Absoluto.
Agora, se você considerar que você é essa história e essa memória, então esqueça o que eu disse e aja na Ação / Reação, que te é conhecida, psicológica, energética. Mas você não fará senão entreter o saco de comida de um jeito ou de outro, até o seu fim. Você o alimentará apenas de mais sede e ele sofrerá. Tudo o que você quer evitar, se reforçará. A memória te afetará, a história te afetará, porque você aí resiste.
O que há para refutar é, muito exatamente, que você não é seu divórcio, nem esse sofrimento no corpo.
O que ressente, em você? O que ressente em você? Toda a problemática está ali. O Coração do Ser, a Presença ou o Absoluto, não podem ser afetados. O que é afetado, será sempre o eu. A justificativa da Criança Interior não tem sentido.
Pergunta: há alguns anos, perdi todas as ambições e prazeres deste mundo, depois de um divórcio e de perdas financeiras, coisas que eu combati como sendo negativas. Agora, minha perspectiva mudou.
Onde está a pergunta? Esta é uma afirmação e uma constatação, tudo bem. O que você perdeu, te Liberou. Você tem consciência, hoje.
Todo o sofrimento, toda perda, destina-se apenas a mostrar-lhe suas próprias deficiências, suas próprias faltas, o que está perdido em você e não o que você perdeu no exterior. Porque o que você perdeu no exterior não é senão um reflexo daquilo a que você estava apegado, ao que você desejaria possuir.
A perda te põe, de alguma forma, nu, mostra os seus próprios limites, seus próprios quadros, seus próprios confinamentos. A ambição pode às vezes ser necessária, mas se não é necessária para você, ela será quebrada. Não há punição nem carma nisto. Há apenas a Verdade. Do que você necessita? Por que você quer se provar a Verdade do que É?
Só é verdade o que você vive, agora. Não o que você experimentou. Não o que você sofre ou sofreu. Você não é o resultado de seu passado, de modo nenhum. Só a persistência do eu está inscrita no passado que se manifesta neste presente.
É necessário sair da linearidade. Amar, é isso. É não possuir uma esposa ou um marido. Não há nada a possuir e se o que você acredita possuir foi retirado, ali também não há falha: há apenas os movimentos da vida, das ilusões que se entrechocam e que, de qualquer maneira, terão terminado no momento do fim deste saco de comida. Você não leva seus arrependimentos. Você não leva suas alegrias. Você não leva nenhuma memória. Você não leva o que você encontrou, ou seja, se você se encontrou.
O eu se considera, como sempre, imortal. Evidentemente, isso é falso. Só é imortal, o que você É.
Não olhe para trás. Instale-se no Não-eu, no Não-Si. Se você é capaz de parar, em um tempo muito curto, a referência ao passado, à história, à sua história e, mesmo, ultrapassar a causalidade que eu exprimi, você descobre o quê? Você permite se descobrir o Absoluto.
Esta forma não mais te diz respeito, você está aí ainda inscrito. Este mundo não te diz mais respeito, e contudo você aí age e reage. A perda do que quer que seja apenas mostra a fragilidade da vida e desse eu.
Isso te mostra simplesmente que nada é eterno sobre este mundo, exceto você. Nada pode durar no que está inscrito no tempo deste mundo, salvo o que não move, o que é imóvel. Todo o resto são apenas experiências que não mudam nada para a Verdade, que não mudam nada no centro, em que você É. Se você vê claramente isso, então não há mais problema, nem agora, nem ontem, nem amanhã, nem quando o saco de comida tiver desaparecido.
Pergunta: após ter observado, após refutar as vibrações e as sensações do corpo e os pensamentos, eu me instalo em meu Templo cardíaco para aí encontrar a paz e viver o estado de Presença, que satisfaz o Si. Refutei esse estado, o Si, para que o não Si, o Absoluto, se revele a mim, mas sem sucesso. O que mais devo refutar para que o Si solte?
No que você expressa, há ainda um observador que quer observar o não-Si. Não há dissolução. O que há a observar, é ultrapassar a Vibração ela mesma. Isso se torna possível pela Onda da Vida, sem sua intervenção.
Para isso, não coloque sua consciência em nenhuma parte, porque a partir do momento em que você coloca sua consciência em uma região de você, desse corpo, que te faz provar, sentir a Paz e a Presença, é necessário, ali também, deslocalizar a consciência. Não como uma vontade de ir além, mas não mais ser tributário de qualquer localização da consciência, ela mesma, nesse corpo.
É necessário, de alguma maneira, esquecer de você mesma. A presença é certamente o estado de experiência que é, se eu posso dizer assim, o mais próximo do Absoluto. No Absoluto, a consciência não está mais. Não há lugar para o observador, nem para o corpo, e ainda menos para a Vibração Supramental. Isso passa pela Dissolução ou, se você prefere, o desaparecimento do observador. Não há então outra coisa suplementar a refutar.
Uma vez que a refutação foi efetuada, que você realizou sua investigação, sobretudo nada deseje, nada faça, não considere que o Si (ou mesmo a Presença) vai te conduzir ao não Si. Isso não é uma sequência lógica, nem outra etapa.
É necessário, de alguma maneira, fazer um sacrifício simbólico que se realiza por si só, a partir do instante em que a consciência não é mais conduzida sobre o que quer que seja. O Si vai chamar isso o vazio ou a vacuidade ou o nada [néant].
É preciso, de algum modo, confiar, depois da refutação e da investigação, que houve (de alguma forma, e é figurado) esse toque no coração. E ali, durante essa experiência particular, refutar. Mas não refutar como o observador do que foi experimentado, em um momento ou em outro.
Você não pode servir-se de uma experiência, que data de ontem ou de outro tempo, que foi realizada, para refutar. É necessário que essa refutação se produza no instante mesmo da Presença, mas não fora porque se você realiza essa refutação fora do momento em que ela é vivida, isso não serve estritamente de nada porque o Si não é o eu, o Si não é dependente de uma história ou de uma memória, já que ele se define, justamente, como a instalação no Aqui e Agora, no presente. Mas o Absoluto não é o presente, sobretudo se esse presente é passado e remonta a ontem.
A refutação não pode se produzir, neste caso preciso, senão no momento em que é vivida a Presença, e não fora. Se você apreender o mecanismo, no momento em que se manifesta a Presença, e o presente (na Vibração, na percepção do que é chamado de Coroas do Coração, mesmo na Vibração, no Fogo do Coração, ou o que vocês descreveram, recentemente, como tremores e calafrios), é nesse momento que se pode viver a Dissolução. Mas não como uma passagem de um estado a outro, mas na desidentificação, mesmo, disso. E isso é natural.
É necessário se servir, se eu posso dizer, desses momentos, em que eles são vividos. Isso é diferente da estratégia da investigação e da refutação, conforme isso é conduzido no eu ou no Si. Não há que buscar, nem a exprimir, nem manifestar o menor esforço porque é, justamente, a ausência de esforço que permite ao Absoluto se revelar. Não há outro exercício para o Si, do que esse.
Uma vez que você experimentou o eu sou, em múltiplas repetições, é necessário também refutar isso extraindo simplesmente sua consciência do eu sou, sem colocar a consciência além: ela se dissolverá por ela mesma. E isso te fará conhecer, ao retorno na forma, a evidência, a beatitude, o êxtase e o riso.
Não se projete, não mais, nas ideias sobre o não Si. Lembre-se que ele não pode ser aproximado, nem conhecido. O desaparecimento de tudo o que não é ele não pode senão deixar, a ele, presente e se manifestar, a ele a partir desse momento e após.
Você poderá passar do Si ao não Si. Porque, desde que esse mecanismo esteja instalado, a possibilidade de passagem, tanto do último ao Si como do Si ao eu, torna-se evidência. Não considere o não Si como um resultado do Si porque ele é tudo, exceto isso. Se você faz assim, tudo isso te parecerá, e será vivido de maneira evidente, sem dificuldade.
Pergunta: Como mudar facilmente do estado da homossexualidade para a heterossexualidade?
Como isso é importante e qual importância isso tem realmente? Por que você se atribui tanta importância? Qual é o incômodo que é expresso?
O interesse não é esse, porque se há interesse, aqui, isto se refere exclusivamente a quê?
O amor pessoal entre dois seres, entre duas consciências. O Absoluto não tem nada a ver com isso.
Trata-se da alma, ou, se você preferir, o complexo inferior que está submetido ao desejo, se necessário, ao amor que se expressa no corpo, que se expressa na alma. Isso se refere ao eu. Nem ao Si, nem ao Absoluto, porque o Si não é afetado pelas escolhas do corpo ou da alma.
Se o Si É, se eu Sou É, nenhuma questão desse gênero pode nascer porque o Si não tem o que fazer do complexo inferior, qualquer que seja o desejo exprimido ou a questão expressa: não lhe diz respeito.
A sexualidade não diz respeito senão a esta Dimensão, o que quer que seja desviado ou encontrado, em termos de prazer e de amor. Isso não representa nenhum interesse, e nenhuma ação sobre o Si.
Simplesmente, quando o Si se realiza, quando você está realizado, a esfera dita sexual ou amorosa pode se manifestar, ou desaparecer, ou, também, se transformar. Mas isso não é mais uma prioridade, isso não é mais uma vitalidade e, menos ainda, uma essencialidade.
O Si não é uma questão de sexo, nem de amor, no nível da alma. Quanto ao Absoluto, o que é Absoluto não pode ser perturbado, nem em um sentido nem no outro, pelo que ocorre no complexo inferior: ele não tem o que fazer disso.
Isso não é uma rejeição, isso não é uma negação da vitalidade, mas bem uma transformação da vitalidade. Porque nesse momento, e somente nesse momento, o que é chamado de sexo ou os órgãos genitais não servem mais à sexualidade: eles alimentam o Coração. O Fogo Vital não é mais simplesmente uma vitalidade, mas um Fogo Transmutado porque a Onda da Vida tem mudado profundamente as coisas. Mesmo se há Êxtase, mesmo se há gozo. O sexo não tem nada a ver com isso mesmo se isso passa por esse lugar. Então, não se coloque mais essa questão.
Coloque-se a questão essencial, o resto seguirá, ou não seguirá, sem nenhuma incidência sobre o que quer que seja. Simplesmente, porque tanto no Si quanto no Absoluto, mesmo com uma forma, tudo isso não representa realmente o que isso é: a busca do que falta, homem ou mulher. Mas não falta nada. A separação que criou a falta e essa busca de vitalidade.
No Estado de Ser, como no Absoluto, tudo é Gozo, tudo é sexualidade sem nenhum dos tabus que vocês conhecem e sem praticar o que quer que seja. É supérfluo.
O Si, o Absoluto, transcende e faz desaparecer tudo o que está ligado à animalidade, tudo o que era justamente a não conexão ao Si, ao Absoluto. Neste caso, como no Si, como no Absoluto, não há mais noção de sexo, porque mesmo o que foi planejado como sendo do sexo não é senão uma elevação do Fogo Interior para o Coração, que o Absoluto não tem o que fazer.
Pergunta: Às vezes chego a ter a impressão de ser como um bebê, flutuando sozinho na imensidão, sem consciência, sem referência, sem nada, sabendo do fundo do meu ser que o Absoluto está ali. Não é contraditório?
Não, já que o Absoluto que você É, está presente e manifestado também em uma forma. Há um Absoluto com forma e um Absoluto sem forma. Essa forma, é esse saco de comida e sua consciência.
O Absoluto não será perturbado pelo desaparecimento desse corpo e da Consciência desse corpo. É isso que é realizado: não há nenhuma contradição. Não há nada a adicionar em relação a isso: é muito simples.
O Si vai se servir de imagens, como o bebê, como o nada, mas isso não é senão a tradução do Absoluto quando ele não está mais e retorna o Ser ao Si, ou ao Estado de Ser. Nesse momento, você realiza o que é chamado os Lellas do Senhor. Esses são os jogos da vida. Há uma alegria real de viver isso, e então testemunhar e observar, mas isso é tudo.
Isso demonstra que uma vez que o Desconhecido torna-se a sua Morada, nesse momento, você pode passar de um ao outro, e do outro ao um sem dificuldade. É o que te criou a contradição.
Mas você torna-se capaz de identificar o Absoluto e o Si e a Presença, sem nenhuma dificuldade. No entanto, é isso mesmo que cria o sentimento de contradição, que não existe.
Mensagem de BIDI no site francês:
http://www.autresdimensions.com/article.php?produit=1450
16 de maio de 2012 – Parte 2 (Publicado em 17 de maio de 2012)
Tradução para o português: Josiane Oliveira e Ligia Borges
via: http://portaldosanjos.ning.com
http://www.autresdimensions.com/article.php?produit=1450
16 de maio de 2012 – Parte 2 (Publicado em 17 de maio de 2012)
Tradução para o português: Josiane Oliveira e Ligia Borges
via: http://portaldosanjos.ning.com
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