Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.

Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.

Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.

Jalal al-Din Husain Rumi - Poema Sufi

Faltam-te pés para viajar?

Viaja dentro de ti mesmo,

E reflete, como a mina de rubis,

Os raios de sol para fora de ti.

A viagem conduzirá a teu ser,

transmutará teu pó em ouro puro.

Morgenstern?! Ao final do Blog!


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A inutilidade do Batman


Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes.
Fernando Pessoa

O pequeno eu, às avessas, põe toda sua energia em coisas grandes. As pequenas coisas, como lavar os pés e os pratos, ele faz porcamente. Inclusive, tende a excluir o que não gosta e exagerar naquilo que considera bacana.

Toda essa tendência deve ser observada. Quanto mais você entrar no agora, quanto mais relaxar em ser você, menor será a necessidade de ter o cinto de utilidades do Batman. Torne-se completamente vulnerável ao agora e esqueça os super poderes. Você pode, inclusive, entrar numa fria, pois não há precaução ou preocupação. Para seu consolo, usam dizer que os bêbados e as crianças são protegidos, que podem cair de uma carroça e não se quebrar. A criança nem sabe que caiu e o bêbado cai, vira pro lado e dorme. Isso só é possível porque eles estão relaxados. Agora, imagine-se caindo com toda essa tensão acumulada.

O convite de Satsang é que você se volte para dentro do agora e deixe de ser quem você pensa que é. E, saiba, isso não passa por um processo. Imediatamente, se entra no agora, não tem você. Em contrapartida, um pequeno passo para dentro do tempo e você “se perde”... No tempo você se estabelece precisamente enquanto “alguém”. No agora, não há nenhum traço de um você.

A revolução do agora é tanta que, se você penetrá-lo passa a ocorrer uma modificação visível. Os seus melhores amigos poderão não mais reconhecê-lo facilmente, porque, de repente, é como se você tivesse aceitado o convite do agora e deixasse de se confundir com aquilo que vinha sendo imaginado como “você”.

Estamos falando de liberdade. Acordando para quem você é, dificilmente irá encontrar o outro em algum lugar. O outro é uma criação do pequeno eu, que, aliás, inventa não só o outro como “os outros”. E quanto mais os outros existem, mais ele existe; e mais os seus argumentos permanecem em pauta. Isso o ajuda, consideravelmente, a prorrogar o encontro com o agora. Envolvido nos argumentos, ele se mantém. No agora, ele sabe que não tem o que fazer.

Se você deseja, isso é absolutamente palpável, olhe para o agora e veja qual a necessidade de haver o pequeno eu. Ele está sempre envolvido em lembrar coisas que aconteceram e se preparar para as que virão – baseado nas que aconteceram, é claro! Ou seja, está sempre imaginando coisas, está sempre no tempo. Aquele que você é, está eternamente aqui e agora – um desconhece o outro. E é por isso que insisto em desconstruir a ideia de que você precisa de algum tempo para entrar no agora, para ver quem você é.


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