Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.

Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.

Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.

Jalal al-Din Husain Rumi - Poema Sufi

Faltam-te pés para viajar?

Viaja dentro de ti mesmo,

E reflete, como a mina de rubis,

Os raios de sol para fora de ti.

A viagem conduzirá a teu ser,

transmutará teu pó em ouro puro.

Morgenstern?! Ao final do Blog!


quarta-feira, 6 de junho de 2012

BIDI 2 - parte B - 3 de junho de 2012 - Autres Dimensions

(Você está atrás do observador)


Pergunta: desde muitos anos, eu leio e medito a fim de viver outra coisa que a minha consciência ordinária, a fim de viver o Amor. Eu não ultrapassei a etapa da Vibração. De um lado, tudo vai bem, pois eu não tenho nenhum temor pelo meu futuro. De outro lado, ser um Liberado Vivente, eventualmente, seria uma coisa extraordinária. Quais são, em mim, os bloqueios ou atitude a ser?
Bem, é muito simples: pare de ler e pare de meditar. Estes tornaram-se, agora, os teus maiores obstáculos. Porque, através da leitura e através da meditação, no teu caso, há uma vontade.

Enquanto existe a menor vontade de ser um Liberado, tu não serás Liberado porque tu já o és. Então tu não podes querer alguma coisa que tu já és. Tu queres viver o Amor, mas tu já és o Amor. Então tu colocas, tu mesmo, uma distância com o que tu És.

Há momentos em que temos de aceitar que houve muito tempo passado para ler, meditar, rezar, para ter exercícios espirituais. Se nada se produz, depois de tanto tempo, coloque-se a questão da utilidade.

Hoje, neste mundo, vocês têm seres que realizam o que São e que são Liberados Viventes, instantaneamente, sem nunca se terem feito a pergunta de uma meditação ou de uma leitura. Por quê? Porque eles estão instalados na Transparência. Eles não pararam nada. Eles aceitaram desaparecer.

Ora, tu, tu não queres desaparecer: tu queres aparecer. Apreendeste toda a diferença? Tu exprimes uma busca. Tu exprimes uma pesquisa. Tu exprimes uma falta de perfeição. Então, tu exprimes uma dúvida sobre o que tu És. E, como esta dúvida está presente, o ego assume o controle.

Para tudo e estabelece-te, e isso será possível porque nesse momento, toda vontade desaparecerá. Claro que eu não diria isso para quem nunca procurou porque não está suficientemente aquecido para buscar em um canto, em algo que não tem um canto. Mas tu, tu tens suficientemente buscado. Portanto, é muito simples: resta apenas fazê-lo aceitar em teu ego.

Se a Vibração está aí, não há nada mais a fazer: vive a Vibração, vive o Som, vive a Respiração. Ajuda-te, se tu quiseres, do que te oferece o teu saco de comida e é isso. Deixa o saco de pensamentos tranquilo: encontram-se (no interior) os desejos, as necessidades, as faltas, a espiritualidade (que é, como eu já o disse, o maior dos golpes: tu já és espiritual).

O problema não é o espiritual, a encontrar ou a procurar, é a opacidade do material. Se tu deixas tranquila a opacidade do material, ele se tornará Transparente. Por contras, se tu o perturbas, ele se tornará cada vez mais opaco e pesado.

Aceita em renunciar a tudo o que tu tens adquirido. Restitui tudo. Eu não estou falando do que tu tens nos teus bolsos, é claro: eu quero dizer tudo que tu adquiriste através de tuas leituras e tua meditação. Ou, se tu preferes, torna-te novamente uma criança virgem de todo conhecimento.

O conhecimento não é senão ignorância. O conhecimento é um afastamento da Verdade. Isto lhes foi explicado durante muitos anos, quer pelos Arcanjos, pelos Anciãos.

Todo o conhecimento é uma ilusão. Ele lhes dá a sensação de possuir, mas são vocês que são possuídos. O conhecimento vos possui e ele vos rouba do Absoluto. O único e verdadeiro Conhecimento é o Absoluto: ele te faz um Liberado Vivente.

Tu podes, absolutamente, ler tudo sobre o Amor e viver todas as meditações as mais completas, em que isso te faz evoluir agora? Em mais nada. Porque todas as medidas necessárias foram tomadas. Resta-te apenas abandonar tudo isso. Porque nada disso te pertence e nada disso é a Verdade.

Concorda em ser nu. Aceita tua ignorância do Absoluto e tu viverás o Absoluto. Isto é o que tu És.

Pergunta: cada vez mais, sinto-me em Comunhão com a natureza. No entanto, pensamentos dispersantes e atitudes de sedução permanecem, o que me afasta disso. Nesses momentos, eu me volto ao meu centro. O que mais devo fazer?

O que existe depois da Comunhão? Isto lhes foi explicado (não por mim): a Fusão e a Dissolução. Tu te aprazes na Comunhão (que é uma forma de sedução) e tu manténs a sedução, porque há um prazer, e depois, um outo prazer surge, outro desejo surge.

Porque é preciso ir além da Comunhão, além do prazer. Para isso, é preciso Fusionar. Para isso, é preciso deixar-se Dissolver, pela natureza, pelo Duplo, pelo CRISTO, pelo que tu quiseres. Tu estás pronto? Não há bloqueios, exceto tu mesmo.

A Comunhão, com quem quer que seja, é uma aproximação do Êxtase. Mas não é o Êxtase. Não é a Beatitude. Não é a Morada da Paz Suprema. A prova: tu sais. Está subentendida (pelo que tu vives e pelo que se manifesta) quer tu não ouses ir além da Comunhão. Tu não te Abandonas. Tu queres continuar a controlar e a dirigir: aí está o obstáculo.

Que te propõe a natureza não é somente uma Comunhão, tal como o Duplo, tal como o Sol, tal como o que vocês nomeiam MARIA, ou CRISTO, ou outros. É preciso ir em direção a isso. És tu quem decide.

Não procures pretexto ou álibis no que não seria resolvido. É apenas a tua consciência que ainda não decidiu aniquilar-se (esquecer-se, mesmo), pela sede de experiências e de experimentações.
Mas tu estás livre: não concebas nenhuma culpabilidade aí dentro. Mas tu não podes desejar uma coisa e ficar com outra coisa.

Como para uma das perguntas acima: vê, claramente. Não procures algo que estaria escondido ou que te impediria de. Mas é simplesmente a tua aptidão para a Comunhão com a natureza, que foi uma etapa importante, e que hoje é um obstáculo. Vai mais longe. Ousa.

Não há outra coisa além do Si, mesmo, e o Absoluto. Se este mundo é ilusão, tudo o que ele vos apresenta é ilusão, mesmo se existe, em seu sentido, elementos (como a natureza, um Duplo, um ser espiritual) com o qual vocês têm que ultrapassar a Comunhão e a Fusão, a fim de viver (ou preparar) a Dissolução ou a Deslocalização ou a Multilocalização, ou seja, reencontrar a Liberdade.

A Comunhão não é totalmente, a Liberdade. Ela é uma condução para a Liberdade, mas ela não realiza, jamais, a Liberdade. Ela é uma preparação. É-lhes preciso apoiar-se nela, se vocês precisarem dela, mas não se fixem nela.

Pergunta: eu aspiro ao Absoluto vivendo o Abandono do Si, que eu reconheço, desde pouco tempo, efêmero. Mas não se pode abandonar o Si, sem estar previamente estabelecido. Você pode especificar o que permite o estabelecimento revelado no Si, pois não se pode Abandonar um estado de ser no qual não se esteja ainda instalado em permanência?
Sejamos claros: o Absoluto não pode ser uma aspiração. O Absoluto não pode ser, de nenhuma forma, uma finalidade. É um Último. Não é um estado que resulta de outro estado.

Simplesmente, para aqueles que realizaram o Si, é necessário Abandonar o Si, Realizar o "eu sou", para finalmente descobrir o não-Ser. Mas isto não é uma lógica sucessiva.

É bem possível, e este foi o caso para muitos Irmãos e Irmãs, em todos os tempos, de passar diretamente do eu ao Absoluto. Esta passagem não é uma. É simplesmente a ruptura do eu, por uma circunstância particular (traumática ou não) que permite a Liberação.

Querer aspirar ao Absoluto não é uma técnica, não se pode aspirar a Ser Absoluto. Isto não pode ser nem um pedido nem uma vontade, nem um resultado.

Temos, por mim e por outros Anciãos, que lhes têm falado, insistido sobre o princípio da Refutação. Em que seria necessário que um estado fosse terminado para abrir caminho para outro estado (que não é, na verdade, um estado)? Não há lógica sucessiva. Há verdade relativa, construída, e desconstruída em seguida: o aspecto de camadas de cebola. Mas vocês podem muito bem passar sem as camadas da cebola, para descobrir que não há nada: nem camadas, nem cebola.

Não faças do Absoluto um princípio de Realização, o que ele não é. Há senão, desde o instante em que o que lhes é conhecido, é refutado, que o Desconhecido estabeleceu-se. Isso não quer dizer, no entanto, que vocês deveriam percorrer o conjunto do conhecido, ou descobrir, neste conhecido, o que ainda não lhes é conhecido: isso seria interminável.

Sua consciência (quer ela seja do eu ou do Si) deve dirigir-se ao que cai no sentido, e o que é evidente em suas próprias manifestações da consciência, ou seja, o que já está construído. Não procurem agora, acrescentar outras construções. Caso contrário, vocês vão pensar, como tu o fazes, que é preciso conseguir alguma coisa, para ir a outro lugar, o que nunca foi dito.

Seja qual for o estágio de consciência, e o estado da tua consciência, fragmentária ou Unificada, não faz qualquer diferença. Eu diria mesmo que, quanto mais o tempo desta Terra transcorre, mais será fácil para aquele que não tem nenhum caminho espiritual, nenhuma investigação (espiritual ou de sentido), para viver o Absoluto, mais do que para aquele que construiu um Si sólido. Porque o Absoluto é o Abandono do Si, como o Abandono do eu.

Isso está bem além do Abandono à Luz, tendo permitido realizar o Si, para aqueles que o realizaram. A Liberação não tem o que fazer de estados anteriores.

No exemplo que eu tomei (um dos exemplos que eu tomei), há uma escada cujos degraus aparecem como e quando. Então vocês acreditam subir uma escada para ir a algum lugar, mas vocês não vão a nenhuma parte. Eu insisti, longamente, sobre esta noção de olhar e de ponto de vista.

Este ponto de vista e este olhar não têm nada a ver com os olhos: é uma iluminação da própria Consciência, uma iluminação do observador. Em que um observador teria necessidade de adentrar uma casa, para compreender que esta casa não serve para nada?

Jamais foi dito que havia uma sucessão de estados permitindo terminar, de alguma forma, no Absoluto. O Absoluto não é uma finalidade: é a Verdade Absoluta. Se isso não lhes convém, permaneçam no Si.

Eu nunca apresentei o Absoluto como uma finalidade. Se vocês fazem dele uma finalidade, vocês o tornam uma aspiração ou uma busca. Contentem-se, então, em deixar a Onda da Vida percorrer-vos, sem nada buscar, sem nada esperar, sem nada pedir. Porque se há espera, se há pedido, se há busca, isso não pode ter sucesso.

Só o que eu chamei a refutação pode levar ao Absoluto, mas este não é o fim. Somente quando vocês tiverem eliminado camadas ilusórias às ilusões que lhes são perceptíveis, que o Absoluto é revelado. Ele sempre esteve aí.

Entendam bem que é a sua visão e o seu ponto de vista que é responsável, quanto ao seu afastamento: o Absoluto nunca se mexeu, ele sempre esteve no centro. Vocês é que saíram do centro.

Vocês não são nem responsáveis nem culpados: não há nem responsável nem culpado. Há apenas um olhar diferente. Há apenas que reconhecer a sua ignorância. Há apenas que refutar o que é efêmero e o que lhes é perceptível.

A primeira das coisas que lhes é perceptível não está no fim do mundo: é o seu corpo. A segunda coisa que lhes é perceptível: é o seu mental. O terceiro elemento que vos é perceptível: são os seus apegos.

Vocês já têm o trabalho, que não é um trabalho, mas uma investigação. Conduzam a investigação sobre o que lhes é perceptível. Não lhes é pedido um discurso de teologia para saber se o CRISTO foi crucificado em tal lugar, ou em tal outro lugar: isso não os levará a estritamente nada, a não ser nutrir o mental, nutrir as crenças, nutrir as ideias. Vocês não são uma crença, vocês não são uma ideia, qualquer que seja.

Não há, portanto, aspiração possível ao Absoluto. Concebê-lo assim, é não afastar-se ainda mais. O Absoluto nunca será um estado.

Lembrem-se: não há passagem possível a partir de um ponto de apoio conhecido para o Desconhecido. Todos os pontos conhecidos não são passagens, mas obstáculos e resistências. Vocês não têm que lutar contra. Vocês têm apenas que ver e reconhecer essas resistências e esses obstáculos, não para compreender seu sentido ou a origem, mas o sentido primeiro, isto é: elementos limitantes e alterantes do que vocês São, em Verdade.

É desse ponto de vista aí (por assim dizer) que lhes é preciso (por assim dizer) partir, ou dar a partida, o que não pode ser, em nenhum caso uma busca, mas sim, como eu o nomeei, uma investigação. Esta investigação não é um jogo mental, mas é um jogo Divino, que vai permitir siderar, ou fazer racharem-se, as bases de funcionamento da personalidade e do Si. Aí está o único objetivo. Todo o resto (aspiração, desejo) seria apenas projeção.

O Absoluto não pode, em nenhum caso, ser uma projeção, um objetivo ou uma meta. É neste sentido que eu o nomeei o Último. Mas este Último não é a consequência do que vem antes, visto que este Último contém todo o resto. É um conjunto, contendo um subconjunto, uma multiplicidade de subconjuntos. Nenhum dos subconjuntos conhecidos conduz ao conjunto, é impossível.

O conhecimento das partes nunca lhes dará o Conhecimento do global e da Totalidade. Isso não funciona segundo um princípio aritmético.

Pergunta: o que me impede de perceber o Canal Mariano?
Tu mesmo. Tu não estás apagado. Não te sendo dado, o Duplo e seu Canal não pode aparecer-te.

O sacrifício do Si, ou o Abandono do Si (Crucificação e Ressurreição, se vocês preferirem esta terminologia) não pode se realizar enquanto existe uma veleidade, da pessoa ou do Si.

O Canal Mariano está presente em todo ser humano. Sua conscientização, se assim posso dizer, é possível apenas no momento em que a consciência não está mais focada no eu ou no Si.

O único obstáculo és tu mesmo, dentro do que tu acreditas ser, antes do que tu És
. Da mesma forma, que lhes foram explicitados alguns dos mecanismos da Onda da Vida, é o mesmo para o Canal Mariano. A aparição da Onda da Vida, a implantação de Onda da Vida, não tem o que fazer do eu, não tem o que fazer do Si. Há, precisamente, quando o eu e o Si apagam-se, que o Canal Mariano é constituído.

Isso quer dizer que vocês precisam desaparecer como pessoa, desaparecer como um indivíduo, tornarem-se Transparentes, no todo: e nada parar, nada reter, nada restringir, e não manifestar nenhuma vontade, são as condições indispensáveis para o surgimento consciente, na consciência, do Canal Mariano.

Foi dito que, no momento oportuno, o Canal Mariano estaria presente sobre o conjunto da Terra. O fato de que ele não esteja presente agora, além do que eu já expliquei, é tão significativo para vocês quanto o fato de entender que o seu tempo ainda não chegou. Mesmo se o tempo da Terra é chegado, e terminado, vocês não estão todos, eu diria, sincronizados e sintonizados sobre o mesmo tempo.

Não sintam nem culpabilidade, nem despeito, nem impaciência, nem espera, porque esta é a melhor maneira de retardar isso. Quando nós lhes dizemos para nada fazer e deixar fazer, é a estrita Verdade, em relação ao Absoluto (não em relação ao Si nem ao eu).

O Absoluto (e esta linguagem é metafórica) não ocorre, então, que ele já esteja aí, apenas desde o instante em que todo jogo de consciência, cessa. Desde que haja a menor vontade, existe uma forma de tensão, não satisfatória, para um objetivo.

O Absoluto não é um objetivo: ele já está aí. É apenas seu olhar que precisa mudar. Mas essa mudança não é um trabalho, nem uma ascese, nem nada: é um movimento do observador, que desaparece.

Como vocês querem que o observador desapareça se vocês observam permanentemente?

As premissas são, antes de tudo: a Dissolução e a Multilocalização, e a Fusão com o Duplo. Além disso, que não tem, não mais, que ser procurado (a Comunhão pode ser procurada, a Fusão poderá ser procurada), a Dissolução se estabelece de si mesma.

Pesquisá-la, fixa-a e a impede. Porque a Dissolução, como a Onda da Vida, nascerão, de maneira perceptível, apenas quando vocês estiverem prontos. Mas para estar pronto, não há nada a fazer, precisamente.

Tornem-se novamente como uma Criança: Simples, Humilde e Transparente, e Espontânea.
Estes Quatro elementos, ou Quatro Pilares, que lhes foram dados, são a chave (nota: as intervenções nas quais esses 4 Pilares foram apresentados estão indicadas em "Os 4 Pilares do Coração" - seção "Protocolos a praticar").

Como vocês querem ser Espontâneos quando vocês pesquisam alguma coisa? Como vocês querem ser Transparentes, visto que vocês não estão apagados?

Quando vocês interceptam um pensamento, quando vocês interceptam um desejo, quando vocês interceptam uma observação exterior, vocês se afastam. Do mesmo modo que o conhecimento afasta do Absoluto, nenhum conhecimento de todos os mistérios do Universo os tornará Livres: ele os escravizará.

Mas se a sua sede de experiências é tal, então, vivam suas experiências, não se ocupem do Absoluto. Mais uma vez, a pesquisa não é uma busca. O conhecimento, tal como vocês o aplicam neste mundo encarnado, é ignorância. Se vocês se libertam disso, o Absoluto está aí.

Não há alternativa, não há possibilidade. Vocês não podem aplicar os princípios do Si, ao Absoluto. Justamente, é exatamente o oposto.

Pergunta: o Absoluto é um estado que o mental não pode compreender, e eu giro em círculos. Quais são os obstáculos que me impedem de estar em estado de Absoluto?
Teu mental. Tu tens a resposta no próprio enunciado da tua questão.

O que gira em círculos, se não é o mental? Tu enuncias a resposta, e pões a pergunta após. Se tu apreendes isso, tu não podes ver senão o teu próprio mental, que gira em círculos.

Tu, tu não podes girar em círculo, uma vez que tu estás no centro, e tu És Absoluto. O que gira, é o mental, com uma força centrífuga. E quanto mais tu giras, mais tu te afastas. Basta parar de andar em círculos, para permanecer imóvel e tranquilo.

Visto que há questionamento, há um erro. E eu responderia como antes, o único obstáculo és tu mesmo, remetendo-te por aí mesmo aos quatro fundamentais, ou Quatro Pilares, nomeados: Humildade, Simplicidade, Transparência, Espontaneidade, (nota: ou Infância). Se tu aplicas isto, tu não podes girar em círculos.

O que gira em círculos é o eu, antes de tudo, e o Si, em certa medida, embora mais perto do centro. Porque tu buscas o Absoluto: tu não podes pegá-lo, ele já está aí.

Eu não estou te pedindo para compreender, nem para analisar, porque no momento em que tu apreenderes, tu verás minhas palavras como uma evidência, mas daí onde tu estás, tu não podes compreendê-las.

É preciso aceitar mudar de lugar, de ponto de vista, de olhar, sem fazer-se nenhuma pergunta. As perguntas dizem respeito a refutação, a investigação. Mas eu te repito que a resposta é precedente à questão que tu levantaste, e tu a deste tu mesmo.

O Absoluto, o centro, o Último, são revelados desde o instante em que todo o resto, sem exceção, é solto. O próprio fato de andar em círculos mostra que tu não soltaste, porque tu giras. Tu não estás imóvel, tu não estás sequer no lugar do observador, tu estás ainda interpretando a cena do teatro.

Posiciona-te, reposiciona-te, não gires mais. Tudo está aí e sempre esteve aí.

Pergunta: Eu vivo neste momento um paradoxo com a sensação de não estar nem aqui nem em outro lugar, mas de estar em nenhuma parte. De fato, eu não sei onde se situa a Consciência. O que está acontecendo?
Precisamente, nada acontece, e está muito bem e não é um paradoxo: é uma evidência.

Se a Consciência não está aqui, não está em outra parte é porque ela não está em nenhuma parte. Não estando em nenhuma parte, ela está às vezes em toda parte e ausente. Que melhor aproximação pode existir do Último? Resta apenas ultrapassar, aí também, o testemunho disso.

É precisamente no momento em que a Consciência não está mais localizada neste corpo, neste Si, que a Consciência parece dissolver-se, não estar nem aqui nem em outro lugar, em nenhum lugar e em qualquer lugar, que o Absoluto está aí.

Novamente, isto não é um paradoxo é uma evidência. Tu reconheces assim, por ti mesmo, a tua ignorância quanto à própria localização da tua Consciência. Não é a opacidade, é Transparência.

A Consciência não se apoia mais sobre um corpo, ela não se apoia em outro espaço, outro tempo, e no entanto pode-se dizer que ela está deslocalizada. Esta acompanha ou precede ou segue, a Dissolução.

Não sejas perturbado por tua própria Transparência. Tu deves aperceber-te que, nesse estado de não consciência ou de consciência deslocalizada, tu não podes mais apreciar uma densidade. Tu estás então em leveza.

O que tu chamas de paradoxo não é senão um desconforto que ainda não está estabelecido, de maneira firme. Eu te convido então, mais uma vez, a descansar. Deixe fazer o que se vive. Isto é, de alguma forma, o início da deslocalização e da multilocalização.

Resta apenas, não refutar isso, mas aceitá-lo, no todo, sem investir-te nisso, sem apegar-te a isso. Como tu o constatas, não o explica, mas vive-o.

Abandonar o Si, é doar-se a isso. Se tu te doas a isso, então o Absoluto está aí. Isto te dás uma aproximação do que eu chamei o Absoluto sem forma, mas como tua forma ainda está aí, o paradoxo está aí. Mas, o que te parece paradoxo, no que eu acabo de enunciar, vai se tornar, ele também, evidência.

Pergunta: Poderia desenvolver sobre:
​​viver a permanência do instante presente?
O instante presente participa do Si. Viver a permanência do Instante Presente é estar instalado no Si, no espelhamento espiritual da sua própria Luz projetada na tela da Consciência.

Viver a permanência do instante presente é desfrutar do Si, desfrutar dos Samadhis, mas isto não é Absoluto.

Muitos Irmãos e Irmãs se comprazem nele, e é perfeito, porque nunca se necessita julgar qualquer diligência que seja. Mas viver isso não levará jamais ao Absoluto e ainda menos na Liberação. É realizado um estado, e em outros lugares isso se chama o Despertar ou a Realização. E depois, o que há depois? Uma vez que o saco de comida se foi, uma vez que o saco de pensamentos não existe mais? O que resta para viver a permanência do momento presente? Nada mesmo.

Portanto, é ilusório e efêmero, mesmo que seja gratificante para o ego, para o bem-estar. Viver a permanência do instante presente é aceitar o efêmero. Um efêmero mais belo, mais bonito do que o efêmero do eu, mas isto continua um efêmero, mesmo permanente.

Qual é esta permanência? Ela está inscrita entre o nascimento e a morte, para o mais amplo. Mas antes, mas depois, onde está a permanência? Onde está o instante presente? Percebes que há, por trás dessa expressão, a satisfação de um ego espiritual e um impedimento de ir além.

Esta imobilidade não é o centro, esta permanência não é permanente, uma vez que ela é limitada pelo nascimento e morte. O que tu És, não é limitado, nem pelo nascimento nem pela morte.

É muito difícil para quem vive a permanência do instante presente, Liberar-se disso. É este espelhamento do Si, este espelhamento da Luz, que foi chamado a ilusão e conduz a todos os excessos, a todos os confinamentos. É permanecer espectador de um estado, observador de um estado. É desfrutar do efêmero, tomando-o por Eterno, mesmo se isso é muito satisfatório.

O "eu sou", afirmação da Presença, não é senão um golpe, embora indispensável para muitos. Realizar o "eu sou" não é estar Liberado, mas estar ainda mais confinado. Mas fiquem à vontade para afirmar o "eu sou" e parar por aí, porque para muitos esta é uma meta e uma aspiração, uma finalidade, um conjunto que está num subconjunto e que é considerado como um conjunto, no entanto. Este não é o centro, mesmo se a cintilação e o espelhamento da Luz podem preencher.

O objetivo não é ser preenchido. A finalidade (se é que eu posso usar essa palavra) não é ser preenchido, uma vez que a perfeição já está aí, desde sempre: é isso que tu És.

Instalar-se Aqui e Agora, no instante presente, realiza o Si, o estado de espelhamento em que a Luz é vista. Mas se a Luz é vista, ainda é porque ela é projetada. O Absoluto não é isso. Mas vocês devem aceitar, como eu o aceito sem qualquer problemática, que para muitos, isto é um objetivo e uma finalidade.




Mensagem de BIDI no site francês:
http://www.autresdimensions.com/article.php?produit=1471
03 de junho de 2012
(Publicado em 04 de junho de 2012)
Tradução para o português: Josiane Oliveira - http://fontedeunidade.blogspot.com.br/
http://minhamestria.blogspot.com/

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