Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.

Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.

Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.

Jalal al-Din Husain Rumi - Poema Sufi

Faltam-te pés para viajar?

Viaja dentro de ti mesmo,

E reflete, como a mina de rubis,

Os raios de sol para fora de ti.

A viagem conduzirá a teu ser,

transmutará teu pó em ouro puro.

Morgenstern?! Ao final do Blog!


terça-feira, 5 de junho de 2012

BIDI 2 (parte A) - 3 de junho de 2012 - AUTRES DIMENSIONS





Pergunta: pelo fato de eu ter praticado a meditação do 3º olho durante anos, será que a questão luciferiana está sintonizada em mim já que a Vibração do 3º olho às vezes persiste?

Eu lhe responderei simplesmente: não se coloque esse tipo de pergunta.

Quem é Lúcifer?

Quem é o diabo?

Quem é Deus?

Obstáculos no caminho, nada mais.

Não dê crédito a todas essas crenças, mesmo elas tendo um suporte verdadeiro, neste mundo.

Você não é deste mundo.

Colocar-se esta pergunta é recair na Dualidade e no medo do bem e do mal.

Quaisquer que sejam as Vibrações, as Vibrações concernem à Consciência já que a Consciência é Vibração.

Mas não o Absoluto, que não é nem Consciência, nem Vibração.

No Absoluto, não há olhos, nem 3º olho, nem 4º olho.

Há o Centro, o Coração, o Amor e nada mais.

E nenhum obstáculo (mesmo o diabo ou Lúcifer ou outro) pode impedir de ser o que você É, desde toda Eternidade.

Só o peso das crenças e do saco de pensamentos é um obstáculo e há apenas você que pode parar de nutri-lo.

Nenhuma montanha pode parar o Amor.

Nenhum mundo pode parar o Amor.

Nenhuma força pode parar o Amor.

Eles podem simplesmente dar a ilusão de parar.

É nesta ilusão de parar o Amor que o ser humano acredita.

Mas se você for além da crença e da Vibração, isso não tem qualquer peso, qualquer consistência e qualquer Verdade.

Tranquilize-se.

Pergunta: quando a minha consciência sente ser diluída no vazio, no infinito, ela se apavora e se retrai, interrompendo assim a sua diluição. O que devo refutar para superar esse andamento?
 
Neste curso, nada mais há a refutar.

Há apenas que continuar a ser um observador, até o momento em que o próprio observador, que observa a retração, desaparecer, ele também.

Nesse andamento, como você o nomeia, o teste da refutação não é utilizado.

Há ainda apenas alguém que observa a cena, que tem consciência de que há um teatro, mas que vai em breve sair.

Nada há a fazer para sair, apenas permanecer aí, permanecer tranquilo, fazer ainda o jogo do observador, até o momento em que o próprio observador desaparecer, sozinho.

Nada mais fazer, nada mais ser.

Deixar Ser e deixar como está.

Essas são as palavras mestre.

Porque, a partir do momento, nesse andamento aí, em que você aceita nada mais dirigir, nada mais observar, o observador desaparece por si só, assim que você sugerir que nada há a observar.

E então, nada faça.

Esse curso é lógico.

Ele precede a Dissolução.

Nós nos conectamos a uma pergunta anterior referente ao sentimento de ser uma outra pessoa, ou mais de uma pessoa, de alguma forma, o que é ainda melhor.

Isso foi denominado, por alguns místicos, no ocidente, ‘a noite escura da alma’.

Mas há ainda um observador que constata.

Portanto, limite-se a ver o que se desenrola e aceite não mais constatá-lo, tampouco, sem refutar.

E aí, você vai se aperceber de que a Dissolução da consciência ocorre e não haverá mais retratação.

A retração é devido ao próprio observador.

Vocês sabem, é claro, na física que vocês nomeiam física quântica de ponta, que o observador modifica o que é observado.

Portanto, enquanto houver observador, há modificação.

O observador deve desaparecer por si só.

Basta simplesmente não mais se interessar por ele, nem pela retração.

E tudo isso vai desaparecer.

Mas é uma fase normal.

Porque a retração o conduz ao Centro que é o centro de todos os centros e de todas as periferias.

Somente naquele momento todas as periferias, sem qualquer limite, são reveladas.

É a perda total do sentido de alguma identidade, de alguma pessoa, de alguma história, de alguma emoção, de algum saco, de comida como de pensamentos.

Eu diria que, talvez, o mais difícil, nesse curso aí, como você o nomeou, seja aceitar nada mais fazer, nada mais ser, nada mais observar, tampouco, mas sem agir, porque, quando há uma ação, há uma tensão e esta tensão afasta do Centro.

Esqueça-se e desapareça.

E você irá desaparecer, isso é inelutável.

E isso não está inscrito em um tempo ou em um espaço, mas está inscrito na Eternidade, porque você é a Eternidade.

A retração da alma, depois do Espírito, são os últimos solavancos do indivíduo.

Observe-os e deixe desaparecer a observação, sem desejá-lo, sem decretá-lo.

Observe, de algum modo, o desaparecimento do observador.

E, aí, não haverá mais de qualquer maneira que observar: você terá estabelecido o Absoluto.

Aliás, naqueles momentos em que você fala sobre o curso final, mesmo se houver retração da alma ou do Espírito, o observador percebe claramente que se instala algo muito mais amplo do que ele próprio.

É justamente o que está por trás do observador: Você.

Pergunta: apesar da sua maneira trovejante de entoar as suas respostas às perguntas, mantendo-se a intenção e a atenção, depois de alguns minutos o sono vence e até mesmo o som da sua voz desaparece, ao ler, ao escutar somente ou combinando os dois. O melhor é deixar assim?
 
Inteiramente, porque quanto menos você compreender, mais você ali está.

E quanto mais você cair no sono, mais você ali está, considerando que possa ali haver algo mais.

Porque, o que quer escutar e o que quer compreender, sem entender, é o quê?

O ego ou o Si.

Se o ego ou o Si se extinguirem, ou seja, se a consciência se extinguir, o que resta?

O Absoluto.

A um dado momento (que não depende de um tempo futuro, mas, sim, do lugar onde você se coloca), bem, o Absoluto será estabelecido no que você é.

Não há então, efetivamente, nada a empreender, nada a fazer, e nada a não fazer.

Apenas, aí também, deixar desenrolar-se o que se desenrola.

Isso prova que nós atravessamos, nesta conversa, largamente, a barreira da escuta, a barreira da compreensão, para penetrar sem dificuldade no que eu chamaria de entendimento.

Esta conversa já rola entre nós.

Você aceita nada mais manter, você não o compreende, mas você vive isso.

É então a Verdade além da experiência.

Não é, portanto, a via correta ou o caminho correto, mas a atitude correta e o local certo para olhar.

É, portanto, o ponto de vista correto.

Aquele que é justo porque ele escapa ao saco de pensamentos, do mesmo modo que você escapa ao saco de alimento e à própria consciência.

Você entra no entendimento, no sentido figurado, como no próprio.

O entendimento do som do Absoluto, da Morada da Paz Suprema.

É muito exatamente isso: o que você É.

Eu diria: não se mova mais, não faça mais nada, não seja mais nada.

Então, a Transparência está aí: você não para mais nada, você não existe mais no parecer e você desaparece, totalmente.

Então, aí, emerge o que você É: Isso.

Pergunta: eu tenho a impressão de ter voltado no tempo, involuntariamente, nos velhos esquemas de ação / reação, a personalidade e o ego onipresentes. Eu tenho então a impressão de não conseguir Ser. Como sair disso?
Não existe qualquer cenário de resolução aí onde se situa o que você vive.

Você constata, como você disse, a ação / reação, o jogo do ego, o jogo da duplicidade, da Dualidade.

Você não pode se servir da alavanca situada no mesmo nível para se extrair, porque disso que você queria se extrair vai se reforçar.

Isso é inelutável.

Porque a consciência, situada nesse nível, não lhe é de qualquer serventia para sair disso, porque qualquer solução trazida ao mesmo nível será apenas efêmera e transitória.

Porque tudo isso pertence ao mundo da ilusão.

Você ainda acredita ser uma pessoa que está lutando.

Você ainda acredita estar em um mundo que existe.

O seu ponto de vista está inserido na realidade que você vive, que não é a Verdade.

Esta realidade não pode ser de qualquer ajuda, ela é útil para agir na ação / reação.

Se você quebrar um braço, você pode fazer todas as orações do mundo, ele permanecerá quebrado: é preciso engessá-lo.

Isso não pode funcionar assim para sair do jogo do ego e da personalidade.

Você nada pode engessar, naquele nível.

Isso seria apenas uma correção passageira.

A solução está em outros lugares.

Não a remeta no mesmo tempo da ilusão, da ação / reação, mais saia deste espaço confinante da personalidade.

Aí também, há uma falha de ponto de vista, importante, que não é mais narcisismo, mas uma conveniência.

Uma conveniência para o efêmero, uma conveniência para o ego que quer resolver um problema quando ele não tem qualquer meio para isso.

É preciso então aceitar não querer resolver o que quer que seja, mas sair desta linearidade.

Coloque-se em outros lugares.

Não simplesmente mudando de ponto de vista, mas aceitando que você não é tudo o que representa.

Você ainda está no palco do teatro, querendo isso e querendo aquilo.

Você quer colocar um gesso.

Mude de ponto de vista.

Eleve-se.

Eu sequer lhe falo de Abandonar o Si, mas de se Abandonar à Luz.

Você é mais inteligente do que a Luz, você é?

Será que o seu ego é superior à Luz?

Será que o seu ego acredita que ele é o mestre da sua vida?

Se sim, então continue a sofrer, se não, eleve-se.

Não deixe o ego comandar.

Deixe a Luz entrar.

É isso, o Abandono à Luz, que irá permitir-lhe ir para o Si, antes de realizar o Abandono do Si.

Mas se você for corajoso, seja diretamente o que você É: esqueça tudo isso, não dê peso, veja o que o incomoda.

Eu não disse, assim, que é preciso fugir do que o incomoda, mas se eleve, torne-se mais leve, aí também.

Não fique atolado na oposição e na contradição, na ação / reação, porque toda ação provoca uma reação, e toda reação provoca outra ação.

E isso jamais tem fim, ao contrário da trapaça espiritual que quer fazê-los crer que o carma irá resolver o que quer que seja.

Não há carma.

O carma refere-se apenas à pessoa, não ao Si, e menos ainda ao Absoluto, se eu puder me exprimir assim.

Portanto, você se submete, você mesmo, à ação / reação, reagindo.

E quanto mais você reage, mais há outras ações aparecendo e mais isso o acorrenta, ao passo que você está buscando a Liberdade.

É então questão de sair da ação / reação.

Coloque-se sob a ação da Graça, ou seja, deixe a Luz fazer.

Deixe a Luz se ocupar de tudo.

Enquanto, você, você quiser se ocupar de alguma coisa, isso irá fracassar, é inelutável.

Em quem você confia?

No seu ego ou na Luz?

Onde você coloca o seu interesse: no ego ou na Luz?

É sua responsabilidade.

Você não pode manter a ação / reação e pedir para que a ação / reação cesse.

Seja lógico.

Eleve-se acima da ação / reação e você irá constatar, por si mesmo, que a reação não é mais sua, assim como a ação não é mais sua.

E que, realmente, naquele momento, é a Luz que age e não mais você.

Não é questão, tampouco, de pedir para a Luz agir, porque isso é ainda o ego que quer colocar a Luz aonde ele quer, mas não aí onde é preciso.

Como você pode saber o que é preciso, já que, irremediavelmente, você se mantém na ação / reação permanente e incessante?

Não há qualquer satisfação e qualquer apaziguamento aí dentro.

Isso está muito além da noção de confiança.

É realmente o Abandono.

É preciso que você se doe, você mesmo, à Luz.

E a Luz irá se doar a você.

Mas você não pode pedir à Luz o que você quer, porque o que você quer não é o que quer a Luz.

Você não tem qualquer meio de saber se há uma adequação entre os dois e, na maioria das vezes, há uma total inadequação.

Porque o que pede o ser humano é sempre formulado a partir do ego, e todo pedido formulado a partir do ego apenas faz reforçar o ego, a pessoa, a ação / reação.

Quando você se Abandona à Luz, você nada tem a pedir para ela.

Isso irá extraí-lo do palco do teatro e você irá se instalar confortavelmente na poltrona que assiste ao teatro.

Isso é uma etapa.

É preciso tornar-se consciente do fato de que pedir está sistematicamente inscrito na ordem da personalidade.

Por outro lado, pedir à Luz, é suficiente.

Não é conveniente pedir à Luz para fazer isso ou aquilo.

Vocês acreditam que ela tem necessidade dos seus conselhos, dos seus argumentos, dos seus limites, ou das suas crenças?

Vocês são Luz.

Mas se houver demanda de Luz (outra senão a demanda de Luz, sem adjetivo por trás), bem, é o ego que se expressa.

E a Luz jamais responde ao ego, contrariamente ao que vocês creem ou contrariamente ao que quiseram fazê-los crer as religiões.

Entregar-se à Luz é demitir-se do ego: é um ou outro.

Em caso algum isso pode ser os dois.

É disso que é preciso apreender-se.

Lembrem-se: o mundo não existe.

Tudo o que se projeta na tela da sua consciência (o mundo, o inimigo, assim como o amor) é apenas o reflexo do seu ser Interior, o reflexo dos seus próprios desejos inscritos na personalidade.

Se não houver mais personalidade agindo, não há mais desejo e a Luz trabalha.

E você se torna o que você É: Luz.

Nada pode atingi-los.

Somente o ego é atingido e ele o será todo o tempo, porque o ego é construído no medo e na falta.

O que você É não é o ego, nem o medo, nem a falta, mas é Amor, Luz e Absoluto.

Não existe qualquer solução para o sofrimento, na ilusão.

Não existe qualquer solução para o sofrimento, na personalidade.

O Si vai representar um sucedâneo de Paz, pondo fim ao sofrimento ou, em todo caso, à percepção da sua ilusão.

O Absoluto põe fim à própria percepção do sofrimento.

Eu poderia dizer de outra forma que, no Absoluto, mesmo se houver sofrimento do saco de comida, o sofrimento não faz mais sofrer.

E esse é o objetivo.

Enquanto houver ego, há atração para o sofrimento.

Enquanto houver o Si, há curativo.

Mas chega um momento, um espaço, em que tudo isso não pode mais atuar, em que tudo isso se extingue, porque isso não é mais alimentado nem pelo ego, nem pelo mundo, nem pela ação / reação.

Todos vocês sabem que, quando um sofrimento é extremo (seja uma perda, uma dor, ou qualquer evento extremamente traumatizante para o ego), o que acontece, na maioria dos casos?

Há um sentimento de irrealidade, uma saída do espaço-tempo linear: tudo parece se desenrolar em marcha lenta porque a consciência não está mais no ego, mas ela se extrai, de maneira temporária, do ego, e até mesmo do Si.

É, aí também, um outro vislumbre do Absoluto.

Essas experiências foram descritas por toda parte.

Se você realizar isso, você irá constatar que toda a sua vida, nesta ilusão, não poderá ser afetada pelo menor sofrimento.

Mas para isso, é preciso soltar, é preciso aceitar soltar.

Quem é o mestre a bordo?

E a bordo de quê?

Pergunta: será que viver a Onda do Éter é viver a Luz Vibral e a Onda da Vida, ao mesmo tempo?
Viver a Luz Vibral e a Onda da Vida, ao mesmo tempo, é o Absoluto, que resulta na não Vibração, na não consciência, na Morada da Paz Suprema.

É o momento em que não há mais pensamento, emoção, aflição, nem mesmo Alegria, mas um estado de tranquilidade total, sem mesmo ter necessidade de deixar esse saco de comida ou esse saco de pensamento.

Porque há uma desidentificação total, real e completa, desse saco de comida e desse saco de pensamentos.

É isso o Absoluto.

Pergunta: a vida me mostra, atualmente, de maneira física, que as comportas estão fechadas, que há uma dificuldade de pôr para funcionar, ao passo que a Fluidez sempre esteve presente anteriormente. Eu não chego a apreender a profundeza.

A Fluidez da Unidade é o reflexo e a manifestação do estabelecimento do Si.

Quando as comportas estão fechadas, quando a Vibração se faz mais discreta ou ausente, quando a Fluidez desaparece, sem, no entanto, ser substituída por resistências, mas simplesmente, como você disse isso, pela parada das comportas que estão fechadas: um fluxo, que estava aí, não está mais aí, é um sinal muito bom.

É a retração da alma e do Espírito, que conduz ao Absoluto.

Há apenas que abandonar, totalmente, o Si.

O que irá permitir compreender que o que você nomeia sua vida, é apenas uma ilusão.

É parando de nutrir a ilusão, mesmo pela suspensão da Fluidez da Unidade, que chega a Morada da Paz Suprema.

Considerando que eu possa empregar a palavra chegar, porque não há continuidade.

O que você vive, como em uma pergunta anterior, é exatamente a mesma coisa: você mantém um bom curso.

Se você se Abandonar totalmente a isso, o Absoluto está aí e você É Isso.

Não se interrogue mais sobre o sentido do que você vive, do que vive a sua vida, mas se interrogue sobre a Essência do que acontece.

Você sai do Si no não Si que, ele, não se opõe ao Si.

E acontece o Absoluto.

Não procure restabelecer o que quer que seja do passado, mas se instale, de maneira mais lúcida, no que o que você denomina sua vida, dê-se a experimentar.

É a prova de que o Absoluto está aí.

O Absoluto apenas pode existir no Abandono do Si.

É muito exatamente o papel que você desempenha: observar e testemunhar sobre isso.

Nada procure restabelecer, mas, muito mais, estabelecer-se no que É, desde toda Eternidade.

A partir deste momento, você não se colocará mais a questão da Fluidez, porque isso será evidente.

Tudo não será mais simplesmente Fluido e fácil, mas você estará bem fora de tudo isso, deixando então a vida desenrolar-se, sem ali interferir, no que você É.

Dessa maneira morre o ilusório, dessa maneira morre o efêmero, antes da sua hora, deixando o lugar para o espaço do Absoluto.

Vocês são cada vez mais numerosos (e vocês o serão cada vez mais) a ser, de algum modo, confrontados com isso.

Coisa à qual o ego vai querer concerni-los, fazendo-os crer que isso é absurdo.

Não o escutem.

Se, para ele, é absurdo, isso é bom.

Pergunta: por que eu tenho a impressão de estar aguardando, como se me faltasse algo para passar, para bascular, no Desconhecido, no Absoluto?
Eu chamo a sua atenção para o fato de que esta pergunta é um contrassenso.

Porque, se você tiver a impressão de que falta algo para bascular no Desconhecido e no Absoluto, nenhum elemento do que lhe é conhecido (ou cognoscível) pode permitir-lhe ir para o Absoluto.

E nada pode faltar ao Absoluto, nem ao limitado.

Existe, simplesmente (e isso de maneira geral, que não é específico de você), o que foi nomeado (nas perguntas anteriores): a Última Retração, seja da alma, seja do Espírito, que recusam render as armas e capitular.

Deste modo, você não tem que procurar o que falta porque nada falta.

Você não tem que experimentar uma impressão de espera (porque a espera o coloca no tempo ou na busca), mas aceitar que isso seja assim, isto é: ser, cada vez mais, o observador disso, sem se colocar questões, sem nada refutar (aí onde você está) e aguardar, pacientemente (sem nada esperar porque irá desaparecer por si só), que o observador se dissolva.

Portanto, não se coloque a pergunta do porque, nem do que quer que seja que poderia faltar, mas, simplesmente, deixe desenrolar-se esta espera.

Mas você não é esse que espera.

Você é o que observa.

Isso é profundamente diferente.

A partir deste momento, o contrassenso poderá desaparecer por si só.

Porque você não irá buscar um sentido ou uma resposta, mas, sim, você irá constatar, por si mesmo, o que se desenrola.

E o que se desenrola não pede, nem questão, nem interrogação, mas, simplesmente, uma lucidez, aí também.

Observar, ir além, aceitar superar aquele que experimenta e que observa.

É, já, de algum modo, ir levantar, sem procurá-lo, o que está por trás de tudo o que se joga.

Se você aceitar isso (permanecer tranquilo, nada procurar: nem resposta, nem falta), então, tudo vai chegar.

Não há sequer que mudar de ponto de vista.

Há apenas que observar esse ponto de vista e deixar como está.

Aí também, nós conectamos esse último curso do Abandono do Si.

O Abandono do Si (como o Abandono à Luz) não é uma ação da vontade, nem uma decisão do ego, mas sim, o que eu chamaria de capitulação do ego e de capitulação do Si onde nenhuma ação é necessária, onde nenhuma decisão é indispensável.

Simplesmente, observar o que irá pôr fim, seguramente (daí onde você está), ao próprio observador.

Você irá constatar, aliás, que, assim que o porquê cessar, assim que a espera cessar, tudo está aí.

Isso acontece, sempre, dessa maneira.

Foi dito (por alguns Anciãos) que a espera e a esperança não eram a mesma coisa.

Eu lhes digo, quanto a mim, que a espera e a esperança devem cessar, agora, tanto uma como a outra.

Porque não há mais tempo, em todos os sentidos do termo.

O Tempo está consumado, os Tempos terminaram, portanto, vocês saem do tempo para entrar no Espaço.

E não busquem, tampouco, embarcações.

São vocês a Embarcação.


Mesmo se, é claro, existem circunstâncias específicas e particulares em que o que vocês denominam embarcações exógenas devendo intervir, mas isso não lhes diz respeito.

Ocupem-se da sua Embarcação.

Porque vocês São uma Embarcação.

É isso que acontece.

Pergunta: originalmente, mais mental do que no corpo, às vezes, o desejo sexual me leva. Então, com a minha escolha do Absoluto e tudo isso, eu estou confuso.
Você não pode desejar o Absoluto já que você o É.

Lembre-se: o Absoluto contém tudo, mesmo a ilusão.

Por que você quer excluir o que quer que seja do Absoluto?

Você apresenta as coisas como se fosse um ou outro.

Quem disse isso, senão a sua própria cabeça?

Em nome de quê?

Deixe esse corpo viver o que ele tem a viver ou então, corte o que excede.

Mas isso não fará desaparecer o que quer que seja.

É você mesmo que se corta de si próprio, colocando uma oposição aí onde não existe, uma contradição aí onde não existe.

O que vive esse corpo, o que vive esse mental, não se refere ao que você É.

Seja o que você É, além do Si e, depois, você irá olhar o que acontece, nesse corpo como nesse mental.

Mas não faça o inverso: isso é colocar a carroça na frente dos bois.

Você não pode se preocupar com o Absoluto.

Isso não é uma busca.

Isso não é uma Realização.

Isso é uma Liberação.

Mas colocar a questão da liberação traz de volta o que você acreditava ter liberado.

Mas quem disse que é preciso estar liberado desse corpo para viver a Liberação?

Você não é esse corpo.

Você não é, tampouco, o que excede.

Não há qualquer conflito (ou qualquer contradição) senão em você.

Será que o Absoluto me impediu de ter filhos?

Nós não estamos em uma religião castradora.

Faça o que a vida lhe pede.

Esse corpo lhe pede coisas.

Esse mental lhe pede coisas.

Você é isso?

Você se identifica a isso?

Enquanto você der peso a uma contradição, enquanto você atribuir, ao desejo, virtudes opostas ao Absoluto, você mantém, você mesmo, a sua própria Dualidade.

Deixe o Absoluto ser o que você É, e eu diria: o resto irá se seguir.

Coloque os bois e a carroça irá se seguir.

No outro sentido, isso não funciona.

Não há Passagem do ego (ou do Si) ao Absoluto.

Por outro lado, assim que o Absoluto for o que você É, as Passagens se fazem sem interrupção e sem descontinuidade.

Mas não coloque a carroça na frente dos bois: deixe a ordem das coisas se estabelecer sozinha.

Senão, você pode criar não importa qual crença: que se você usar bigode, você não pode ser Absoluto, porque não.

Mas isso permanece no domínio das crenças.

Não há qualquer verdade, por trás disso, mesmo relativa.

São apenas suposições.

Deixe estabelecer o que você É (Absoluto) e o resto você verá por si mesmo (mas não do ponto de vista do ego ou do Si).

Porque não é preciso confundir o desejo e a necessidade, o desejo e a falta.

A expressão de um desejo do corpo, de um desejo do mental, é o Absoluto.

Isso não é contraditório (nem oposto), mas há uma ordem: a carroça ou os bois.

Mude, aí também, de posição.

Não emita julgamento.

Não emita suposição.

Porque o ego vai lhe propor obstáculos.

Para você, isso pode ser o que você chama de desejo sexual e, aliás, ele chega a fazê-lo crer que porque há um desejo, o Absoluto não pode estar presente (o que é, evidentemente, absolutamente falso).

Você se deixa cair na armadilha do seu próprio ego que o submete a uma equação com uma impossibilidade.

Seja Absoluto e, depois, você verá o que acontece.

Isso não terá qualquer espécie de importância.

Pergunta: desde a minha infância, eu experimentei vários lutos de pessoas pelas quais eu tinha muita afeição e eu não senti qualquer emoção. Isso era tranquilo em mim. Há três semanas, a minha irmã mais velha me disse que ela tinha um câncer muito grave e, quatro dias depois, aconteceu um outro grande problema. Desde então, eu sinto, quase que permanentemente, sentimentos de tristeza, desamparo, medo, traição. Eu não sou absolutamente chegado a refutar. Como se tudo que eu acreditava integrado tivesse desaparecido. Você pode me ajudar nesta etapa?
A vida do ego vai lhe apresentar várias vezes o mesmo prato.

E os pratos serão cada vez mais difíceis de digerir.

O que acreditava ter superado, um belo dia, não está mais superado.

Isso é a visão do ego, na linearidade do ego.

No que isso implica?

Em não mais se colocar no ego.

Porque, aí, o que se manifesta (como você o disse), é a culpa, a síndrome do salvador que não pode salvar, que se encontra de pés e mãos atados.

Porque vive uma injustiça e, portanto, uma tristeza.

Não é unicamente a perda que é considerada, mas, sim, isso.

Isso significa que havia, bem escondido, no Si, restos do ego típico de responsabilidade, típico de salvador.

O Absoluto não tem o que fazer disso.

O que você chama de experiências, em meio ao Si, é, de fato, uma escadaria (ou uma avenida) que lhe foi aberta para você se desembaraçar de tudo isso.

Lembre-se: é sempre uma questão de ponto de vista, mesmo sem falar do Absoluto.

O que você poderia denominar uma perda, em um primeiro momento, descobre-se (em um outro momento) um ganho inestimável, em outro nível.

O que a lagarta chama de morte, a borboleta chama de nascimento.

Qual ponto de vista você adota: aquele do ego (que o lembra sobre a ordem), aquele do Si?

Ou você decide deixar os dois, além de toda noção de aflição ou de paz?

Porque a Morada da Paz Suprema não é a tranquilidade do Si.

É isso que vem lembrar a você o que você denomina sua vida.

Isso o leva a esclarecer e a iluminar algumas ligações, alguns apegos, na noção de família.

Porque o que a sua irmã (ou você) chama de morte, o seu Absoluto chama de Liberdade.

Aí também, onde você se coloca: você está contente por esta alma e este Espírito que encontram o Absoluto muito em breve, ou você sofre por uma perda ou uma responsabilidade, uma culpa?

A questão está somente aí.

É a isso que o submete a sua vida, o seu ego que estava escondido na sombra do Si.

Relevar um desafio não é tornar-se potente em relação a um acontecimento, não é negá-lo, mas integrá-lo.

Porque todo acontecimento da vida (que você possa me descrever, qualquer que seja) pertence apenas à ilusão.

Portanto, você se recoloca, por si mesmo, na ilusão, mostrando a você, dessa maneira, ao que você está apegado.

Você não pode estar apegado e Liberado.

É um ou outro.

E esses acontecimentos colocam-no frente a isso.

Você permanece apegado ou não?

Vá além dos acontecimentos, além dos afetos, além dos choques.

Coloque-se a questão da significação, profunda e real.

Você está apegado?

Ou você está Liberado?

É um ou outro.

O ego irá escolher, sempre, o apego, a culpa.

O Absoluto é Liberdade.

Cabe a você ver.

Pedir ajuda mostra, também, a culpa.

Como eu poderia fornecer ajuda ao que não existe: a sua pessoa?

Qual peso você dá à sua pessoa, aos seus apegos?

É preciso desconectar, na totalidade, todos os circuitos, mesmo o mais considerável.

É um ou outro.

E, mais do que nunca (para você como para todos), isso poderá ser cada vez menos um ou outro.

Os Tempos terminaram.

A hora do Espaço chegou.

O Absoluto está aí.

É isso o que vocês São: de todo tempo, de todo espaço e de toda Eternidade.

Então, é um ou outro.

Vocês não podem levar seus desgostos.

Vocês não podem levar seus apegos.

Vocês não podem levar seus sofrimentos.

Vocês não podem levar o que excede.

Será que vocês compreendem?



Mensagem de BIDI no site francês:
http://www.autresdimensions.com/article.php?produit=1471
03 de junho de 2012
(Publicado em 04 de junho de 2012)
Tradução para o português: Zulma Peixinho
http://portaldosanjos.ning.com
http://minhamestria.blogspot.com/

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