O amor não é seletivo, assim como a luz do sol não é
seletiva. Não torna ninguém especial. Não é exclusivo. A exclusividade não tem
a ver com o amor de Deus, mas com o “amor” do ego. Entretanto, a
intensidade do amor pode variar.
Pode haver uma pessoa que atue como um espelho do amor
que você dirige a ela e que o devolva de modo mais claro e mais intenso do que
outras e, se essa pessoa sente o mesmo em relação a você, pode-se dizer que as
duas têm um relacionamento amoroso.
O vínculo que liga as duas pessoas é o mesmo vínculo
que nos liga à pessoa sentada ao nosso lado no ônibus, ou a um pássaro, a uma
árvore, a uma flor. Só o que diferencia é o grau de intensidade com que o
sentimos. Mesmo em um relacionamento tido como viciado, podem existir momentos
em que alguma coisa mais real se destaca, algo além das necessidades doentias
do casal.
São momentos em que a sua mente e a do outro cedem por
um curto período e o sofrimento do corpo fica, temporariamente, adormecido.
Isso pode acontecer durante uma relação física mais intensa, ou quando o casal
está presenciando o milagre do nascimento de uma criança, ou na presença da
morte, ou quando um dos dois está seriamente doente, ou qualquer coisa que faça
a mente perder a força.
Nessas ocasiões, o Ser, normalmente escondido debaixo
da mente, se revela e torna possível o verdadeiro entendimento.
O verdadeiro entendimento é uma comunhão, a realização
da unidade, que é o amor. Normalmente, esse entendimento desaparece
rapidamente. Tão logo a mente e a identificação da mente reaparecem, deixamos
de ser quem somos e voltamos a brincar e a representar para satisfazer as
necessidades do ego.
Voltamos, de novo, a ser uma mente humana, fingindo
ser um ser humano, interagindo com outra mente, representando um drama chamado
“amor”.
Embora possa haver curtos lampejos, o amor não
consegue florescer, a menos que estejamos permanentemente livres da
identificação com a mente e que a presença seja bastante intensa para dissolver
o sofrimento do corpo. Assim, o sofrimento não consegue nos dominar e destruir
o amor.
Fonte: http://essenciauna.com.br/eckhart-tolle/amor-ego-eckhart-tolle/
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