Nota: É o tempo de se REVELAR, quem São em Verdade, sem máscaras, SEM HISTÓRIAS DA CAROCHINHA que já não vão funcionar mais, NEM SEGURAR NADA MAIS, SEM SONHOS dentro de um aquário, para reencontrar o AMOR e o INDIZÍVEL que sempre esteve no Coração do coração! ;)
Bem, BIDI está com vocês. Eu os saúdo e nós prosseguiremos, se vocês bem
quiserem, nossas discussões. Então, eu escuto o que vocês têm a submeter-me, a
perguntar.
Questão: sendo Absoluto sem forma, em a-consciência, como vocês podem comunicar-se conosco através desse canal?
Isso eu já disse: é um princípio que corresponde a qualquer coisa que poderia se parecer com o que vocês poderiam chamar, daí onde vocês estão, de um mecanismo de ultra-temporalidade.
Existem conexões possíveis que desviam, de algum modo, a curvatura espaço-tempo, e que permitem escapar à Ilusão da pessoa, sempre tendo sido uma pessoa, comunicando-se desde este espaço-tempo particular, neste tempo.
A problemática é que tu consideras, como sempre, que a linearidade é inexorável, que a localização (no seio de uma pessoa, de um sujeito) é inexorável. Isso concerne somente à consciência, seja ela limitada, separada ou Unificada. Tu tentas te reapresentar mecanismos de funcionamento que não são correntes, além de um certo limite, sendo este limite assimilável à Infinita Presença.
Logo, não há nem linearidade, nem localização; nenhum mecanismo (no sentido em que tu gostarias de ouvir) concernindo à possibilidade de um Absoluto sem forma (e, pois, além de toda pessoa e de toda identificação), de se expressar no seio do limitado. Mas, o Absoluto está muito além do ser, está muito além do não-ser.
O Absoluto contém tanto a FONTE quanto a a-consciência, limitada ou não limitada, a manifestação e a não manifestação. Em meio ao Absoluto, o tempo, o espaço, a linearidade, não existem. Somente a percepção de tua própria consciência te limita nas possibilidades, tanto de compreensão quanto de experiência desse mecanismo.
Mas, não se trata de uma entidade existente, em algum lugar, em meio a um espaço ou a uma Dimensão, que vem se exprimir para além das pessoas, de um indivíduo a outro. Isso não funciona assim.
Questão: quando estamos nos braços do Pai, com o Amor do Pai, para onde ir?
Tu já viste os braços do Pai? Qual forma de representação pode existir através dessas palavras, se não a existência de uma limitação? Deter-se nos braços do Pai, deter-se na Fusão na Luz, é ainda um ato da consciência e um estado da consciência.
O Absoluto não toma conhecimento disso. Bem evidentemente, tu és livre para repousar no que tu concebes ou nomeias “os braços do Pai”. O que é o Pai e o que os braços do Pai fazem a esse respeito, se não é uma crença ou uma metáfora expressa por teu cérebro; se se trata de um sujeito, mostre-me. Se se trata de um objeto ou de uma parte desse sujeito, descreve-me.
Tu serás bem incapaz disso, demonstrando-te, por isso mesmo, que o que tu chamas os braços do Pai é: seja um ideal, seja uma sensação, seja uma percepção, mas, necessariamente, limitada. Tu subentendes, assim, que há um objetivo a atingir, separado e exterior a ti, chamado o Pai. Mostre-me-lo. Descreve-me-lo.
Questão: estar nos braços do Pai pode ser o Filho, mas isso depende, então, da Dualidade.
Mas, o Absoluto não tem nada a ver com a Dualidade, nem com a Unidade. O Pai e o Filho são dois, eles têm necessidade de um terceiro termo para, novamente, ser Um. Onde está o terceiro termo, descreve-me-lo. Tu o viste?
Questão: o terceiro termo é o Amor.
O Amor é o que subentende a manifestação. Toda manifestação é um ato de Amor. Toda manifestação é uma separação. Considerar que há um Pai, um Filho, o Amor, uma identidade ou uma Fusão entre o Pai e o Filho pelo Amor, é uma Fusão com a FONTE.
Isto pode confinar à auto-observação da beatitude, reencontrada no último Samadhi. Mas, em nada isso é Absoluto. Enquanto existe uma vontade de sensação, de representação, de identificação, de personalização; não há Absoluto mesmo se isso é um ideal.
Enquanto existe a separação, mesmo subentendida pelo Amor, há a manifestação em um tempo ou espaço determinado. O que eu quero destacar é que é extremamente perigoso dar nomeações não vividas por si mesmo, mas que representam de algum modo, um ideal projetado. Enquanto existe uma identificação de um Pai, de uma FONTE, há uma distância.
A distância vem da identificação com tua pessoa, projetando um ideal sobre uma outra pessoa que tem, para ti, carga emocional ou protetora. Enquanto esse gênero de passo não é cessado (pelo questionamento, pela refutação), há uma aceitação, por convenção, de expressões desse gênero. Então, que tu o chames o Pai, Brahma, Vishnu, qualquer que seja a apelação, desde que haja a apelação, há a ideação, projeção, separação.
O Absoluto não é, de maneira nenhuma, concernido por esses jogos de manifestação, pois é, justamente, no estado de a-consciência (quando não existe mais manifestação de mundo, de identidade, de representação, de ideal, de objetivo), que tu És Absoluto.
Agora, é claro, cada um de vocês é livre para se contemplar no seio de uma forma, de aderir a uma outra forma ou a um outro ideal. Mas, enquanto isso existe, o Absoluto não pode ser ou não ser. O Absoluto não é isso.
Questão: vertigens ligadas à Onda da Vida mostram sua subida ao Bindu?
Quem afirmou isso? A vertigem, qualquer que seja ela, não pode em caso algum ser um testemunho confiável da subida da Onda da Vida, porque, quando a Onda da Vida (ou o néctar dos Deuses) está instalada, em totalidade, a consciência não pode mais ser identificada a qualquer corpo que seja.
Quaisquer que sejam os sintomas, as manifestações (e pode haver múltiplas), o Absoluto não é concernido por isso. A vertigem não é testemunho da Onda da Vida. O único testemunho confiável é que quando a Onda da Vida se elevou e atravessou o conjunto dos sacos (de comida quanto do mental), então, a consciência torna-se primeiro Livre, em Última Presença ou em Estado de Ser, e em seguida ela se estabelece, além de todos os sacos, além de todos os mundos e de todas as Dimensões, lá onde nada pode ser dito.
Mas, qualquer que seja o sintoma concernente alguma parte do saco, o Absoluto em nada é concernido por isso. Como vocês já experimentaram, existem numerosas manifestações que são a resultante de um encontro entre o que é limitado e confinado, o saco mental e o saco de comida, com (se posso dizer assim) uma parte de vocês que não é limitada. Deste encontro resulta o que foi chamado a Consciência-Vibração, ou a Luz Vibral.
Mas, há ainda, neste momento, uma distância entre a Luz Vibral e vocês, porque, justamente, vocês a percebem. A percepção está ligada, justamente, à presença dos dois: do encontro entre o saco ilusório (comida e mental) e o saco que serve de veículo, segundo uma Dimensão dada. A reapropriação do “Eu Sou”, liga a consciência ilimitada à consciência limitada. Mas, nenhuma dessas duas consciências é Absoluta.
Nenhum sintoma (concernente à consciência ou ao saco de comida ou mental) não é concernido pelo Absoluto. O Absoluto com forma é um mecanismo além de tudo o que pode ser descrito. Aquele que está no Absoluto não tem necessidade de nada, porque ele está lá, além de todo ser e de todo não-ser.
Questão: pode-se ter conjuntamente uma subida da Onda da Vida e uma descida do Manto Azul da Graça?
Isso é bem possível. Muitas manifestações, ligadas à Luz Vibral podem impactar o saco de comida e o saco mental. O conjunto do que lhes foi descrito (em particular pelos Anciões e pelas Estrelas) pode encontrar-se ativo, em tempos sucessivos ou no mesmo tempo, seguindo o olho da consciência.
Esses testemunhos, inscritos no saco de comida e no saco mental, são marcadores, mas enquanto vocês conservarem esses marcadores, o Absoluto não pode ser estabelecido.
Questão: qual é a diferença entre o Corpo de Estado de Ser e o Corpo Etérico?
O Corpo Etérico é a primeira estrutura sutil, ilusória, ultrapassando o saco de comida. Este Etérico é amputado, uma vez que ele não tem a consciência e a capacidade para ir além de certos limites.
O Corpo de Estado de Ser é uma forma plástica, móvel, não identificável, não fixada no seio de uma forma precisa, que serve de veículo no conjunto dos estratos intermediários, nomeados Dimensões.
A interação desta forma móvel com o Corpo Etérico traduz, de algum modo, uma junção entre dois níveis ilusórios de realidade. O Absoluto, guardadas as devidas proporções, poderia representar, de algum modo, um suporte não limitado e não limitante das formas plásticas e móveis de todas as Dimensões.
Questão: quando se sente um buraco negro no chacra do Coração, em todo o peito, é preciso refutá-lo ou entregar-se?
Seria necessário primeiro, que tu me dissesse o que tu chamas de buraco negro. Qual é a tua percepção, tua representação?
Questão: um turbilhão, um pouco como os buracos negros das estrelas.
Tu já estiveste lá? O Absoluto não pode ser definido por nenhuma percepção. Toda percepção pertence a uma experiência. Existe, de todo modo, espaços mais localizados que podem ser preliminares à passagem a esse não-estado, que não é uma passagem que é o Absoluto.
Esses diferentes testemunhos, não do estado Absoluto, mas que podem indicar uma forma de preparação a este estado além de todo estado, podem ser representados por uma percepção (esta percepção concerne ao Coração, aos dedos dos pés, às costas em todas as suas partes), mas, como eu já disse, tudo isso é apenas espetáculo.
Enquanto tu permaneces na observação (mesmo dos mecanismos os mais sutis), acompanhada mesmo da Alegria a mais intensa, há a percepção, há a manifestação e o Absoluto não pode Ser. Porque, uma vez que haja percepção e observação, é preciso que haja um observador. Se há um observador, é porque há ainda um teatro.
É o observador que deve desaparecer, também. Então, que isso seja um buraco negro, que isso seja um Fogo, que isso seja uma Luz; qualquer que seja a percepção, ela pode ser, certamente, o testemunho indireto de um sentido de um caminho, de uma direção, mas enquanto houver um caminho ou direção, o Absoluto não está lá, enquanto que ele sempre esteve lá.
O único obstáculo será sempre a pessoa, em seu confinamento, em suas limitações, ou ainda nos mecanismos da Supraconsciência ou Supramental. Tudo isso é apenas agitações, fazendo crer à própria consciência que ela se dirige para um objetivo.
O Absoluto não é um objetivo. Ele É o que vocês São, que nunca se moveu, que está presente inteiramente e em todo centro, que nunca se manifestou, que nunca se identificou, nem mesmo projetou. O único obstáculo ao Absoluto é vocês mesmos, através da identidade, através da projeção, através do ideal.
Enquanto a pessoa acredita ter qualquer coisa, ela é um obstáculo ao Absoluto. Lembrem-se: tudo que vocês possuírem, possui vocês. E eu não falo de laços e interações, eu falo da própria consciência de vocês.
Questão: eu tenho a impressão que o buraco negro deve levar ao ponto zero.
Mas, tudo isso são apenas conceitos. Isso são ideias, projeções. Mesmo se isso fosse justo e perfeitamente justo, segundo teu ponto de vista, a problemática não é de ter visto justo ou não justo, mas de cessar de ver. Esquecer-se. Desaparecer. Se tu queres conhecer o Tudo, então, seja Nada.
Enquanto existe a expressão de uma representação mental, que tu chames isso o tempo zero ou que tu me dês a equação, não mudará nada. Somente o Absoluto muda o Tudo. E Ser Absoluto só pode estar presente se tu desapareces. Desde que haja a observação, descrição, comparação, tu podes estar certo que isso é apenas o mental. Porque a vivência do Absoluto não se farta de nenhuma descrição e não pode ser descrita.
Toda justificativa, toda imagem, toda percepção é apenas um obstáculo ao que tu És. Eu te convido a reler o que concerne ao teatro. Toda representação mental, toda identificação, toda analogia (seja ela a mais adequada e a mais justificada) é apenas, e representará sempre e definitivamente, um obstáculo ao que tu És.
Tenta apreender que é sempre o jogo da consciência. Que isso seja na observação de uma paisagem, que isso seja na vivência da paisagem, no nível Vibratório, tudo isso representa apenas projeções, exteriorizações, seja na consciência limitada ou na ilimitada. Não é jamais uma sucessão de experiências, uma sucessão de observações.
Não é jamais o fato de acreditar percorrer um caminho que libera do caminho. Somente o “eu Sou”, somente o “eu Sou Um” pode ser uma preliminar. Mas, a preliminar não é nem indispensável, nem obrigatória, nem o testemunho de uma qualquer progressão. Isso pode, quando muito, representar uma impulsão para ir mais longe, uma vez que não há mais longe, ou seja, cessar de ver um caminho e de crer que há um caminho qualquer.
A evolução só concerne ao indivíduo e à personalidade, mas jamais a personalidade encontrará saída, enquanto ela existir.
Questão: na ilustração da peça de teatro, onde se situam a alma e o Espírito?
A personalidade é a que atua sobre o palco. A alma seria o observador que se crê o destinatário do que é observado, e de um princípio alterado de uma qualquer evolução, de um qualquer melhoramento.
O Espírito é o conjunto do teatro. O Absoluto é o momento em que não há mais o teatro. Enquanto tu acreditas ser tributário, dependente de uma alma, tu estás confinado. Enquanto existe um observador, há uma infinidade de experiências que não podem jamais ter fim.
Ora, enquanto a experiência não acaba, o Absoluto não pode ser vivenciado, nem visto. A alma é uma intermediária. O Espírito é um veículo. Tudo isso é somente efêmero. Enquanto houver a vontade (ou ideia) concernindo um corpo, uma alma e um Espírito, haverá a limitação.
A consciência, ligada à observação, é sempre tributária de uma condição. Enquanto há uma condição, não há Absoluto.
Questão: qual é a relação entre Espírito e Última Presença?
Do mesmo modo que a alma pode estar voltada para a matéria, para a materialidade ou para o Espírito; do mesmo modo o Espírito pode estar voltado (mesmo se a palavra não é adaptada), orientado, para a alma ou orientado para as primícias do Absoluto.
Quando da orientação para as primícias do Absoluto, isso é a Infinita Presença ou a Última Presença. A Presença (ou o “eu Sou”, assim como o “eu Sou Um”) traduz, de algum modo, a reunificação das três partes distintas e ilusórias: corpo, alma, Espírito.
Questão: a Dissolução é o Ser Tudo, Nada, ou os dois ao mesmo tempo?
Tudo depende do ponto de vista onde tu te colocas, daí onde tu estás, inscrito em uma forma, em uma consciência. É preciso ser Nada para Ser Tudo: Nada, aqui, insignificante no sentido, não uma desvalorização, mas de uma clara consciência da Ilusão e do efêmero.
A Dissolução, de teu ponto de vista e de onde tu estás, é necessariamente o fato de não ser Nada. Tu és Nada desde o instante em que tu rejeitaste, como desprovido de senso, tudo o que é ilusório, tudo o que somente passa. Um pensamento passa. Tu não és teus pensamentos. Tua própria vida passa. Tu não és tua vida.
Assim, pois, o mecanismo da Dissolução é bem mais que a ausência de separação (como isso foi vivenciado na Fusão), mas, bem mais, um mecanismo que eu qualificaria de aceitação, pós-refutação, da ilusão.
É ter, realmente, mudado de ponto de vista para ver, realmente, as coisas além dos sentidos, além das ideias e dos pensamentos, para o que elas são verdadeiramente. Daqui onde estou, de meu ponto de vista, eu posso ser qualquer forma, qualquer Dimensão, qualquer identificação, como ausência total de identificação ou de identidade.
Mas, não existe nenhum meio para tua consciência, como para teu cérebro, de tentar compreender o que isso é, ou de imaginar uma mecanismo qualquer que (conduzindo o princípio do questionamento, da investigação, da refutação) permita ver claramente.
Desde o instante em que tu viste claramente, o sentido de uma identidade em uma pessoa se ameniza até desaparecer.
Questão: em um estado meditativo, ouvir a consciência como que dizer: “aí, eu estou perdida”, a que isso pode corresponder?
À consciência que o diz. Quando a consciência não pode mais observar, o que é que lhe resta: admitir-se perdida. Não há nem despertar, nem pensamentos, nem sono, nem corpo, nem mundo.
Isso significa que está em vias de se estabelecer o centro de todo Centro, presente inteiramente. Isso é justamente o que precede a a-consciência, o não-ser. O ser está ligado à percepção, ao senso de uma identidade. Desde que a consciência se diz perdida, ela não tem mais elemento para se localizar ou se identificar. Atrás disso, se eu posso dizer assim, está o Absoluto.
CONTINUA COM A PARTE 2
Mensagem de BIDI PARTE 1 no site francês:
http://www.autresdimensions.com/article.php?produit=1624
29 de setembro de 2012
(Publicado em 30 de setembro de 2012)
Tradução para o português: Dionéia Lages
http://minhamestria.blogspot.com/
Questão: sendo Absoluto sem forma, em a-consciência, como vocês podem comunicar-se conosco através desse canal?
Isso eu já disse: é um princípio que corresponde a qualquer coisa que poderia se parecer com o que vocês poderiam chamar, daí onde vocês estão, de um mecanismo de ultra-temporalidade.
Existem conexões possíveis que desviam, de algum modo, a curvatura espaço-tempo, e que permitem escapar à Ilusão da pessoa, sempre tendo sido uma pessoa, comunicando-se desde este espaço-tempo particular, neste tempo.
A problemática é que tu consideras, como sempre, que a linearidade é inexorável, que a localização (no seio de uma pessoa, de um sujeito) é inexorável. Isso concerne somente à consciência, seja ela limitada, separada ou Unificada. Tu tentas te reapresentar mecanismos de funcionamento que não são correntes, além de um certo limite, sendo este limite assimilável à Infinita Presença.
Logo, não há nem linearidade, nem localização; nenhum mecanismo (no sentido em que tu gostarias de ouvir) concernindo à possibilidade de um Absoluto sem forma (e, pois, além de toda pessoa e de toda identificação), de se expressar no seio do limitado. Mas, o Absoluto está muito além do ser, está muito além do não-ser.
O Absoluto contém tanto a FONTE quanto a a-consciência, limitada ou não limitada, a manifestação e a não manifestação. Em meio ao Absoluto, o tempo, o espaço, a linearidade, não existem. Somente a percepção de tua própria consciência te limita nas possibilidades, tanto de compreensão quanto de experiência desse mecanismo.
Mas, não se trata de uma entidade existente, em algum lugar, em meio a um espaço ou a uma Dimensão, que vem se exprimir para além das pessoas, de um indivíduo a outro. Isso não funciona assim.
Questão: quando estamos nos braços do Pai, com o Amor do Pai, para onde ir?
Tu já viste os braços do Pai? Qual forma de representação pode existir através dessas palavras, se não a existência de uma limitação? Deter-se nos braços do Pai, deter-se na Fusão na Luz, é ainda um ato da consciência e um estado da consciência.
O Absoluto não toma conhecimento disso. Bem evidentemente, tu és livre para repousar no que tu concebes ou nomeias “os braços do Pai”. O que é o Pai e o que os braços do Pai fazem a esse respeito, se não é uma crença ou uma metáfora expressa por teu cérebro; se se trata de um sujeito, mostre-me. Se se trata de um objeto ou de uma parte desse sujeito, descreve-me.
Tu serás bem incapaz disso, demonstrando-te, por isso mesmo, que o que tu chamas os braços do Pai é: seja um ideal, seja uma sensação, seja uma percepção, mas, necessariamente, limitada. Tu subentendes, assim, que há um objetivo a atingir, separado e exterior a ti, chamado o Pai. Mostre-me-lo. Descreve-me-lo.
Questão: estar nos braços do Pai pode ser o Filho, mas isso depende, então, da Dualidade.
Mas, o Absoluto não tem nada a ver com a Dualidade, nem com a Unidade. O Pai e o Filho são dois, eles têm necessidade de um terceiro termo para, novamente, ser Um. Onde está o terceiro termo, descreve-me-lo. Tu o viste?
Questão: o terceiro termo é o Amor.
O Amor é o que subentende a manifestação. Toda manifestação é um ato de Amor. Toda manifestação é uma separação. Considerar que há um Pai, um Filho, o Amor, uma identidade ou uma Fusão entre o Pai e o Filho pelo Amor, é uma Fusão com a FONTE.
Isto pode confinar à auto-observação da beatitude, reencontrada no último Samadhi. Mas, em nada isso é Absoluto. Enquanto existe uma vontade de sensação, de representação, de identificação, de personalização; não há Absoluto mesmo se isso é um ideal.
Enquanto existe a separação, mesmo subentendida pelo Amor, há a manifestação em um tempo ou espaço determinado. O que eu quero destacar é que é extremamente perigoso dar nomeações não vividas por si mesmo, mas que representam de algum modo, um ideal projetado. Enquanto existe uma identificação de um Pai, de uma FONTE, há uma distância.
A distância vem da identificação com tua pessoa, projetando um ideal sobre uma outra pessoa que tem, para ti, carga emocional ou protetora. Enquanto esse gênero de passo não é cessado (pelo questionamento, pela refutação), há uma aceitação, por convenção, de expressões desse gênero. Então, que tu o chames o Pai, Brahma, Vishnu, qualquer que seja a apelação, desde que haja a apelação, há a ideação, projeção, separação.
O Absoluto não é, de maneira nenhuma, concernido por esses jogos de manifestação, pois é, justamente, no estado de a-consciência (quando não existe mais manifestação de mundo, de identidade, de representação, de ideal, de objetivo), que tu És Absoluto.
Agora, é claro, cada um de vocês é livre para se contemplar no seio de uma forma, de aderir a uma outra forma ou a um outro ideal. Mas, enquanto isso existe, o Absoluto não pode ser ou não ser. O Absoluto não é isso.
Questão: vertigens ligadas à Onda da Vida mostram sua subida ao Bindu?
Quem afirmou isso? A vertigem, qualquer que seja ela, não pode em caso algum ser um testemunho confiável da subida da Onda da Vida, porque, quando a Onda da Vida (ou o néctar dos Deuses) está instalada, em totalidade, a consciência não pode mais ser identificada a qualquer corpo que seja.
Quaisquer que sejam os sintomas, as manifestações (e pode haver múltiplas), o Absoluto não é concernido por isso. A vertigem não é testemunho da Onda da Vida. O único testemunho confiável é que quando a Onda da Vida se elevou e atravessou o conjunto dos sacos (de comida quanto do mental), então, a consciência torna-se primeiro Livre, em Última Presença ou em Estado de Ser, e em seguida ela se estabelece, além de todos os sacos, além de todos os mundos e de todas as Dimensões, lá onde nada pode ser dito.
Mas, qualquer que seja o sintoma concernente alguma parte do saco, o Absoluto em nada é concernido por isso. Como vocês já experimentaram, existem numerosas manifestações que são a resultante de um encontro entre o que é limitado e confinado, o saco mental e o saco de comida, com (se posso dizer assim) uma parte de vocês que não é limitada. Deste encontro resulta o que foi chamado a Consciência-Vibração, ou a Luz Vibral.
Mas, há ainda, neste momento, uma distância entre a Luz Vibral e vocês, porque, justamente, vocês a percebem. A percepção está ligada, justamente, à presença dos dois: do encontro entre o saco ilusório (comida e mental) e o saco que serve de veículo, segundo uma Dimensão dada. A reapropriação do “Eu Sou”, liga a consciência ilimitada à consciência limitada. Mas, nenhuma dessas duas consciências é Absoluta.
Nenhum sintoma (concernente à consciência ou ao saco de comida ou mental) não é concernido pelo Absoluto. O Absoluto com forma é um mecanismo além de tudo o que pode ser descrito. Aquele que está no Absoluto não tem necessidade de nada, porque ele está lá, além de todo ser e de todo não-ser.
Questão: pode-se ter conjuntamente uma subida da Onda da Vida e uma descida do Manto Azul da Graça?
Isso é bem possível. Muitas manifestações, ligadas à Luz Vibral podem impactar o saco de comida e o saco mental. O conjunto do que lhes foi descrito (em particular pelos Anciões e pelas Estrelas) pode encontrar-se ativo, em tempos sucessivos ou no mesmo tempo, seguindo o olho da consciência.
Esses testemunhos, inscritos no saco de comida e no saco mental, são marcadores, mas enquanto vocês conservarem esses marcadores, o Absoluto não pode ser estabelecido.
Questão: qual é a diferença entre o Corpo de Estado de Ser e o Corpo Etérico?
O Corpo Etérico é a primeira estrutura sutil, ilusória, ultrapassando o saco de comida. Este Etérico é amputado, uma vez que ele não tem a consciência e a capacidade para ir além de certos limites.
O Corpo de Estado de Ser é uma forma plástica, móvel, não identificável, não fixada no seio de uma forma precisa, que serve de veículo no conjunto dos estratos intermediários, nomeados Dimensões.
A interação desta forma móvel com o Corpo Etérico traduz, de algum modo, uma junção entre dois níveis ilusórios de realidade. O Absoluto, guardadas as devidas proporções, poderia representar, de algum modo, um suporte não limitado e não limitante das formas plásticas e móveis de todas as Dimensões.
Questão: quando se sente um buraco negro no chacra do Coração, em todo o peito, é preciso refutá-lo ou entregar-se?
Seria necessário primeiro, que tu me dissesse o que tu chamas de buraco negro. Qual é a tua percepção, tua representação?
Questão: um turbilhão, um pouco como os buracos negros das estrelas.
Tu já estiveste lá? O Absoluto não pode ser definido por nenhuma percepção. Toda percepção pertence a uma experiência. Existe, de todo modo, espaços mais localizados que podem ser preliminares à passagem a esse não-estado, que não é uma passagem que é o Absoluto.
Esses diferentes testemunhos, não do estado Absoluto, mas que podem indicar uma forma de preparação a este estado além de todo estado, podem ser representados por uma percepção (esta percepção concerne ao Coração, aos dedos dos pés, às costas em todas as suas partes), mas, como eu já disse, tudo isso é apenas espetáculo.
Enquanto tu permaneces na observação (mesmo dos mecanismos os mais sutis), acompanhada mesmo da Alegria a mais intensa, há a percepção, há a manifestação e o Absoluto não pode Ser. Porque, uma vez que haja percepção e observação, é preciso que haja um observador. Se há um observador, é porque há ainda um teatro.
É o observador que deve desaparecer, também. Então, que isso seja um buraco negro, que isso seja um Fogo, que isso seja uma Luz; qualquer que seja a percepção, ela pode ser, certamente, o testemunho indireto de um sentido de um caminho, de uma direção, mas enquanto houver um caminho ou direção, o Absoluto não está lá, enquanto que ele sempre esteve lá.
O único obstáculo será sempre a pessoa, em seu confinamento, em suas limitações, ou ainda nos mecanismos da Supraconsciência ou Supramental. Tudo isso é apenas agitações, fazendo crer à própria consciência que ela se dirige para um objetivo.
O Absoluto não é um objetivo. Ele É o que vocês São, que nunca se moveu, que está presente inteiramente e em todo centro, que nunca se manifestou, que nunca se identificou, nem mesmo projetou. O único obstáculo ao Absoluto é vocês mesmos, através da identidade, através da projeção, através do ideal.
Enquanto a pessoa acredita ter qualquer coisa, ela é um obstáculo ao Absoluto. Lembrem-se: tudo que vocês possuírem, possui vocês. E eu não falo de laços e interações, eu falo da própria consciência de vocês.
Questão: eu tenho a impressão que o buraco negro deve levar ao ponto zero.
Mas, tudo isso são apenas conceitos. Isso são ideias, projeções. Mesmo se isso fosse justo e perfeitamente justo, segundo teu ponto de vista, a problemática não é de ter visto justo ou não justo, mas de cessar de ver. Esquecer-se. Desaparecer. Se tu queres conhecer o Tudo, então, seja Nada.
Enquanto existe a expressão de uma representação mental, que tu chames isso o tempo zero ou que tu me dês a equação, não mudará nada. Somente o Absoluto muda o Tudo. E Ser Absoluto só pode estar presente se tu desapareces. Desde que haja a observação, descrição, comparação, tu podes estar certo que isso é apenas o mental. Porque a vivência do Absoluto não se farta de nenhuma descrição e não pode ser descrita.
Toda justificativa, toda imagem, toda percepção é apenas um obstáculo ao que tu És. Eu te convido a reler o que concerne ao teatro. Toda representação mental, toda identificação, toda analogia (seja ela a mais adequada e a mais justificada) é apenas, e representará sempre e definitivamente, um obstáculo ao que tu És.
Tenta apreender que é sempre o jogo da consciência. Que isso seja na observação de uma paisagem, que isso seja na vivência da paisagem, no nível Vibratório, tudo isso representa apenas projeções, exteriorizações, seja na consciência limitada ou na ilimitada. Não é jamais uma sucessão de experiências, uma sucessão de observações.
Não é jamais o fato de acreditar percorrer um caminho que libera do caminho. Somente o “eu Sou”, somente o “eu Sou Um” pode ser uma preliminar. Mas, a preliminar não é nem indispensável, nem obrigatória, nem o testemunho de uma qualquer progressão. Isso pode, quando muito, representar uma impulsão para ir mais longe, uma vez que não há mais longe, ou seja, cessar de ver um caminho e de crer que há um caminho qualquer.
A evolução só concerne ao indivíduo e à personalidade, mas jamais a personalidade encontrará saída, enquanto ela existir.
Questão: na ilustração da peça de teatro, onde se situam a alma e o Espírito?
A personalidade é a que atua sobre o palco. A alma seria o observador que se crê o destinatário do que é observado, e de um princípio alterado de uma qualquer evolução, de um qualquer melhoramento.
O Espírito é o conjunto do teatro. O Absoluto é o momento em que não há mais o teatro. Enquanto tu acreditas ser tributário, dependente de uma alma, tu estás confinado. Enquanto existe um observador, há uma infinidade de experiências que não podem jamais ter fim.
Ora, enquanto a experiência não acaba, o Absoluto não pode ser vivenciado, nem visto. A alma é uma intermediária. O Espírito é um veículo. Tudo isso é somente efêmero. Enquanto houver a vontade (ou ideia) concernindo um corpo, uma alma e um Espírito, haverá a limitação.
A consciência, ligada à observação, é sempre tributária de uma condição. Enquanto há uma condição, não há Absoluto.
Questão: qual é a relação entre Espírito e Última Presença?
Do mesmo modo que a alma pode estar voltada para a matéria, para a materialidade ou para o Espírito; do mesmo modo o Espírito pode estar voltado (mesmo se a palavra não é adaptada), orientado, para a alma ou orientado para as primícias do Absoluto.
Quando da orientação para as primícias do Absoluto, isso é a Infinita Presença ou a Última Presença. A Presença (ou o “eu Sou”, assim como o “eu Sou Um”) traduz, de algum modo, a reunificação das três partes distintas e ilusórias: corpo, alma, Espírito.
Questão: a Dissolução é o Ser Tudo, Nada, ou os dois ao mesmo tempo?
Tudo depende do ponto de vista onde tu te colocas, daí onde tu estás, inscrito em uma forma, em uma consciência. É preciso ser Nada para Ser Tudo: Nada, aqui, insignificante no sentido, não uma desvalorização, mas de uma clara consciência da Ilusão e do efêmero.
A Dissolução, de teu ponto de vista e de onde tu estás, é necessariamente o fato de não ser Nada. Tu és Nada desde o instante em que tu rejeitaste, como desprovido de senso, tudo o que é ilusório, tudo o que somente passa. Um pensamento passa. Tu não és teus pensamentos. Tua própria vida passa. Tu não és tua vida.
Assim, pois, o mecanismo da Dissolução é bem mais que a ausência de separação (como isso foi vivenciado na Fusão), mas, bem mais, um mecanismo que eu qualificaria de aceitação, pós-refutação, da ilusão.
É ter, realmente, mudado de ponto de vista para ver, realmente, as coisas além dos sentidos, além das ideias e dos pensamentos, para o que elas são verdadeiramente. Daqui onde estou, de meu ponto de vista, eu posso ser qualquer forma, qualquer Dimensão, qualquer identificação, como ausência total de identificação ou de identidade.
Mas, não existe nenhum meio para tua consciência, como para teu cérebro, de tentar compreender o que isso é, ou de imaginar uma mecanismo qualquer que (conduzindo o princípio do questionamento, da investigação, da refutação) permita ver claramente.
Desde o instante em que tu viste claramente, o sentido de uma identidade em uma pessoa se ameniza até desaparecer.
Questão: em um estado meditativo, ouvir a consciência como que dizer: “aí, eu estou perdida”, a que isso pode corresponder?
À consciência que o diz. Quando a consciência não pode mais observar, o que é que lhe resta: admitir-se perdida. Não há nem despertar, nem pensamentos, nem sono, nem corpo, nem mundo.
Isso significa que está em vias de se estabelecer o centro de todo Centro, presente inteiramente. Isso é justamente o que precede a a-consciência, o não-ser. O ser está ligado à percepção, ao senso de uma identidade. Desde que a consciência se diz perdida, ela não tem mais elemento para se localizar ou se identificar. Atrás disso, se eu posso dizer assim, está o Absoluto.
CONTINUA COM A PARTE 2
Mensagem de BIDI PARTE 1 no site francês:
http://www.autresdimensions.com/article.php?produit=1624
29 de setembro de 2012
(Publicado em 30 de setembro de 2012)
Tradução para o português: Dionéia Lages
http://minhamestria.blogspot.com/
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